O povo foi para as ruas na esperança de que sua última tábua de salvação contra a gigantesca articulação para colocar Lula de volta no Planalto perpetrada pelo judiciário, pelo parlamento, pela grande mídia e por toda a esquerda enfurecida, as forças armadas, fossem lhe dar uma resposta satisfatória dentro da constituição brasileira. O que estamos vendo? Absolutamente nada.
Bolsonaro sempre falou em agir dentro das quatro linhas da constituição, e estou começando a acreditar que ele vai acabar dentro das quatro linhas da prisão mesmo que não tenha cometido qualquer crime.
O supremo, com o apoio explícito do senado federal, única entidade que poderia dar um “para-te quieto” nesta autodeclarada superpoderosa entidade, decidiu interpretar a constituição federal ao seu bel prazer sem qualquer pudor. E não só a constituição passou a ser interpretada pela suprema corte. Até mesmo a língua portuguesa foi modificada conforme o interesse dos ministros do supremo, como o fez Lewandowski quando disse que “e” é o mesmo que “ou” e com isto manteve os direitos políticos da cassada Dilma Rousseff.
Eu não sou pessimista. Apenas não acredito em mais nada.
O povo nas ruas a mais de vinte dias, continua aguardando que algo seja feito para recolocar as coisas nos seus devidos lugares e resgatar o já jogado no lixo estado de direito. E alguém ainda acredita que as forças armadas vão fazer alguma coisa neste sentido? Eu não.
O desespero da população é tão grande que já se fala em fazer resistência durante os quatro anos de governo Lula para tentar voltar em 2026. Se não se vê qualquer chance de corrigir a enormidade de decisões tomadas para levar um condenado em três instâncias enquanto Bolsonaro ainda é presidente da república, alguém será tão tolo a ponto de esperar mudar alguma coisa até 2026?
Não sejamos tolos. Quem pode ajudar nada fará neste sentido. Vão continuar achando que a constituição tem quatro linhas como um campo de futebol, mas na verdade já ela assumiu a forma de uma quadra de vôlei, cujas dimensões são infinitas. Enquanto a bola não cair no chão, pode estar em qualquer lugar do universo que continua em jogo.
Acabou, meus amigos. Nos próximos cinquenta anos, pelo menos, o pobre Brasil permanecerá desmaiado em estado de coma no seu eterno berço esplêndido.
Por mais um tempo o povo continuará acreditando que protestar nas ruas pode surtir algum resultado positivo, mas a decepção com as forças armadas será tão grande que todos os protestantes ficarão pendurados no pincel. A escada já está sendo retirada mesmo que representantes das forças armadas continuem dizendo “não desistam”.
O povo pode vencer esta guerra? Talvez, mas não através de ações por parte daqueles em cujas portas estão gritando por socorro há mais de vinte dias sem sucesso.
Escondida lá no fundo da minha alma, ainda resta uma pequena e tremulante chama que resiste em aceitar a ideia de que o caos tomará definitivamente conta do país. Ela insiste em não se apagar insistindo em me dizer que o grito do povo será finalmente ouvido pela caserna.
Alguém continua acreditando nesta efêmera chama?
Fabio Freitas Jacques. Engenheiro e consultor empresarial, Diretor da FJacques – Gestão através de Ideias Atratoras e autor do livro “Quando a empresa se torna azul – o poder das grandes ideias”.