"É bom que mais brasileiros desenvolvam o espírito
crítico construtivo e se acostumem a construir e debater"
Incrível como é desperdiçada energia no Brasil com uma
postura, reação e resistência a reformas de modernização do país. Há muito jogo
para torcida, de curtíssimo prazo, e a crença em um mundo que não existe mais,
já era inviável há 30 anos.
O caminho das reformas é incontornável, e deverá seguir
até 2030, juntando os esforços de três mandatos presidenciais, sejam quais
forem os Presidentes.
Incontornável por que a alternativa é a simples
insolvência dos serviços públicos, previdência e da credibilidade do país, e de
governar na contenção do caos. A reforma do Estado mais completa já vem com um
atraso de pelo menos duas décadas, buscando encerrar privilégios anacrônicos, e
enfrentando obstáculos com argumentos poucos senão o corporativismo. Nos
estados, municípios, no Legislativo e Judiciário há um desafio ainda mais
profundo, de substituir uma estrutura barroca de privilégios e antifuncional a
partir de regras um pouco mais arejadas, saudáveis.
Mais de Gustavo Grisa
Reforma do setor público: Temos uma nova esperança?
A agenda global represada
Teremos até lá uma inevitável discussão sobre a questão
social, sobre o desmonte do estado populista genérico e uma substituição por
políticas mais ativas e de resultado; a desburocratização, simplificação e
digitalização de um dos maiores entes governamentais do Ocidente, que é
complexa, mas inevitável; e a necessária extinção de privilégios
previdenciários e funcionais, mais próxima à lógica de governo mundial e ao
mercado da vida real do país. A modernização da economia, o destravamento do
empreendedorismo em um dos países de grande porte com pior ambiente de negócios
do mundo. O caminho será duro, árduo, exigirá resiliência,debate, construção de
maioria.
A reforma da Previdência deverá ser a primeira de várias
reformas da Previdência até 2030, com pelo menos dois estágios subsequentes de
ajustes, possivelmente a cada novo presidente eleito. O modelo atual é
impagável, importante iniciar o ajuste o quanto antes com a aprovação do melhor
pacote politicamente possível nos dias de hoje. Haverão outros até 2030.Isso é
bom avisar, e entender.
+ A cultura do intervencionismo
Mas o comportamento de simples resistência a reformas é
uma negação geracional, uma incompreensão das mudanças do mundo, a crença em
uma ficção de uma equação que não fecha. Difícil acreditar em pessoas das
gerações Y e Z defendendo “zero” reformas e direitos “adquiridos”, alguns
seculares ou por manobras burocráticas. Até que ponto se está buscando adesão a
agendas que são apenas muito próprias e corporativistas, e contrárias ao
interesse macro do País?
É bom que mais brasileiros desenvolvam o espírito crítico
construtivo e se acostumem e saibam construir, debater, propor, inovar nesse
longo ciclo reformista.