O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva| Foto: Miguel
Schincariol/AFPO Supremo Tribunal
Federal se reuniu para rasgar sua própria decisão de
apenas três anos antes
sobre prisão após condenação em segunda instância por
quê? De onde veio a
motivação? Qual foi a divindade que instou os
companheiros togados a dar esse
cavalo de pau na aplicação da lei?Como no período não
houve qualquer mudança de conjuntura em termos de
jurisprudência, leis ou
Constituição, não é difícil identificar que divindade foi
essa: Luiz Inácio
Lula da Silva, o bom ladrão – que, por uma coincidência
divina, é o padrinho
dessa vergonhosa corte, montada à imagem e semelhança do
seu amo e senhor.Exatamente isso: a
única coisa que mudou no cenário judicial brasileiro
entre 2016 e 2019 foi a
prisão de Lula – e de vários de seus comparsas. Foi por
isso que o STF foi
desenterrar uma matéria sobre a qual já decidira em
plenário – e não cabe a uma
corte suprema ficar mudando suas decisões ao sabor do
vento, como quem muda de
toga. O Supremo se desdisse para soltar Lula.E veja que
detalhe
eloquente no julgamento que ficará na história da Justiça
(sic) como o casuísmo
mais escancarado em favor de uma quadrilha: o ministro
Gilmar Mendes, que em
2016 tinha votado com grande convicção a favor da prisão
em segunda instância –
lembrando inclusive que esta era a regra vigente nos
países mais civilizados do
mundo – deu uma pirueta e não apenas votou contra si
mesmo, como fez questão de
atacar ostensivamente, no seu voto, o juiz responsável
pela prisão de Lula,
Sergio Moro.E o eminente Gilmar
fez isso da forma mais subterrânea possível: citando as
mensagens roubadas por
hackers de procuradores da Lava Jato em conversas com
Moro – muamba esta que
rendeu um novelão na imprensa marrom, tentando incriminar
Moro com
interpretações fantasiosas a partir de um conteúdo que
não comprometia
absolutamente nenhum processo da força-tarefa. Pois veja
que atestado inegável
de boa fé: o ministro muda o seu voto ornando-o com
alegorias do submundo da
arapongagem petista, jogando esse balde de leviandade
sobre o juiz que prendeu
aquele que a imaculada corte estava reunida para soltar.
Contando ninguém
acredita.Estão dizendo por aí
que foi mais uma vergonha protagonizada pelo STF. Não,
essa descrição está
imprecisa. Tamanho e manifesto abuso de poder com a
consequência única de
beneficiar criminosos ligados inegavelmente a membros
desse tribunal não é só
uma vergonha – é um ataque à democracia. Onde está aquela
estridente
resistência contra o autoritarismo? Enjoou do teatro
democrático?Parece que sim. Sobre essa gente esclarecida que está celebrando
uma manobra imunda
para soltar o homem que vendeu o Brasil a um cartel de
empreiteiras – um presidente
que virou despachante da Odebrecht para ficar milionário
chupando o sangue do
povo – o que se pode dizer é que, no eterno dilema entre
ignorância e
canalhice, são pessoas condenadas ao drama perpétuo de
não pode alegar que não
sabem ler.Então é melhor mesmo se jogar com tudo no autoengano
e beber até se esquecer de si na rave Lula Livre. Aliás,
onde é a festa? No PT, na OAB, no PCC ou na P...?Diante desse
escândalo com um baralho inteiro de cartas marcadas –
guerra declarada ao
Direito – a força-tarefa pode e deve continuar o cerco a
essa gangue, visando
sua recaptura por flagrante tráfico de influência. Lava
Jato, peça a prisão
preventiva de Lula. Demonstre que ele permanece à frente
da quadrilha que tenta
obstruir a Justiça – especialmente nas investigações
decorrentes das delações
de Antonio Palocci e Léo Pinheiro. O modus operandi é
conhecido – e já foi
flagrado diversas vezes, como nos conluios e coações que
resultaram no
sepultamento da operação Castelo de Areia.A liberdade de
Lula
ameaça o combate à corrupção no Brasil.