Dallagnoll ri a tôa do “chefe” e de Iolanda
Dilma confiava no tesoureiro do PT, João Vaccari. Para
ter um canal sigiloso de comunicação com o casal Santana, Dilma criou o
endereço eletrônico iolanda2606@gmail.com
Ricardo Noblat
Na quarta-feira 14 de setembro de 2016, o mundo desabou
na cabeça do procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da
força-tarefa da Lava Jato. Naquele dia, durante uma entrevista coletiva em
Curitiba, ele projetou um gráfico que apresentava Lula como o “comandante
máximo do esquema de corrupção” na Petrobras.
Logo os termos PowerPoint e PPT chegaram aos trending
topics do Twitter. Desatou-se a maior produção de memes da história da internet
brasileira. As redes sociais enlouqueceram. Dallagnol foi exaltado pela turba
anti-PT. E escrachado pelos que defendiam Lula. A batalha durou semanas a fio.
E o assunto jamais seria esquecido.
O curioso é que o gráfico de tanto sucesso apenas
traduziu o que de certa forma dissera quatro meses antes o Procurador-Geral da
República Rodrigo Janot. Em denúncia encaminhada ao Supremo Tribunal Federal
(STF), Janot apontara Lula como membro da “organização criminosa” que deveria
serr investigada pelo assalto à Petrobras.
Pois bem: em depoimento de delação premiada despachado,
ontem, pelo ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF, para o juiz
Sérgio Moro, o marqueteiro João Santana revelou que o acerto para pagamento de
dívidas eleitorais das campanhas presidenciais do PT entre 2003 e 2010 sempre
dependeu “da palavra final do chefe”.
E quem era o chefe? Lula, segundo ele. Lula e Dilma
sabiam do uso de recursos de caixa dois, dinheiro não declarado à Justiça.
"Lula e Dilma sabiam que as dividas que possuíam com João Santana seriam
saldadas com recursos de caixa 2 da Odebrecht", diz o resumo de uma
gravação em vídeo do depoimento de Santana.
A mulher de Santana, Mônica Moura, contou, por exemplo,
que recebeu cerca de R$ 5 milhões em espécie em caixas de sapato e de roupas em
uma loja de chá do Shopping Iguatemi, em São Paulo, referentes a parte dos
serviços prestados pelo marido à campanha de reeleição de Lula em 2006. Naquele
ano foram R$ 10 milhões pagos por fora a Santana.
Dilma preferiu controlar por meio do então ministro Guido
Mantega, da Fazenda, os pagamentos feitos com dinheiro ilícito, revelou Mônica.
A ex-presidente não confiava no tesoureiro do PT, João Vaccari. Para ter um
canal sigiloso de comunicação com o casal Santana, Dilma criou o endereço
eletrônico iolanda2606@gmail.com.
Foi por meio dele que Dilma informou ao casal, que na
época estava no exterior, que ele seria preso pela Lava Jato quando
desembarcasse no Brasil. A prisão, de fato, aconteceu no ano passado. Mas antes
o casal teve tempo de se livrar de informações e documentos embaraçosos.
Iolanda – ou melhor: Dilma – nega tudo. Lula também. Dallagnol acha graça.