Não é novidade que governos de esquerda têm obsessão por regulamentar, controlar e proibir. Ronald Reagan, um dos maiores e melhores presidentes dos Estados Unidos, resumia muito bem este ímpeto estatal. Dizia ele: “A visão do governo sobre a economia poderia ser resumida em poucas frases curtas: se ela se movimenta, taxe-a; se ela continua se movimentando, regule-a; se ela parar de se mover, subsidie-a”. Não há o que tirar ou acrescentar. É o receituário perfeito da criação da dependência governamental.
A tecnologia serviu para derrubar monopólios, inclusive os estatais. Querem exemplos? No Brasil, para dirigir um táxi é preciso ter uma licença emitida pelo poder público. O número de licenças é, obviamente, limitado. Se é limitado, cria-se uma reserva de mercado. Sempre que há reserva de mercado, há um único perdedor: o cliente. O governo recebe o dele, o premiado com a autorização do Estado passa a usufruir daquela benesse e todos aqueles que são potenciais usuários daquele serviço tornam-se reféns.
A chegada dos aplicativos causou um rebuliço. Entre os taxistas, porque passou a existir uma concorrência, que tempos depois se ajeitou. Havia espaço para todos. Mas essa liberdade, no aspecto político, irrita, porque tem a capacidade de tirar do sério a turma que se vê de mãos atadas na hora de tentar tirar uma casquinha do trabalho e do suor alheio. Exceto pela necessidade de uma carteira de motorista, não é preciso pedir a bênção do governante de plantão para assumir um volante e transportar passageiros de lá para cá. Não há necessidade do pagamento de taxas ao poder público. Não há a necessidade de contribuir compulsoriamente com sindicatos de esquerda, não raras vezes estão repleto de parasitas, drenando o dinheiro do trabalhador.
A esquerda se irrita. E o que ela faz? Primeiro surgem as mais absurdas narrativas. No caso dos entregadores, a frase recorrente é: estamos diante da “escravidão moderna”. Eu nunca vi alguém se candidatar voluntariamente a uma vaga de escravo. Ninguém que atua no ramo está ali obrigado ou sujeito a trabalhos forçados, sob pena de ser açoitado. A cegueira ideológica é tão grande que até o discurso ambientalmente correto, que incentiva o uso de bicicletas, foi esquecido em local incerto e não sabido. O que importa é criticar a iniciativa que se transformou em opção de trabalho para muitos.
O segundo passo da patota é tentar fazer o óbvio: regulamentar o serviço. Ou seja, criar regras e normas. E, para nossa alegria, a primeira tentativa do governo de levar adiante o besteirol trabalhista encontrou resistência nos próprios entregadores. Em síntese: a turma não quer carteira assinada, não quer ter um chefe, não quer se amarrar a uma jornada definida pelo patrão. Pasmem! Eles são livres! Trabalham quando querem, a hora que querem, a jornada que bem entenderem. Partidos de esquerda e sindicatos são acometidos de uma síncope inexplicável.
A reunião que ocorreu recentemente, em Brasília, entre entregadores e governo, pode ser resumida da seguinte maneira: gritaria, socos na mesa e uma resistência não esperada à ideia dos iluminados petistas. A reação veio com uma ordem: “Encontrem gente que seja simpática à regulamentação”. E as centrais sindicais, repletas de agentes ideológicos, foram acionadas. Portanto, não se surpreenda se dentro de alguns dias encontrarmos depoimentos de pessoas aptas ao papelão de dizer “sou entregador, os aplicativos me exploram, sinto que sou um escravo do século XXI”. Tudo para manter viva a narrativa de que o Estado é bom, mas empresas e empresários são malvados.
Se você ficar com um pé atrás, faça você mesmo o teste. Peça uma tele e pergunte ao entregador. Embarque em um carro de aplicativo e questione o motorista, se ele está disposto a abrir mão da liberdade que tem, de escolher o quando e quantas horas irá trabalhar, em troca de uma carteira assinada. Na minha pesquisa informal, liderada pelo renomado instituto “DataAlemãoBatata”, o índice de rejeição bateu em 100%, para a ideia de exigir carteira assinada dos motoristas. Na pesquisa qualitativa, as frases mais ouvidas foram: “Eu trabalho quando quero”; “dirijo três horas por dia, para complementar a renda”; e “ganho mais hoje do que no meu emprego anterior”. Ah, e claro, algumas menos polidas, como “quero que o governo se exploda e me deixe em paz”.
Se quisesse realmente ajudar, algumas singelas sugestões. No caso dos motoristas, reduzam as exigências para se obter uma carteira de motorista, certamente uma das mais caras do mundo. Reduzam impostos para carros, motos e bicicletas. Acabem de vez com PIS e Cofins, que foi retomada há pouco no caso da gasolina. Tornem os insumos mais baratos. Em outras palavras, deixem as pessoas trabalharem e serem donas dos próprios narizes.
Direito de pergunta
Magistratura, Ministério Público e Polícia Federal serão coniventes com a absurda frase presidencial, sugerindo que a operação do PCC para matar Sergio Moro, a esposa e um promotor de Justiça foi uma "armação"?