Artigo, Claudia Woellner Pereira - Haja luz

Em um dos textos de Renato Sant’Ana, articulista frequente deste blog, deparei-me com a citação da fala de Benedita da Silva em evento realizado na Universidade de Brasília em 2017.

Confesso que não tomei conhecimento do fato à época em que se deu, mas, instigada pelo conteúdo da declaração, fui procurar saber. Assisti ao vídeo em que Benedita da Silva, entre outros, fala a universitários, justificando e fomentando a violência como forma de promover mudança política e social.

O que havia na fala dela que vale ocupar-se novamente da questão?

Sem derramamento de sangue não há salvação, lançou ela sobre jovens universitários que, sedentos como todos os brasileiros pelo exercício honesto da política e por justiça, inflamaram-se e responderam com aplausos. Naquele momento. Não temos como mensurar o que fizeram e andam fazendo os estudantes incendiados pela vontade de ser agentes de transformação.

Benedita menciona a Bíblia como fonte. De fato, está lá para qualquer um que queira ver. No livro aos Hebreus, capítulo 9, serão encontradas tais palavras, ipsis litteris dependendo da versão. 

Qual ser humano, podemos pensar, não terá feito uso da palavra de outrem para, em uma nova situação, criar estranhamento e produzir impacto em seu interlocutor?

Indispensável, contudo, refrescar a memória de Benedita ou de qualquer outro desavisado que a Bíblia também traz no livro de Deuteronômio, capítulo 4, versículo 2, a seguinte advertência: Nada acrescentareis à palavra que vos mando, nem diminuireis dela (...).

A falta grave cometida por Benedita, assim como fazem com frequência os seus colegas de partido, é tomar verdades, distorcê-las e ajustá-las aos seus fins ideológicos.

O capítulo 9 de Hebreus discorre, da perspectiva cristã, sobre a centralidade da pessoa e do papel de Jesus Cristo como redentor da humanidade. Não se trata do sacrifício ou do sangue de qualquer pessoa boa ou má, daqueles que se constituem adversários, opositores, de uma determinada visão de mundo ou projeto ideológico. Trata-se do sacrifício do próprio Jesus Cristo - para os cristãos, o Filho de Deus enviado ao mundo como caminho de redenção. Trata-se do sangue dEle, que, de acordo com a fé cristã, já foi derramado com a Sua morte na cruz. 

Tomar um fundamento de fé e atribuir-lhe um sentido completamente diferente e perigoso deveria ser considerado, no mínimo, ato de má fé.

É perturbador verificar que tudo é possível para aqueles que cancelam a transcendência e não têm qualquer pudor ou temor em tocar aquilo que é sagrado para a sociedade ou um grupo que faz parte dela.

A mesma estratégia de distorção de intenções e fatos foram ou estão sendo empregados no caso do Bispo Dom Antônio Carlos R Keller no Rio Grande do Sul, nos ataques a igrejas em Curitiba e muito recentemente no Chile. Não são coincidências. São articulações deliberadas com finalidade premeditada.

Conhecedores e praticantes das verdades bíblicas deveriam estar mais atentos para contribuir em trazer luz e discernimento à sociedade.

 

Cláudia Woellner Pereira, tradutora e redatora

 


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