Artigo, tenente-coronel Luciano Zucco - Retomando o rumo perdido

Artigo
Retomando o rumo perdido
Tenente-Coronel Luciano Zucco – Oficial do Exército e especialista em segurança

As pessoas tendem a reproduzir na vida adulta os ensinamentos e os valores absorvidos durante a infância e a adolescência. E os principais ambientes para este aprendizado são a família e a escola.Não tenho dúvidas que a crise social que hoje vivemos tem sua raiz mais profunda na falência do nosso modelo de educação pública e na desestruturação familiar. As salas de aula viraram depósitos de jovens, com investimentos cada vez menores, com professores desvalorizados e desmotivados. Sem falar na violência física e moral sofrida por estes profissionais. Sim, o professor tem apanhado de todos os lados, inclusive dos seus alunos. A pedagogia do “tudo pode”, da permissividade em sala de aula está produzindo uma legião de jovens incapazes de encarar as agruras da vida e de um mercado profissional cada vez mais exigente. O analfabetismo funcional é apenas uma de suas facetas. Recordo de uma experiência profissional vivida durante minha passagem pelo Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, onde o então Chefe do Executivo participava de um ato de entrega de unidades habitacionais. Na casa que era entregue para uma família, o Presidente da República entregou o documento de posse para o menino, que cursava a quarta série, pudesse ler aos pais. A criança não conseguiu ler o texto, gaguejou sílabas e não foi capaz de reproduzir o que ali estava escrito. O fato me marcou profundamente e fez brotar em meu íntimo a vontade de tentar ajudar a construir um Brasil melhor para nossos jovens. No entanto, se há um caos instalado na Educação, ainda há ilhas de excelência. No Rio Grande do Sul, cito as escolas administradas pela Brigada Militar em Porto Alegre, Santa Maria, Passo Fundo, Ijuí, Pelotas, Santo Ângelo e São Gabriel, conhecidos como Colégio Tiradentes. Além, é claro,do centenário Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA), do qual muito me orgulho de ter sido aluno, e de seu congênere no centro do Estado, o Colégio Militar de Santa Maria (CMSM). Nesses estabelecimentos, há muito mais do que bons professores e seriedade no trabalho com os conteúdos programáticos. Em tais quesitos, os resultados do IDEB e do ENEM comprovam a excelência desse modelo de gestão educacional. Mas existe algo mais: disciplina, que nada mais é do que colocar as coisas nos seus devidos lugares. Ao professor cabe ensinar e, ao aluno, aprender. Tudo é cuidadosamente planejado e organizado para que assim seja. Os instrutores e monitores, além de fornecer orientação e aconselhamentos constantes, estão sempre vigilantes para que as normas sejam cumpridas. Ser pontual, pautar-se pela boa apresentação individual, realizar suas tarefas com oportunidade e correção, tratar os superiores e colegas com respeito. Mas as escolas administradas pelos militares vão ainda mais além. Elas investem no patriotismo e no civismo como elementos formadores do caráter. Aí entram o respeito aos Símbolos Nacionais e o orgulho de serbrasileiro, valores que mais tarde, já no mercado de trabalho, possibilitam que esses jovens desenvolvam e produzam estudos, pesquisas, bens e serviços que ajudarão a desenvolver e transformar a Nação brasileira. Nos colégios militares também são cultuados os valores indispensáveis à plenitude da vida cidadã: honra, honestidade, lealdade, coragem moral, ética, responsabilidade, liberdade e respeito (à Pátria, aos mais velhos, às instituições, aos professores e outros superiores, ao meio ambiente, aos animais).Aos que criticam esse modelo, peço que perguntem aos médicos, engenheiros, jornalistas, advogados, servidores públicos e a outros profissionais que estudaram em colégios militares, se essa experiência contribuiu de forma positiva para sua formação e sucesso profissional. É bastante provável que todos afirmem que sim. Porque, antes de tudo, os colégios militares são uma escola de vida. Qual pai e mãe não se orgulham de ter um filho sendo conduzido pelo bom caminho? Em educação, é possível teorizar sobre tudo. E como há teóricos que pretendem revolucionar a Educação com fórmulas milagrosas, densamente apoiadas em teorias de próceres que, tal como eles, mal conhecem as realidades de uma sala de aula brasileira! Isso sem falar na imensa gama de “professores” que se utilizam da sala de aula para pregar ideologias estranhas aos brasileiros e que não vingaram em nenhum país, exceto em algumas atuais ou falecidas ditaduras, disfarçadas ou não.Por essas constatações práticas, sigo com a firme convicção de que os colégios militares podem ser uma das soluções para a retomada do rumo perdido pelo Brasil.

Ex-presidente da CUT e ex-prefeito de São Bernardo, é outro petista delatado como corrupto

Ex-executivos da Odebrecht envolveram, em delação premiada, o ex-prefeito de São Bernardo e presidente do diretório do PT em São Paulo, Luiz Marinho, em um repasse de R$ 300 mil para o 3.º Secretário da Assembleia Legislativa do Estado, Luiz Fernando Teixeira Ferreira (PT), na eleição de 2014. De acordo com os delatores, o montante foi repassado via caixa 2.

Um dos petistas mais próximos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Marinho é pré-candidato do partido ao governo de São Paulo na disputa deste ano. O deputado estadual é irmão do deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP).

O ex-diretor superintendente da Odebrecht Infraestrutura, responsável pela região Sul e o Estado de São Paulo, Luiz Antonio Bueno Junior, relatou na delação ter recebido uma visita de Teixeira Ferreira após indicação de Marinho, então prefeito de São Bernardo do Campo.

"Marinho tinha um protagonismo bastante grande na região do ABC Paulista. Eu tinha como foco, quando assumi a área, em atuar em dois setores específicos no interior de São Paulo: a região da baixada santista e a região do ABCD. Então, um pedido de Marinho sempre teria de ser levado em consideração. O Luiz esteve comigo em meu escritório e me fez a solicitação", afirmou.

À Procuradoria-Geral da República, Bueno Júnior disse ainda ter acertado doações de R$ 300 mil via caixa 2 e R$ 251 mil registrados no Tribunal Superior Eleitoral. "O Luiz Fernando pediu que fizéssemos R$ 251 mil oficiais de sorte que ele pudesse localizar no partido."

Outro delator que integra o pedido para investigar Marinho é Alexandrino de Alencar, que foi diretor de Relações Institucionais da empreiteira. Segundo ele, a Odebrecht tinha "interesses expressivos" na região do ABC Paulista, "principalmente em mobilidade urbana". O delator disse que fez a doação a Teixeira Ferreira pela "proximidade que tinha com Marinho".

Contrapartida

Questionado pelos procuradores, ele confirmou que o deputado estadual petista prometeu contrapartidas. "Ele se comprometeu a ajudar. Foi bem explícito." O delator ainda foi inquirido a responder se, depois do suposto acerto, teria sido ajudado em contratos na região de São Bernardo. "Ele tentou ajudar. Sem dúvida nenhuma", afirmou Alencar. Ele, no entanto, disse que a suposta "ajuda" não teria sido eficaz. "Eles (pleitos da Odebrecht) caminhavam, estavam caminhando dentro da burocracia dentro da prefeitura, mas, que eu saiba, não teve sucesso."

Outro delator que embasa pedido de investigação contra o deputado estadual é Benedicto Barbosa da Silva Júnior, que confirmou ter aprovado uma série de pagamentos a políticos requeridos por outros executivos da empreiteira. Ele afirma não ter feito parte de supostas tratativas.

Bueno Júnior entregou à PGR planilhas de repasses do departamento de propinas da Odebrecht. O valor de R$ 300 mil aparece ao lado do codinome "Lamborguiny" - que seria referência a Teixeira Ferreira. A senha combinada para a retirada do dinheiro era "empada".

Um comprovante de pagamento ao diretório estadual paulista do PT datado do dia 8 de setembro de 2014 no valor de R$ 251 mil também consta no anexo da delação do executivo. O repasse, segundo o documento, foi feito pela Agro Energia Santa Luzia S/A.

Alexandrino Alencar também afirmou à PGR que fez um repasse de R$ 550 mil à campanha de Luiz Marinho à prefeitura de São Bernardo, em 2012. Segundo o delator, outros R$ 50 mil teriam sido doados por via oficial.

A íntegra desses depoimentos foi tornada pública em 14 de agosto do ano passado, por decisão do ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal.

Inicialmente, as revelações dos executivos da empreiteira tiveram o sigilo levantado por Fachin em abril de 2017. No entanto, àquela época, foi prorrogado o segredo sobre colaborações que envolvessem acordos de cooperação internacional (mais informações nesta página).

Bueno Júnior deu informações relevantes a acordos de cooperação internacional entre a PGR e autoridades de países em que a Odebrecht é alvo de investigação. Em agosto de 2017, o então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, requereu a Fachin que levantasse o sigilo das delações a respeito do petista sob o argumento de que as declarações dos executivos não tinham relação com crimes cometidos fora do País.

Defesa

Procurada, a assessoria do presidente do diretório do PT de São Paulo, Luiz Marinho, afirmou que ele "nunca autorizou nenhuma pessoa a falar em seu nome sobre esse ou qualquer outro assunto". O ex-prefeito, por meio de nota, também já negou o recebimento de caixa 2 da Odebrecht na campanha de 2012. Disse que todos os valores recebidos por ele em suas campanhas "constam das prestações de contas, todas devidamente aprovadas pela Justiça Eleitoral".

O deputado estadual Luiz Fernando Teixeira Ferreira (PT) disse que recebeu "com indignação" a informação sobre a citação a seu nome na delação da Odebrecht. "Como ainda não tive acesso ao conteúdo, reitero que todas as doações da minha campanha foram legais, ocorrendo de acordo com a legislação eleitoral. Nunca solicitei recursos ilegais para financiar a minha campanha."

Ele afirmou ainda que nunca se envolveu "em contratos da administração Luiz Marinho". "Jamais defendi projetos ou interesses que não fossem dos trabalhadores. Além disso, Marinho nenhuma vez interviu em meu nome."

Conforme Teixeira Ferreira, sua prestação de contas foi aprovada pelo Tribunal Regional Eleitoral. "Recebi da referida empresa dois valores, 25 mil e 50 mil, totalizando 75 mil e, absolutamente nenhum centavo em caixa dois, como alegado", afirmou. "Sempre pautei minha atuação política de forma idônea, com ética, transparência e lutando, sobretudo, contra a corrupção."

Em nota a Odebrecht informou que está colaborando com a Justiça no Brasil e nos países em que atua. "Já reconheceu os seus erros, pediu desculpas públicas, assinou um acordo de leniência com as autoridades do Brasil, Estados Unidos, Suíça, República Dominicana, Equador, Panamá e Guatemala, e está comprometida a combater e não tolerar a corrupção."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.