As famílias porto-alegrenses têm o segundo maior valor
médio mensal de dívida entre as capitais brasileiras, sendo R$ 2.296. O ranking
é liderado por Vitória (ES), com R$ 3.222, segundo a Radiografia do Crédito e
do Endividamento das Famílias Brasileiras, realizada pela Federação do Comércio
de Bens, Serviços e Turismo de São Paulo (FecomércioSP). A análise leva em
consideração dados entre 2013 e 2016.
Apesar dessa colocação, entre os estados do Sul do país,
Porto Alegre aparece em melhor posição em outras categorias. Por exemplo, entre
as três capitais, é a que tem menor percentual de famílias endividadas. Curitiba
(PR) tem 86% (538.939), e lidera, sendo seguida por Florianópolis (SC), com 85%
(144.131); e, por fim, Porto Alegre, com 61% (334.336). Em percentual de
famílias com dívida em atraso na região Sul, a capital gaúcha ficou com 23%,
empatado com Florianópolis. Em primeiro lugar aparece Curitiba com 30% das
famílias.
Segundo o assessor econômico da FecomercioSP Fábio Pina,
há algumas características que são específicas da região Sul quando se analisa
a questão do endividamento. “Por ter uma proporção grande de funcionalismo
público há a possibilidade de buscar empréstimos consignados (que são seguros
na visão dos bancos), o que pode indicar um endividamento maior”, explicou.
Isso porque com o agravamento da crise financeira do país
uma dos principais reflexos foi a restrição à concessão de empréstimos por
bancos. Esse comportamento, na avaliação de Pina, colaborou para uma leve
retração no número de famílias endividadas no país. Ao mesmo tempo, houve uma
recessão no consumo, especialmente no comércio. Em valores, o valor total das
dívidas (por mês) caiu de R$ 15,2 bilhões, em 2013, para R$ 14,2 bilhões, neste
ano. O valor médio passou de R$ 1.611 para R$ 1.569. Como o renda familiar
caiu, apesar de os valores das dívidas recuarem, o percentual de comprometimento
elevou-se de 30% para 31%.
De acordo com a radiografia, entre 2013 e 2016 a
proporção de famílias com dívidas caiu de 62% para 58%. Em números, isso
significa que atualmente 9,062 milhões de famílias têm endividadas. Neste
cenário, também houve a elevação da taxa de juros, que passou de 42,7% ao ano
para 54,1%. Além disso, a renda família encolheu cerca de 2,1%. “Com uma
restrição de crédito no mercado, parte das famílias se viu pressionada a não
poder contrair novas dívidas, assim, se concentrou na quitação de dívidas”,
explicou Pina.
Sobre a tendência, o assessor econômico explicou que a
projeção é que no próximo ano a economia apresente sinais de leve melhora, o
que pode servir para estimular os bancos a facilitarem a concessão de crédito e
as pessoas a consumirem.