Simers sob ataque cerrado


Eleições no Simers. De um lado, a gestão liderada pelo gastroenterologista Paulo de Argollo Mendes. De outro, a chapa opositora do ginecologista Marcelo Matias. Os vencedores comandarão o sindicato pelos próximos três anos.

Argollo levou o sindicato de apenas 2 mil para quase 16 mil médicos associados. Construiu  o maior sindicato médico da América Latina. Mas acumulou também uma longa lista de adversários.

Um deles é o Grupo de Apoio à Medicina Preventiva e à Saúde Pública, mais conhecido como Gamp. É uma empresa que administra, de forma terceirizada, diversos hospitais e postos de saúde no Brasil. No Rio Grande do Sul, o Gamp atua em Canoas, onde faz a gestão do Hospital de Pronto Socorro e do Hospital Universitário, além de vários postos de Saúde.

Onde quer que passe, o Gamp acumula a rejeição dos médicos. Atrasa salários, sonega FGTS e deixa os médicos à míngua – são inúmeros relatos de falta de medicamentos e materiais. Em junho, foi denunciado em reportagem investigativa do Fantástico, na Globo, por servir como cabide de empregos para apadrinhados do prefeito Luiz Carlos Busato, do PDT.

No Rio Grande do Sul, a organização atuou também em Rio Pardo. Foi expulsa da cidade por problemas na gestão. Atuou também em Guaíba, de onde foi afastada por irregularidades denunciadas pelo Simers.

Aliás, o Simers de Argollo não dá descanso para o Gamp.

• Em abril de 2017, fez registro policial e denunciou o Gamp ao Ministério Público Estadual e ao Conselho Regional de Medicina (Cremers) por falta de medicamentos e insumos básicos nos hospitais de Canoas.
• Em agosto de 2017, entrou com liminar na 3ª Vara do Trabalho de Canoas pedindo o bloqueio das contas bancárias do Gamp e do município de Canoas. Deferida pelo juiz Cesar Zucatti Pritsch.
• Neste ano, o Simers ganhou ação na Justiça obrigando o Gamp a depositar imediatamente para os médicos cerca de R$ 9 milhões em FGTS atrasados. Sujeito a multa de 100% em caso de descumprimento.

Agora, com a eleição em curso, corre a informação de que a chapa opositora seria patrocinada justamente pelo Gamp, interessado que está em derrubar Argollo.

O presidente da chapa, Marcelo Matias, trabalha no Gamp desde 2011. Pelo menos desde 2017, atuava também como gestor do grupo, chefiando os plantões do serviço de obstetrícia do Hospital Universitário (HU). Cargo de confiança e de alto prestígio.

• O Simers denunciou o serviço de obstetrícia do HU no Ministério Público por falta de medicamentos e condições de trabalho.
• A denúncia foi aceita e gerou mais uma ação civil pública contra o Gamp. Processo em andamento.

Marcelo Matias se licenciou do cargo que exercia no Gamp no dia 21 de agosto. No dia seguinte, 22 de agosto, inscreveu sua chapa de oposição contra Argollo no Simers.