Dois lutadores se encaram sobre o tatame para travar a
luta que vai decidir o futuro das empresas.
De um lado, Frederick Winslow Taylor e do outro George
Elton Mayo. O primeiro, engenheiro. O segundo, psicólogo.
Ao vencedor caberá como prêmio o direito a delinear os
caminhos a serem seguidos pelas empresas na busca da melhor performance. O
vitorioso definirá o modelo de liderança que faça as pessoas darem o melhor de
si pelo empreendimento conquistando em contrapartida o maior nível de
satisfação pessoal.
Taylor, como engenheiro, inventor e atleta, um
pragmático. Mayo, psicólogo e sociólogo um observador da natureza humana, de
suas necessidades e aspirações pessoais.
Esta batalha foi travada entre o final do século dezenove
e os primeiros anos do século vinte.
Quem venceu?
A resposta a esta questão depende do que se considere
vitória.
Se olharmos para resultados para a empresa e ganhos para
as pessoas, a vitória de Taylor foi arrasadora. Sob o aspecto de perenidade,
Mayo foi o grande vencedor mesmo que os resultados conquistados tenham sido bem
mais modestos.
Taylor, com seus estudos sobre tempos e movimentos e,
principalmente, com o pagamento por tarefa, conseguiu elevar a produtividade
dos transportadores de lingotes da Bethlehem Steel de 12,5 para 47,5 toneladas
por dia. Um aumento de 280% tanto na quantidade transportada como nos ganhos
dos operários.
Mayo em sua lendária Experiência de Hawthorne realizada
em 1927 na Western Electric Company em Chicago, conseguiu, em função da atenção
dada às pessoas, um aumento de 2.400 para 3.000 relés para telefone montados
por semana por funcionária. Um aumento de 25% na produtividade.
Ainda que os resultados tenham sido incontestavelmente
favoráveis a Taylor que venceu a disputa por nocaute, os caminhos adotados
pelos modelos de gestão foram os de Mayo. A Teoria das Relações Humanas venceu
a Administração Científica.
Vejo que as empresas se empenham incansavelmente em fazer
com que as pessoas se sintam felizes e satisfeitas no seu trabalho, o que não
deixa de ser louvável, mas muitas vezes esquecem que talvez não seja isto que
as pessoas buscam junto a elas.
As pessoas vão à uma empresa como vão às compras. Elas
não priorizam serem bem tratadas no supermercado e sim encontrar produtos que
as tornem mais felizes e satisfeitas em suas casas. Se forem razoavelmente bem
atendidas pelo açougueiro se sentirão satisfeitas porque seu objetivo não é o
bom relacionamento com este vendedor e sim o churrasco do fim de semana com a
família e os amigos.
As pessoas querem ser felizes consigo mesmas e com os
seus e para isto se dispõem a sacrificar grande parte de seu tempo trabalhando
em uma empresa que não é delas. O que no fundo lhes interessa é poder dar
segurança,conforto, lazer ou educação a si mesmo, a seus companheiros, filhos
ou outras pessoas de seu círculo de relacionamento e, como estas coisas custam
dinheiro, a empresa se torna o meio para satisfazer estas necessidades e
anseios através do salário.
Quanto mais dinheiro uma pessoa conseguir ganhar mais
possibilidades terá de satisfazer suas aspirações fora da empresa.
Taylor abriu as portas para que as pessoas pudessem
ganhar mais em função do seu próprio esforço e a produtividade deu um salto de
mais de 200%.
Quando as pessoas trabalham para si mesmas, sua motivação
vai às alturas.
Poderia citar diversos cases que vivenciei e que
corroboram essa assertiva.
Em meu livro “Quando a empresa se torna azul – O Poder
das Grandes Ideias” narro duas grandes experiências que demonstram que é
possível dar saltos instantâneos na produtividade de um dia para outro
simplesmente por permitir as pessoas fazerem por si.
E aproveito para indicar o documentário “Estou me
guardando para quando o carnaval chegar” dirigido por Marcelo Gomes, no qual se
pode ver pessoas trabalhando com extrema motivação, cantando de alegria sem
perder um minuto sequer da manhã à noite em ambiente muito pouco confortável e
sem qualquer supervisão.
Motivo desta altíssima motivação: trabalham para si
mesmas e ganham pela sua produtividade. Transformaram-se em seus próprios
empresários.
Marcelo Gomes, em entrevistas, externa sua preocupação
com a saúde, o pouco lazer, o excesso de trabalho, a falta de garantias, de
melhores condições ambientais e de benefícios destes trabalhadores. O que será
deles no futuro? – pergunta.
Confesso que nunca ouvi uma consideração destas
relativamente ao empreendedor. Alguém já se preocupou com a sua satisfação,
motivação ou excesso de trabalho?
Deixo esta pergunta como tema para meditação.
Quem quiser assistir ao trailer do documentário pode
acessar o site:
https://www.youtube.com/watch?v=ms84S1JTAYg
O autor é diretor da FJacques - Gestão através de Ideias
Atratoras, empresa coirmã da Selcon Consultores Associados – MS Francisco
Lumertz (Professor Chicão), Porto Alegre, e autor do livro “Quando a empresa se
torna Azul – O poder das grandes Ideias”.
www.fjacques.com.br -
fabio@fjacques.com.br