Inspeção não encontrou falhas em Brumadinho, diz empresa alemã Tuv Sud


Esta reportagem é da Reuters, assinada pelos jornalistas Ernest Scheyder em Houston e Christoph Steitz em Frankfurt.

Vale a pena ler tudo:

Uma barragem da Vale que entrou em colapso na sexta-feira, matando pelo menos 34 pessoas e deixando centenas desaparecidas, não mostrou falhas estruturais quando foi inspecionada em setembro passado, disse neste sábado a empresa alemã que realizou a inspeção.

O número de mortes na barragens de rejeitos que se rompeu na sexta-feira, na mina de minério de ferro Córrego do Feijão, em Brumadinho, região metropolitana de Belo Horizonte (MG), deverá aumentar devido ao alto número de desaparecidos, no pior desastre de mineração do país desde 2015.

A TUV SUD, com sede na Alemanha, informou neste sábado que inspecionou a barragem de rejeitos em setembro e concluiu que ela estava operando bem.

“Com base em nosso estado atual de conhecimento, nenhum dano foi encontrado”, disse um porta-voz da companhia. “Apoiaremos totalmente a investigação e disponibilizaremos todos os documentos exigidos pelas autoridades investigadoras.”

A empresa não deu mais detalhes.

A TUV SUD faz parte da família de empresas TUV, que realiza uma série de inspeções industriais, incluindo dutos, barragens de rejeitos e até implantes mamários. No entanto, cada entidade TUV tem uma estrutura de propriedade complexa.

Em 2010, a TUV SUD foi suspensa por um comitê de mudança climática da Organização das Nações Unidas por não seguir os procedimentos e por dar “uma opinião de validação positiva a alguns projetos, mesmo que tivesse preocupações”.

A causa da ruptura da barragem de Córrego do Feijão não é conhecida. O diretor-presidente da Vale, Fabio Schvartsman, disse que a barragem estava sendo descomissionada e que uma leitura de monitores mostrou que estava tudo normal em 10 de janeiro.

Rejeitos são os detritos líquidos ou sólidos que sobram do processo de mineração. Ouro, cobre, minério de ferro e outros minerais são separados dos elementos da rocha base após serem removidos da terra.

Essa mistura pegajosa de rejeitos remanescentes é muitas vezes tóxica e é armazenada em reservatórios próximos mantidos por barragens que são elevadas quanto mais tempo a mina opera. Mas essas barragens de rejeitos, algumas das quais estão entre as maiores estruturas do mundo, são suscetíveis à erosão.

A Agência Nacional de Mineração do Brasil já ordenou que a Vale suspenda as operações no local de Córrego do Feijão. A Justiça de MG bloqueou 5 bilhões de reais da Vale a pedido do Ministério Público estadual e outro 1 bilhão de reais a pedido do Estado.

Um comentário:

  1. Tenho feito críticas fortes ao incidente de Brumadinho. Ainda acho que é necessário investigar com pente fino as causas, e punir todos os eventuais responsáveis, tanto da fiscalização quanto da empresa proprietária da barragem.
    Com essa nova informação deste artigo, faço mais uma pergunta: O QUE PODE TER ACONTECIDO APÓS A INSPEÇÃO FEITA EM SETEMBRO?
    Alguém já lançou a hipótese de atentado terrorista. Para tanto teria de ser utilizado algum explosivo, e haveria sinais, alguém teria ouvido, acho improvável.
    Se a fiscalização atestou não haver falhas em setembro, há que analisar as causas (mais prováveis):
    1 . Havia falhas e a empresa que atestou o contrário é co-responsável;
    2 . Não havia falhas em setembro, e o acidente foi causado por
    a) ações não previstas no projeto, tais como excesso de depósitos;
    b) erro no projeto, a partir da altura onde começou a ruptura.

    Enquanto isso, aponto a causa principal: a não punição do "acidente" anterior, a não indenização das vítimas do desastre de 2015, a falta de fiscalização e prevenção dos futuros "acidentes", dado ser mais barato para as empresas de mineração pagar multas do que investir em segurança.
    Se houver punições severas e possibilidade de perda de liberdade e amputação de recursos, os próprios sócios das empresas exigirão segurança.

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