Título original: VAMOS MANTER A CHAMA DA LUTA, DA ESPERANÇA E DO IDEALISMO ? OU ACENDER A CHAMA QUE VAI CONSUMI-LOS?
“NEM TODAS AS FLORES TEM A MESMA SORTE, UMAS ENFEITAM A VIDA E OUTRAS ENFEITAM A MORTE”. Na época em que nosso partido, através de heroicas lideranças, fazendo política 100% na luta idealista durante a escuridão da ditadura, a esperança tornou-se realidade e raiou o sol da democracia, a frase acima foi pronunciado em debate, no ocaso da ditadura, por Pedro Simon. Foi quando o então Presidente da Arena, José Sarney, encaminhava a extinção dos partidos MDB (que crescia vertiginosamente lutando pela democracia, anistia, eleições diretas, fim da tortura, liberdade de imprensa e assembleia nacional constituinte) e ARENA (que dava sustentação política à ditadura e desmoralizou-se). Completou: “Estou aqui levando flores para vigor do MDB e Vossa Excelência para o enterro da ARENA”.
Hoje estamos comemorando o cancelamento da reunião do diretória que discutiria abrir mão de candidatura própria ao governo do Estado. Precisamos solidificar esta posição até a convenção. Caso contrário, poderemos transformar o fogo representado pela chama, no logotipo de nosso partido, em luta e esperança (como tem sido) para nossa gente ou no que vai fazer arder nossos mais idealistas princípios. O encaminhamento dará animo ou desanimo aos companheiros, refletindo-se no desempenho eleitoral já e, no horizonte, podendo ou não receber flores, que terão ou não sorte. A decisão dará o caminho.
Infelizmente, ao que parece, questões de encaminhamento já efetuadas e dificilmente superadas internamente, poderão trazer prejuízos eleitorais. Precisamos trabalhar para que não tenham reflexo no desempenho ou minimizar ao máximo. A potencialidade depende desta decisão.
O MDB/PMDB certamente protagonizou as páginas mais lindas de nossa História, mas deixo esta parte para o final, pois, apesar de ser um resumo, é extremamente longo, mostrar da trajetória do MDB e alguns de nossos heróis.
Encaminho essa mensagem, humilde, democratica e mui respeitosamente aos companheiros, desde já agradecendo muito a quem for ler, bem como pedindo desculpas se contraria a opinião algum companheiro, também aceitando correção e/ou opinião em contrário.
O que me levou a escrever, após o cancelamento da reunião do diretório do MDB para este domingo, 10 de julho, é para ajudar a enterrar definitivamente a discussão de coligação e as fake news, que saíram das conversas (fofocas) de gabinetes para a rua e poderão trazer prejuízos políticos irreversíveis e por longo tempo ao MDB e a valorosos integrantes. Dentre outros escalabrosos comentários, pelo que pareceu originados de aliados do ex-governador, falaram que estaria definida a coligação: o governador viabilizou (ou viabilizaria) recursos (falavam inclusive os valores e de onde vinha) para a campanha de candidatos do MDB que fazem parte do diretório, outros favores e promessas com ações do governo a outros e, somando aqueles ligados a estes, com votação secreta, estaria consolidada a coligação, mesmo na convenção. Também houve a ameaça de que todos os cargos demissíveis de pessoas identificadas como emedebistas seriam exoneradas. Isso é deprimente e vergonhoso.
Tem uma grande tese dos marketeiros, real, que a percepção do eleitor na eleição é a versão e não o fato. Muitas vezes nem há fato, apenas a versão, que bem colocada forma a opinião.
A versão já mudou radicalmente nossa História, para o bem ou para o mal. A revolução de 30, que levou Getúlio Vargas a fazer o melhor governo de nossa História, foi deflagrada quando mataram João Pessoa e a notícia foi de que o crime foi político e houve por isso a revolta. Na verdade foi crime passional. O golpe de 64 foi deflagrado, tendo como motivo principal a acusação de que João Goulart, um rico fazendeiro, iria implantar o comunismo no Brasil, iniciando pela expropriação das terras para a reforma agrária. João Goulart era um grande democrata, um estadista, não era esquerdista, mas realmente queria fazer a reforma agrária. A mudança na Lei que estava encaminhando é que pagaria as terras improdutivas com títulos parcelados em 20 anos. Medida essencialmente capitalista, pois era aquisição compulsória para aumentar o número de proprietários, a produção, o mercado consumidor e de trabalho. Tanto era uma versão fantasiosa do fato que apenas 8 meses após o golpe, a ditadura promulgou o Estatuto da Terra, com as mesmas medidas propostas por Jango. Mas essa versão fez com que tivéssemos 21 anos de ditadura. Além disso os indicadores econômicos pioraram.
Embora falsa as afirmações das negociações de bastidores para tentar viabilizar ao MDB abrir mão da candidatura, os fatos poderão dar aspectos de verdade nas fakes, toda nossa linda História ir para o lixo e nosso partido terá prejuízos irreversíveis. Quanto mais votos a favor da coligação, mais a versão poderá contaminar a opinião pública.
Precisamos conhecer melhor quem quer o nosso apoio. O primeiro ato que conhecemos foi a articulação de Eduardo Leite junto aos deputados estaduais do PSDB e PTB, que faziam parte da base do Governo Sartori, para derrubar projetos, como o que encaminhava para privatização a CEEE, CRM e Sulgás. A aprovação daria continuidade, praticamente finalizando as reformas em realização. Isso interrompeu a continuidade das grandes e corajosas medidas para equacionar a falimentar e desesperançada situação que o Estado se encontrava ao iniciar o Governo. Estas medidas estão na essência do programa de seu partido (PSDB) e o mesmo, de forma interesseira e oportunista, colocou sua pretensão pessoal acima do interesse do Estado e de seu próprio partido. Depois em seu governo encaminhou as mesmas questões e o MDB na Assembléia Ligislativa do RS foi fundamental para aprovar, dando continuidade ao que faltava para completar o conjunto de medidas encaminhadas pelo Sartori. Ele prejudicou o Estado e à sua própria administração no interesse pessoal, politiqueiro-eleitoreiro. Poderia ter assumido com as reformas mais avançadas e com isso o Estado evoluído mais.
Já detalhei, por isso não vou repetir, que exonerou funcionário CC, mesmo exercendo com qualidade sua função, para constranger deputado que poderia ter ligação e não procedeu conforme o interesse do governador, embora de acordo com grande parte da sociedade. Isso é politicagem, toma-lá-dá-cá, ameaça, intimidação.
Propalam, e é verdade, que o Governo do Estado do Rio Grande do Sul atrasava os salários e agora está em dia. Vamos esclarecer que isso deve-se: (1) Às medidas realizadas e encaminhadas pelo Governo Sartori; (2) Governo Bolsonaro enviou generosos recursos para o (a) combate à pandemia, (b) compensação pela queda de arrecadação (bastante recursos e pouca queda) e (b) auxilio emergencial aos cidadãos; (3) Com a paralização, o Estado economizou recursos. Ex: transporte escolar; (4) Pouquíssimos pagamentos de precatórios, que no próximo governo terão que ser ampliados; (5) Não pagou os parcelamentos da dívida do Estado com a União, totalizando R$ 11,1 bilhão neste governo, por liminar do STF (em processo encaminhado no Governo Sartori), aguardando a aprovação do Regime de Recuperação Fiscal, recentemente aprovado e o próximo governo terá reiniciar os pagamentos; (6) Continuidade das reformas idealizadas pelo Governo Sartori, como privatizações e reforma da previdência, viabilizando a entrada no Regime de Recuperação Fiscal da União. Isso teve a decisiva participação e articulação da bancada estadual do MDB, especialmente o Deputado Gabriel Souza. A atuação do governador não tem nada acima do normal que possamos destacar e nem que podemos dizer que foi pela sua competência a solução que faz o Estado pagar a folha em dia. É um engodo. Que ato, ação ou medida acima da média foi realizada para justificar a reeleição, mais ainda, para um partido como o MDB abrir mão de sua História, seus magníficos quadros e tudo mais para apoiar ? Ainda tem a baixeza e falta de respeito com um grande estadista como o Sartori, dizendo que ele precisava “tirar a bunda da cadeira” para resolver os problemas. Isso por sí, considerado no calor de uma disputa eleitoral não seria motivo, mas no “conjunto da obra”, é como um fermento.
A tese de que seria bom unir forças pra um pior (se tiver) não vencer, resolve-se no segundo turno, onde temos que ter a pretensão e convicção estar. Mas para isso o processo eleitoral precisa ser encaminhado corretamente, o que, até aqui, grande parte das bases tem dúvidas.
O segundo ítem de popularidade do ex-governador seria por não cumprir a palavra dizendo que não iria concorrer à reeleição. Isso também caiu por terra com a sua candidatura e passou a ser argumento contra.
Conforme mencionado, o assunto pré-previas deve ser superado, pois resquícios nada contribuem com o interesse principal do partido e do estado, mas deve ficar o exemplo para que a direção encaminhe correção definitiva para que no futuro não ocorra mais e garanta ampla participação das bases. Com esta discussão, versões estão aflorando: Eduardo Leite, talvez grato em consideração ao grande e decisivo trabalho, liderado pelo Gabriel para aprovação da conclusão das reformas projetadas pelo Sartori (também com o Gabriel na liderança do Governo na Assembléia), garantiu seu apoio e do PSDB ao MDB, caso o Gabriel fosse candidato. Isso foi assumido por grandes companheiros, causou fissuras internas no partido, a ponto do Alceu Moreira (que havíamos nos manifestados a favor – na minha opinião favorito) a desistir. E agora seria o segundo descumprimento da palavra de Eduardo Leite. Pior, virá a teoria do maquiavelismo conspiratório onde, imaginando muito equivocadamente que o Gabriel seria fraco e somente fortalecer-se-ia com o apoio dele, este preparou o seu plano B (plano A foi a candidatura presidencial), que ao retirar o apoio e candidatar-se, o MDB não teria outra opção que não apoiá-lo para não ter um pífio desempenho eleitoral. A grandeza do MDB e do Gabriel não permite conjecturar isso, mas a esperteza e interesse pessoal acima de tudo, já demonstrada por Eduardo Leite, dá guarida a esta tese.
Abrindo mão da candidatura própria, vamos prejudicar (e não ajudar) a candidatura Simone Tebet. Considerando que o pedido foi dela, grande parte da base vai revoltar-se contra ela e levarão ao resto do país que encaminhou a retirada de candidatura própria de um promissor candidato em favor de quem atua no interesse pessoal e para isso está fazendo dupla traição e politicagem do mais baixo nível. Ela e Baleia Rossi não conhecem Eduardo Leite e nem as questões daqui. Eduardo Leite descumpriu a promessa eleitoral, repetida nos últimos três anos, de que é contra a reeleição, por princípios e convicções não utilizaria este instrumento (malfada obra de FHC viabilizada de forma corrupta), também descumprindo compromisso.
No caso de Simone Tebet, precisamos nos colocar no lugar dela e entender a situação. O PSDB é um dos grandes partidos nacionais, se colocar o Tasso Jereissati de Vice é ótimo. Fez o pedido para que ela encaminhe o MDB-RS a apoiar o PSDB. Ao menos ela tem que mostrar boa vontade ao PSDB e encaminhar. Foi isso que ela fez e, creio, a maioria de nós faríamos o mesmo. Assim como, ela em nosso lugar, não aceitaria.
Entendo que não devemos condenar previamente conversas com outros partidos e candidatos, especialmente com o ex-governador Eduardo Leite. Afinal nossos companheiros participaram no governo e nos orgulharam pelo excelente desempenho, o partido ideologicamente está na mesma situação que o MDB, governa o Estado e dialogar não é capitular, mas buscar solução para atender a pretensão de ambos no interesse do Estado.
O MDB sempre foi protagonista, elegendo 4 governadores que tiveram grandes avanços e orgulho para o partido, com Simon, Brito, Rigotto e Sartori; Temos qualificados pré-candidatos, com Gabriel indicado pelo Diretório e iniciando uma linda campanha e o histórico Schirmer, cujo nome está à disposição. Temos os qualificados deputados federais, Alceu Moreira, com grande chance desistiu, Giovanni Feltes, Osmar Terra e Márcio Biolchi, além de outros quadros do nível de José Fogaça, Odacir Klein, Elizeu Padilha, Luiz Roberto Ponte, sem falar no promissor Sebastião Melo. Também poderíamos citar diversos deputados estaduais, como Vilmar Zanchin, homem que saiu realmente de baixo e, como Prefeito transformou Marau (não deixando a desejar em relação a Eduardo Leite em Pelotas), e outros qualificados, que peço desculpas por não citar para não estender ainda mais.
VAMOS AVALIAR TUDO, HONRAR NOSSA GENTE E NOSSA LINDA HISTÓRIA:
Não esqueçamos de nossa linda História e decisões muito mais dramáticas: Em 1970, no auge da ditadura militar, propaganda oficial enorme, todas as representações da sociedade apoiando: igreja, associações civis, imprensa, etc. Introduziram até uma matéria no currículo, (educação moral a cívica) para endeusar a "revolução" e satanizar os adversários (MDB, Jango, Brizola). Não tínhamos voz alguma, imprensa censurada, até aglomerações simples eram reprimidas, não existiam as redes sociais, apenas a voz de nossos líderes, comandados por Pedro Simon, organizando os diretórios em todo o nosso Estado e chamando os companheiros à luta. Lembro que em 1974 ele chegou à noite em nosso Município, buscando para candidato a Deputado Estadual, o Dr. Getulio Soares de Chaves, um grande advogado, agropecuarista, preso político na ditadura e ex-prefeito. Ele estava recolhido, em função de tudo o que havia sofrido, em sua fazendo no interior, longe da cidade. Pois o Simon foi até ele, em estrada esburacada e empoeirada, tarde da noite, convencê-lo. E assim fazia em todos os cantos de nosso Rio Grande do Sul.
Antes, e paralelamente a isso, companheiros eram retirados de casa à noite, sem mandato algum (clandestinamente), presos, interrogados, torturados e, muitas vezes mortos e nosso líder sendo chamado todas as vezes a impor sua coragem a autoridade moral, salvando muitos do que poderia ocorrer: das humilhações até à morte.
Na época, para a elite dominante, um militante do MDB era quase um criminoso, por ir contra a "revolução - que tirou o país do comunismo” e propagandeavam tanto que parecia que estávamos chegando ao "paraíso". Em consequencia disso, e de alguns que pregaram o voto em branco, em 1970 tivemos a maior derrota de todas: a Arena elegeu os 2 senadores, 14 Deputados Federais (contra 12 do MDB), 27 deputados estaduais (contra 23 do MDB). Com tudo isso, Pedro Simon foi o mais votado, com quase o dobro de votos do mais votado da Arena. A principal representação do MDB, que fazia oposição à ditadura, era o MDB do Rio Grande do Sul (assim como hoje). Também a mais vigiada e perseguida, pois era a terra dos principais líderes que os golpistas temiam.
Reuniram-se aqui no Estado, lideranças do MDB e da sociedade civil (das poucas que não estavam ao lado da ditadura) do Brasil inteiro, para discutir os rumos da luta. Isso foi motivo recente de uma grande homenagem, pela Assembleia Legislativa, que não vou aqui tomar o espaço e repetir, mas esta publicação deveria ir a todos os companheiros. Na convenção principal, de tantas realizadas, 3 propostas foram levadas pelas bases: 1) Ir para a luta armada, defendia pelos companheiros da Dilma; 2) Extinguir o MDB para mostrar ao mundo que a ditadura apenas permitia ter outro partido, mas a ditadura estava ainda mais violenta. Os defensores desta tese eram orientados pelo Brizola, que havia recebido dinheiro de Cuba, organizado a Guerrilha do Caparaó e redundou em um grande fiasco; 3) Lutar dentro do MDB, aproveitando os espaços democráticos existentes, que foi a tese de Pedro Simon e aprovada pela maioria.
Do Rio Grande do Sul os ventos democráticos levaram a todo o país as grandes teses: anistia, liberdade de imprensa, eleições diretas, assembleia nacional constituinte, etc.
Isso levou a uma estrondosa vitória do MDB em 1974 e o Rio Grande do Sul aumentou seu protagonismo nacional, com Paulo Brossard eleito para o Senado (considerado o maior orador da casa), Pedro Simon, Deputado Estadual, com grande expressão nacional, fez uma consagradora votação, 3,6 vezes mais que o segundo colocado, Lélio Souza, também do MDB. Os 6 primeiros mais votados foram da legenda do MDB. Dentre os 33 valorosos companheiros (Arena elegeu 23), elegeram-se Cézar Schirmer, Carlos Giacomazzi, Rospide Neto, Algir Lorenzon, etc. Na Câmara Federal foram eleitos 19 valorosos companheiros (Arena 13). Dos 6 mais votados, 5 foram do MDB e Nelson Marchezan (3º) da Arena. Dentre emedebistas, companheiros da qualidade de Odacir Klein, de memorável atuação (foi líder de uma fantástica bancada em torno de 200 deputados federais), Jorge Uequed (considerado como o maior orador da Câmara Federal), João Gilberto, Harry Sauer, Aldo Fagundes. Vejam a qualificação dos quadros de parlamentares que tínhamos na época e podem avaliar a grande importância destas lideranças na luta que encaminhou as maiores conquistas democráticas de nossa História, constituindo o mais lindo capítulo. Em 1978, com a grande vitória de Pedro Simon ao Senado, a maior expressão e liderança desta linda, épica e histórica caminhada, reeleição dos principais companheiros e eleição de outros, como José Fogaça, Ibsen Pinheiro, Waldir Walter, Eloar Guazzelli, Ivo Mainardi, Antenor Ferrari, as teses e as lideranças do MDB de nosso Estado avançaram e consolidaram-se ainda mais.
Embora todas as dificuldades para que as idéias e propostas do MDB, através voz de nossas lideranças pudesse ser levada ao povo, com imprensa censurada e programas eleitorais que em alguns momentos importantes permitia apenas mostrar a foto e o número do candidato, o apoio popular foi crescendo e não houve como segurar as eleições diretas para Governador, que ocorreram em 1982. Mas os casuísmos para viabilizar eleitoralmente o PDS, sucessor da Arena fizeram-se presentes, com a vinculação do voto e outros artifícios. Antes haviam sinalizado com a abertura política, extinguindo os partidos existentes e abrindo para criar diversos partidos. Nestas eleições elegeu-se pelo PMDB um dos grandes homens públicos de nosso país, vindo na incorporação do PP (antes estava na Arena) Sinval Guazzelli, enquanto alguns oposicionistas iludiram-se (ou foram cúmplices) formando novos partidos, que depois, com a vinculação dos votos, ainda o PDS (sucessor da Arena), conseguiu algumas vitórias, como em nosso Estado (onde também tiveram outros fatores escusos), mas foi a única. Nestas eleições elegeram-se companheiros como José Ivo Sartori, Germano Rigotto, Siegfred Heuser, Irajá Rodrigues, Hermes Zanetti, Paulo Mincarone, Eugenio Nelson Ritzel, Hilário Braun, Ruy Carlos Ostermann, Ecléia Fernandes Guazzelli, Antonio Lorenzi, Hélio Musskopf, Nivaldo Soares.
Grandes campanhas eleitorais, consagradas votações do PMDB e movimentos como das eleições diretas já, fizeram com que Tancredo Neves vencesse as eleições indiretas, dentro do próprio Colégio Eleitoral. Infelizmente Tancredo veio a falecer antes de assumir.
Nas eleições seguintes, mesmo com a união de 2 dos 3 maiores partidos, tivemos a mais extraordinária vitória eleitoral de um Governador, com Pedro Simon fazendo quase o dobro dos votos da coligação PDT-PDS. O PMDB também fez as 2 vagas no Senado, com José Fogaça e José Paulo Bisol. Foram mais uma leva de grandes companheiros a deputado: como Luiz Roberto Ponte, Nelson Jobim, Mendes Ribeiro, Antonio Brito, Ivo Lech, Rui Nedel, Vicente Bogo, Hilda de Souza. Erani Muller, Paulo Rietzel, Sanchotene Felice, José Antonio Daudt, Gilberto Mussi, Glenio Scherer, Antonio Dexheimer, Mendes Ribeiro Filho, Constantino Picarelli, João Osorio, Mário Limberger, Mário Madureira, Roberto Kunzel, Solon Tavares. Foram 17 federais e 27 estaduais. O PMDB elegeu quase todos os governadores, menos um.
Com isso garantiu-se a consolidação das conquistas democráticas na Assembléia Nacional Constituinte.
Os militares foram de volta aos quartéis, cumprindo o quem determina a democrática constituição, acabando com a ditadura sem derramamento de sangue, algo inédito no mundo. Tudo pela pregação das idéias e luta democrática do povo, sendo o MDB de Ulysses Guimarães, o grande condutor. Nos anos 70 o MDB dividiu-se em autênticos e moderados. O Rio Grande do Sul, sob a liderança de Simon era também o maior protagonistas dos autênticos. Ulysses Guimarães e Tancredo Neves dos moderados. Pedro Simon influenciou Ulysses a vir para os autênticos e tornou-se o maior líder.
O MDB nacional, das grandes lutas aqui citadas, resistiu e combateu a qualquer prática política não recomendada, como o fisiologismo, a deslealdade, a corrupção, os acordos espúrio, o toma-lá-dá-cá, etc., até que as lideranças autênticas o comandavam e não havia o ingresso de adesistas oportunistas.
Infelizmente a nível nacional, em determinadas ocasiões, acabou sucumbindo às práticas fisiológicas, com a aliança interna entre parlamentares egressos de outros partidos, sem tradição no MDB e alguns poucos que anteriormente não tinham poder de mando, mas tinham propensão a buscar interesses próprios acima do interesse do partido e do povo. O Governo Collor teve o primeiro grande esquema de corrupção que temos conhecimento. O PMDB não estava neste Governo, mas alguns de seus integrantes, como Renan Calheiros, Eduardo Cunha e outros estavam e posteriormente ingressaram no PMDB.
O Governo Itamar teve a marca do MDB, com Pedro Simon o braço direito, Líder no Congresso Nacional. Nenhum caso de corrupção, nenhuma nomeação por interesse que não fosse público, sem toma-lá-dá-cá e aprovando projetos da mais alta importância, como o Plano Real, que até hoje dá estabilidade à nossa economia. Inclusive tinha ordem, na recepção do Palácio do Planalto de não receber alguns, como o Gedel Vieira. Enquanto isso, no parlamento a corrupção aflorou-se, com o caso dos “anões do orçamento”. Após vem o Governo Fernando Henrique e começou a haver barganhas de parlamentares, dando ênfase ao fisiologismo e evoluindo a um esquema de corrupção para aprovar a PEC da reeleição.
Neste período o próprio Presidente da República ajudava os fisiologistas a retirar a influência da ala autêntica do PMDB, colocando a máquina (junto com a ala corrupta do PMDB) para eleger José Sarney e Antonio Carlos Magalhães, Presidentes do Senado, em detrimento de Pedro Simon. Com a eleição do Lula, os líderes autênticos perderam completamente a direção do PMDB e o PT viabilizou a eleição de Jader Barbalho para Presidente do Senado. Este Governo foi a festa para os corruptos, onde Renan Calheiros, Gedel Vieira e outros sempre foram enormemente prestigiados em importantes cargos. O fisiologismo evoluiu para a corrupção e foram ao auge implantando na prática uma cleptocracia, onde lideranças e partidos, dos extremos ideológicos, afinaram-se eficientemente, como se companheiros fossem desde os bancos escolares, fazendo o maior esquema de corrupção de toda a História da Humanidade.
A utilização do termo cleptocracia poderia ser apenas uma retórica, mas com o desmantelamento da lava-jato, impunidade dos malversadores públicos, investigação e processos contra quem efetivamente e dentro a Lei apurou e condenou parte da organização criminosa responsável pela maior corrupção da História da Humanidade, não é retórica, mas realmente é o termo adequado.
Não podemos deixar que estes ventos tragam parte desta prática para o Rio Grande do Sul. Parabéns ao Presidente Fábio Branco por cancelar a reunião do diretório. Mas precisamos ficar atentos a qualquer movimento na convenção.
Saudações Emedebistas
Mário Bertani