Ai, esta coluna parece "O Velho e o Mar", o livro daquele americano meio louco... É que tem poucos personagens... Um velho, um peixe e...
Comecemos pelo velho. O tiozinho da Gaúcha falou que o treinador do Grêmio (olha o peixe aí!), das várias passagens pelo clube, agora está mostrando um trabalho autoral. E a minha voz interior gritou: "Ai, que saudade do Lauro e do Rui!".
Foi então que veio o jogo contra o Bragantino. E não é que o tiozinho tem razão?! Aquilo é trabalho autoral, sim, meu filho! Um time desconjuntado, parecia um molusco gigante. Aquele desastre não pode ser de improviso. É fruto de longo trabalho. Ah, mas recém estamos em setembro... É preciso dar tempo para a equipe adquirir forma de jogar.
No fim, o Sr. Portaluppi, o Invicto, interpretou os acontecimentos e "prolatou" uma frase muito original: "A equipe não foi competitiva". Uma hora é "faltou empenho". Noutra, "não foi competitiva", o que vem a dar no mesmo. O grande gestor de grupo é assim: descarrega nos jogadores e só neles a responsabilidade dos fracassos.
Mas ele é gênio! Prova 1: num campo pesado, embora tendo alternativas, escalou jogadores que chegaram desgastados por haverem jogado por suas seleções, Villasanti e Carballo. Prova 2: situação semelhante à dos dois era a do goleiro, que fizera longa viagem de retorno da seleção (falhou nos dois gols). Prova 3: o gênio, a quem se permite ser onipresente no clube, é "autor" (saliente-se o termo) de o Grêmio haver, dos três goleiros que tinha, dispensado os dois melhores. Aliás, o Grêmio era para ter contratado um goleiro experiente e não o fez. Por quê?
E os iluminados da imprensa... Nada se perde, nada se cria, tudo se copia...
É lamentável que, do jogo com o Bragantino, Carballo tenha saído com lesão muscular. Pois é. Nenhum dos iluminados levantou a hipótese de que a lesão tenha a ver com o fato de o atleta haver sido escalado para atuar num campo pesado depois de ter jogado pela seleção do Uruguai e de longa viagem de retorno. Poderiam questionar o Departamento Médico.
Por outro lado, comentaristas até notaram que Villasanti não teve, no referido jogo, a intensidade de sempre. Mas parecem não ter percebido que essa "falta de intensidade" incidiu logo após duas partidas (intensas!) pela seleção do Paraguai e uma viagem de volta.
De tudo isso, tiram-se algumas verdades. Uma é que, além de mal treinado, o Grêmio também é mal escalado. Outra é que permanece a falta de coragem (ou será falta de talento?) dos iluminados para fazerem as perguntas que qualquer repórter (repórter!) faria ao treinador.
É claro que tudo pode piorar... Continua a campanha do pessoalzinho da Rádio Gaúcha para que o Invicto siga fornecendo material à imprensa em 2024. O pessoalzinho insinuou como informação (mas pode ser "fake") que a direção do Grêmio "sonha" (cruzes!) com Renato para 2024.
É como você entrar numa loja para fazer uma compra e dizer ao vendedor: "Olha, a minha vida inteira sonhei em comprar isso, economizei durante anos para chegar aqui e não posso voltar para a casa sem este objeto de meu desejo." Será que o vendedor vai fazer algum desconto para o convencer de comprar? Por que faria, se você já está convencido?
Será que a direção do Grêmio cometeria a burrice de comunicar esse sonho e criar uma desvantagem para si mesma? É possível. Esta coluna já está careca de mostrar como nossos clubes se parecem com empresas estatais: diretores fazem m... e não dá nada! A instituição banca o prejuízo.
Outra coisa, se esse for o "sonho" da direção, o Grêmio vai voltar à segundona nos próximos três anos. Um clube da estatura do Grêmio teria de sonhar com um treinador top, não com um apenas mediano.