O Governo demorou para encontrar o caminho da reação, mas
o trabalho que realiza contra a Operação Lava Jato é hoje visível: corte de
verbas da Polícia Federal, intensa mobilização de jornalistas aliados,
especialmente nas redes virtuais, mas não exclusivamente nela, contra
delegados, promotores e o juiz Sérgio Moro (só no dia 7, esta coluna recebeu,
de apenas um dos profissionais engajados, quatro ataques pesados ao juiz e à PF
- num deles, fala-se em "quadrilha Moro"), tentativas de vitimizar os
inocentes pixulequeiros presos em Curitiba.
Diante do risco de abafamento das investigações, há quem
diga que documentação sobre o escândalo acabou em mãos dos equivalentes
americanos à PF e ao Ministério Público. As investigações dos EUA tocam em dois
temas: primeiro, o envolvimento de cidadãos, sistema financeiro e empresas dos
EUA no Petrolão (lá é crime); segundo, o processo que investidores em títulos
da Petrobras na Bolsa de Nova York movem contra a empresa, pedindo reposição
das perdas que tiveram com a redução dos lucros causada pela pixulecagem e a
consequente diminuição do valor dos papeis em seu poder. É coisa grande, de
algumas dezenas de bilhões de dólares. Até um acordo giraria em torno de cifras
monumentais.
É o xeque-mate na tentativa de abafar as investigações:
lá não há como bloqueá-las. Como provou o caso Marin, se houve uso de empresas
americanas nas manobras, eles investigam e divulgam tudo. E, como no caso das
Mãos Limpas, na Itália, o farol que orienta Moro, se a justiça for feita sua
missão está cumprida.
Esquentando
Não esqueça: Lula depôs cinco horas na Polícia Federal.
Quem diria que isso poderia acontecer? A Polícia Federal encontrou no celular
de Léo Pinheiro, chefão da empreiteira OAS, troca de mensagens com Jaques
Wagner, hoje chefe da Casa Civil, sobre liberação de pagamentos no Ministério
dos Transportes. O Supremo autorizou a quebra dos sigilos do presidente da
Câmara, Eduardo Cunha, de sua esposa e de sua filha.