Correio Braziliense - Dívida/PIB de 82%

A presidente Dilma Rousseff vai terminar o governo com uma dívida pública equivalente a 82% do Produto Interno Bruto (PIB), apostam especialistas. Isso significa que não haverá superavit primário — economia para pagar os juros da dívida — em nenhum dos quatro anos do segundo mandato.

Na opinião do especialista em contas públicas Mansueto Almeida, a relação dívida/PIB deve chegar a 79% em 2017 e atingirá 82% em 2018. “Minha projeção é otimista. Tem gente que acha que vai a 90% do PIB. Há seis meses, nem o analista mais pessimista achava que chegaria a 70% em 2018. Do jeito que as coisas vão, alcançará 74% este ano”, alertou.

Conforme Mansueto, a meta do governo, de 0,5% de superavit, é impossível. “No ano passado, houve um corte grande nos gastos. É muito difícil reduzir este ano. Isso significa que teremos deficit mais alguns anos”, assinalou. O especialista ressaltou que o Orçamento aprovado, com crescimento de receita de R$ 190 bilhões, em um ano de recessão, é absurdo. “Os dados preliminares de janeiro são ruins e só não foram piores porque houve receita extra de R$ 11 bilhões de concessão das hidrelétricas. Deve haver queda de 5%”, estimou, lembrando que parte das despesas do ano passado ficou para 2016.

Para Rafael Bistafa, economista da Rosenberg Associados, o endividamento do setor público seguirá em alta nos próximos anos. Para ele, o governo apresentará um rombo fiscal de R$ 75 bilhões em 2016, equivalente a 1,2% do PIB. Esse resultado se somará às despesas com juros e ao deficit nominal de 7,5% da geração de riquezas no Brasil. Com isso, a dívida bruta chegará a 73% do PIB. Bistafa detalhou que o resultado será inferior ao observado em 2015 porque não haverá necessidade de quitar pedaladas fiscais.

Para 2017, a Rosenberg estima que a dívida bruta corresponderá a 77% da geração de riquezas no país e em 2018 a 77%. O economista alertou que com Nelson Barbosa ocupando o cargo de ministro da Fazenda há uma tendência de afrouxamento no rigor do controle dos gastos públicos, o que pode desfavorecer o busca pelo equilíbrio fiscal. “Estamos em uma trajetória explosiva e, sem reformas estruturais, não será possível mudar essa rota do endividamento público. E a tendência é de que esses números piorem se nada for feito”, alertou.


Para o economista José Luis Oreiro, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a economia em recessão e os juros em alta afetam o endividamento público. Para ele, permanecer em uma situação de dívida crescente por dois ou três anos não seria preocupante se as sinalizações de que essa trajetória seria revertida a médio prazo se tornassem uma realidade. “O problema é que, nesse momento, não há qualquer perspectiva nesse sentido e isso pode nos levar para um caminho sem volta”, alertou.

Análise, Paulo Rabello de Castro - Governo protela medidas de responsabilidade fiscal

Findo o Carnaval, quando o mercado ainda imaginava ouvir de Brasília alguma medida de contenção da despesa pública, eis que a presidente surpreendeu os mais crentes ao anunciar novo adiamento de qualquer ação concreta na seara dos gastos. Medidas teriam ficado “para março”. O governo afirma querer estudar melhor um “regime de bandas” para o chamado superávit primário, que consistiria em pedir ao Congresso aprovação antecipada para fazer menos economia fiscal (ou até incorrer em algum déficit primário, ou seja, nenhuma economia para pagar juros) caso a arrecadação não se comporte conforme uma expectativa preestabelecida. O ministro anterior, Joaquim Levy, se insurgia contra esta proposta, então vinda da área do “planejamento” no ano passado, por considerar um mau recado ao mercado a tal banda flexível para uma meta fiscal tão relevante. No momento, a meta do superávit está fixada na LDO de 2016 em apenas 0,5% do PIB (R$30 bilhões), para fazer frente a um gasto estimado com juros em torno de R$530 bilhões. A diferença entre a economia prevista e a necessidade de recursos para cobrir os juros de 2016 é um oceano..  Dai as previsões do mercado de que a dívida bruta seguirá crescendo explosivamente na direção de 80% do PIB. Juros não pagos com economia viram mais dívida.

O regime de bandas não faz sentido quando o déficit nominal é brutal (cerca de 10% do PIB) com juros cavalares a serem pagos. Nessa situação extrema, o remédio é uma contenção linear de todas as rubricas de despesas, exigindo-se o fim do conceito de reajuste obrigatório de gastos e, menos ainda, de atrelamento à inflação passada. O governo, pelo contrário, enviou ao Congresso e este se curvou , aprovando, um orçamento, para este ano, de cerca de 11% acima do valor executado em 2015. Portanto, não há sequer um centavo de corte e, sim, avanço generalizado de despesas, especialmente as rotineiras, que compõem os 60 milhões de cheques mensais de proventos e benefícios emitidos por Brasília. Embora o governo ainda fale de um contingenciamento mínimo, de R$18 bilhões, este valor nem arranha a necessidade de reestruturação da despesa pública no País. A disciplina fiscal federal virou uma miragem. Vige a irresponsabilidade total.

Atenciosamente,

Equipe do Movimento Brasil Eficiente

Artigo, Milton Pires - Onde estão os médicos cubanos ?

Eles eram “mais humanos que os médicos brasileiros”, sua medicina era “reconhecida no mundo inteiro”, eles trabalhariam onde os médicos brasileiros (que não gostam de pobres) “não aceitam trabalhar”. Pois bem, pergunto: Onde estão os médicos cubanos agora que o Brasil, manchete mundial em função da epidemia de Zika Virus, precisa deles?
Zika, Dengue, Chikungunya são doenças transmitidas por um mosquito, seu combate depende de orientações às pessoas mais pobres deste país a respeito de águas paradas, higiene e saneamento urbano: onde, meu Deus, estão os médicos cubanos que vieram para salvar o Brasil dos seus próprios médicos “que não gostam de pobres” ?
O Regime Petista não deu, até agora, uma palavra sequer sobre o papel do Programa Mais Médicos no combate à epidemia de Dengue e de Zika Vírus. Alexandre Padilha disse que médicos foram “levados” a milhões de brasileiros, o prefeito de Porto Alegre, que defendeu a vinda dos cubanos e se preocupa mais com galinhas do que com doentes, permanece em silêncio e todos aqueles que falavam em “trabalho em equipe”, aqueles que dizem que precisamos combater a visão “hospitalar e medico cêntrica” estão quietinhos, quietinhos…
As “doulas” vão fazer parto domiciliar de mulheres com sorologia positiva para Zika vírus??? Os médicos cubanos vão fazer o diagnóstico da Síndrome de Guillain Barré??? Nenhuma palavra, nenhuma resposta ….Reina o mais absoluto silêncio do Ministério da Saúde.
Médicos cubanos foram trazidos ao Brasil a “peso de ouro” e sem que o país pudesse, sequer, ter certeza de que são médicos. Uma epidemia assola o país, as Olimpíadas podem ser canceladas, milhões de crianças vão nascer com problemas neurológicos – nenhuma palavra do Regime Petista ! Nada ! Reina o silêncio absoluto. Pergunto ainda sobre os bandidos que comandam as prefeituras brasileiras, que despediram médicos brasileiros de cargos efetivos para contratar os escravos cubanos da Ditadura de Fidel Castro: quais os números da epidemia de Dengue e Zika Vírus nestas cidades?? Alguém sabe me dizer ???
Perdi meu emprego, num hospital público comandado pelo braço local da organização criminosa que comanda o país, por atacar publicamente esse governo criminoso. O que aconteceu comigo aconteceu com outros médicos. Agora, mais do que nunca, para combater o Zika vírus, o Brasil precisa de médicos…

Onde estão, repito pela última vez a pergunta, os médicos cubanos?? 

Artigo, Astor Wartschow - Lula e o Cisne Negro

               A pretexto das dificuldades de fazer política “sem sujar as mãos”, ou no exercício da troca de favores para construir maiorias parlamentares, os governos e partidos têm realizado o “loteamento” de órgãos público-estatais.
                Habitualmente, essa prática implica transgressões e negócios escusos, de modo que sempre reinou uma espécie de pacto do silêncio entre os negociadores, políticos ou não. Parafraseando o filósofo alemão Ludwig Wittgenstein, resulta que “o que não pode ser dito deve ser calado!”.            
                Neste sentido, o agravamento das presentes investigações jurídico-policiais em torno de expressivas figuras públicas tem proporcionado uma série de reflexões com pretensões filosóficas.
                Simpatizantes dos ora suspeitos e acusados preferem discutir não o núcleo das fraudes e desvios (roubo!) de dinheiro público, e das estranhas e generalizadas benfeitorias realizadas por empreiteiras, mas, sim, se são legítimas as delações e as próprias investigações.
                Estes surpreendentes esforços retóricos de proteger pessoas e negócios suspeitos, inclusive desmerecendo o trabalho jurídico-policial, será a banalização do mal, enunciada pela filósofa Hanna Arendt? Lembra: “quando o mal se banaliza, perdemos a capacidade de indignação”!
                Mantido o debate nesses termos, a sujeira continuará debaixo do simbólico tapete de “nossas virtuosas relações sócio-políticas”. Será o triunfo da máxima “os fins justificam os meios!”.
                Nassim Nicholas Taleb é um professor libanês, residente nos Estados Unidos, autor de um livro chamado "The Black Swan: The Impact of the Highly Improbable". Em português: “O cisne negro: o impacto do altamente improvável” (Valor, São Paulo, 04/06/07).
                Antes de a Austrália ser descoberta, todos os cisnes do mundo eram brancos. A Austrália, onde existe o cisne negro, mostrou a possibilidade de uma exceção.           
                A teoria do cisne negro tem três características: altamente inesperado (1), tem grande impacto (2), e, depois de acontecer, procuramos dar uma explicação para fazê-lo parecer o menos aleatório e o mais previsível do que era (3).
                O autor prega que é fundamental manter o hábito de questionar estruturas de pensamento e atitudes, mesmo que isso exija ações não-ortodoxas.
                Uma vez que o cisne negro apareça, as pessoas devem estar com sua exposição maximizada para ele. Devem acreditar na possibilidade de o mais inusitado acontecer. 

                Se há um enunciado que diz que todos os cisnes são brancos, e aparece um cisne negro, o certo seria trocar o enunciado para: “Alguns cisnes não são brancos”!

Editorial desta sexta-feira do jornal Gazeta do Povo, de Curitiba

Editorial desta sexta-feira do jornal Gazeta do Povo, de Curitiba

“Insinuações perigosas”

A cada semana a direção do Partido dos Trabalhadores vai revelando aos poucos o que realmente pensa. Em carta publicada na página oficial do partido na segunda-feira (8), o presidente do PT, Rui Falcão, sai novamente em defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, inovando em matéria de graves e levianas insinuações. Além de reafirmar o discurso de ocasião, de que Lula estaria sendo atacado porque saiu da Presidência com aprovação inédita e porque deixou um legado “de realizações a favor dos mais pobres”, Falcão agora inclui um novo ingrediente – as investigações contra o ex-presidente seriam fruto de um “consórcio entre a oposição reacionária, a mídia monopolizada e setores do aparelho de Estado capturados pela direita quer convertê-lo em vilão”.

É certo que as delirantes acusações de que a oposição e a mídia fazem um complô contra o ex-presidente já se tornaram batidas na rasa retórica petista, de modo que nenhum cidadão minimamente informado consegue ainda levá-las a sério. O que é novo na mania de perseguição da direção da legenda é incluir mais um inimigo fictício, que Falcão chama de “setores do aparelho de Estado capturados pela direita”, numa forma velada de se referir ao aparato investigativo-judiciário, que apura suspeitas envolvendo Lula em inquéritos regularmente instaurados.
A insinuação é bastante grave. Em primeiro lugar, porque Falcão nem sequer apresenta fatos ou dados que sustentem o que declara. Numa atitude leviana, o dirigente petista não oferece nem um único argumento que comprove o tal do “consórcio” contra o partido.

Em segundo lugar, ainda que por falta de coragem não o faça diretamente, Falcão acusa de partidarização o trabalho realizado pelo Poder Judiciário e pelo aparato investigativo-policial no âmbito das operações Zelotes e Lava Jato e no âmbito do Ministério Público de São Paulo. O dirigente petista abusa da mentira e da dissimulação. Essas instituições estão cumprindo o seu dever de forma estritamente profissional. Afinal, Lula é um cidadão brasileiro e, como qualquer outro, não merece especial tratamento.

O Ministério Público e a Polícia Federal jamais poderiam deixar de investigá-lo, e tampouco o Judiciário poderia deixar de aceitar as investigações. Se concedessem ao ex-presidente garantias especiais, estariam violando o princípio pelo qual todos são iguais perante à lei. O esperneio do PT, nesse sentido, é completamente antirrepublicano.

Quando se junta a propaganda em vídeo de 30 segundos em que Falcão defende Lula (transmitido em cadeia nacional na semana passada) com o texto divulgado no site do partido nesta segunda-feira, fica clara a estratégia do PT em tentar mobilizar as militâncias para travar uma campanha ideológica pautada no discurso delirante, sem respaldo nos fatos.

Só que nesta semana, pela primeira vez, o partido deu um passo que soa como uma estratégia de intimidação contra as investigações em curso. Isso porque, além de mentir ao dizer que o aparato investigativo-judiciário foi “capturado pela direita”, Rui Falcão convida a militância a ingressar nas fileiras da defesa de Lula: “É tarefa da militância e de quem tem compromissos com a democracia combater a escalada golpista e o cerco criminoso ao Lula”.


Com essa declaração, o presidente do PT vai muito além da campanha desinformativa e da lógica simplista que o partido vem tecendo ao longo das últimas semanas. Entra no perigoso terreno de manipular a militância de seu partido e jogá-la contra as instituições que desempenham suas funções com independência e correção. É preciso muita atenção aos próximos passos do PT em sua estratégia de pressionar o Poder Judiciário e os órgãos fiscalizadores, até porque já está marcada uma manifestação em defesa de Lula para o próximo dia 17, em frente ao Fórum Criminal da Barra Funda em São Paulo, quando o ex-presidente irá depor ao Ministério Público.