- O autor é André Luiz M. Machado,
especialista em comportamento financeiro
Historicamente, classificamos as fases da vida em três
etapas: juventude, idade adulta e velhice. Surge dessa divisão a ideia de
chamar a velhice de "terceira idade".
Também é possível dividir a relação com o dinheiro em
três etapas: gerar, gerir e usufruir. Assim, podemos estabelecer uma ligação
entre as etapas da vida e a relação com o dinheiro em cada uma delas.
A juventude, primeira das etapas, é marcada pela dependência
financeira dos pais ou responsáveis. Em sociedades capitalistas como a nossa, a
capacidade de gerar dinheiro é um dos fatores que caracterizam a entrada na
fase adulta, a qual traz mais
responsabilidades e a necessidade, ou o desejo, de mais liberdade, planejamento
e estabilidade.
Consequência natural para quem gera dinheiro com seu
trabalho (ou ideias, projetos, etc.) é gerir o dinheiro da melhor forma
possível. É comum que, no início da fase adulta, o dinheiro só seja o
suficiente para "pagar as contas". Com o tempo, surgem as
possibilidades de gerar mais, gerir melhor e acumular para o futuro.
E aqui surge a terceira fase da relação com o dinheiro, a
de usufruir. Embora seja possível, e até
mesmo desejável, usufruir do dinheiro em todas as fases da vida, a fase dos 60+
é a que mais proporciona situações para tal, pois as responsabilidades típicas
da fase adulta (moradia, segurança, saúde, transporte, educação, etc.) já foram
superadas e o próprio trabalho acontece em ritmo menos intenso e por outras
motivações. Mas o fato é que poucos
chegam aos 60+ em condições de usufruir do dinheiro e o consenso geral aponta
para a falta de planejamento como a causa principal.
Se todos sabem que é preciso planejamento financeiro, a
questão é entender por que as pessoas que estão na fase adulta não planejam,
embora a informação esteja cada vez mais disponível e existam instrumentos e
produtos financeiros cada vez melhores e mais adequados.
Falta responder uma pergunta simples, mas profunda: Qual
o sentido do dinheiro na sua vida?