Grêmio e o que não estão vendo, por Facundo Cerúleo

O futebol é mais do que uma bola sendo chutada e 22 pares de pernas a correr em campo: tem dirigentes, torcida e imprensa, cada qual com seu comportamento muito próprio e interessante para uma análise.

No jogo com o São Paulo, o Grêmio foi tão, tão mal, que ter perdido por 3 saiu barato. Diga-se o óbvio: perder é do jogo, o problema está em saber por que perdeu. E foi mais um fiasco!

Será difícil achar um fato mais grave que a substituição de Cristaldo aos 27 do 1º tempo, dando lugar a Nathan Fernandes, um garoto da base. Portaluppi não sabe, mas Cristaldo é muito habilidoso: tem intimidade com a bola. Jogou mal os 27 minutos em que esteve em campo? Sim. Poderia melhorar dentro do jogo? Talvez! Ele tem potencial. O garoto que entrou resolveria? Talvez! Mas não resolveu. Foi uma decisão errada do técnico!

Aí veio a incrível entrevista coletiva pós-jogo com Portaluppi. E nenhum repórter tocou no fato. Cristaldo foi escalado numa função diferente da costumeira (Portaluppi sempre o coloca para marcar, o que não é sua vocação). Alguém perguntou se ele chegou a treinar na função que exerceu naqueles 27 minutos? Não, ninguém perguntou nada! Sabe-se que o Grêmio treina pouco: talvez ele nem tenha treinado. Mas foi queimado aos 27...

Os iluminados da imprensa não perceberam a extensão do dano. Olhem, (1) Cristaldo é o investimento mais alto da história do clube; (2) tem um baita potencial; (3) o técnico (aparentemente) nunca compreendeu nem (certamente) aproveitou o potencial dele; (4) como patrimônio do clube, ele só se desvalorizou com as decisões confusas do técnico; (5) ele tem despertado o interesse de outros clubes; (6) a tendência é que não fique no Grêmio e que, por efeito de portalupices, seja vendido por menos do que custou; e (7) é improvável que o Grêmio consiga substituí-lo com equivalente qualidade. (E ainda vamos vê-lo brilhar noutra praça.)

Não há como não falar. A substituição de Cristaldo aos 27 minutos de jogo, foi um ato que, além de impulsivo, temperamental e irresponsável, torrou o garoto e tem um caráter de "lesa patrimônio".

Outra coisa, Josué (garoto da base) entrou como titular e deu conta do recado. E a pergunta que ninguém fez na coletiva: se o garoto pôde jogar uma partida que se previa como problemática (fora de casa!), por que não foi escalado dias antes para começar contra o Athletico-PR (em casa!) quando o Grêmio não tinha nenhum volante para pôr em campo?

É a mesma burrice que deixou Ronald no banco contra o Fortaleza.

Agora, atenção! Que os moços da imprensa não percebam nem é o principal: sei muito bem a que se prestam hoje as faculdades de jornalismo... O que importa é a direção do clube enxergar o que está acontecendo. Para o Grêmio, 2023 já era! Mas será que 2024 já começou a ser planejado?

Este final de temporada é uma bifurcação para o Grêmio: tem o caminho da renovação, que requer uma profunda mudança (de conceitos e de cabeças), e tem o caminho do quarto rebaixamento. Não é frase de efeito, não! Aonde pode chegar um clube que, lidando com um orçamento de muitos milhões, é entregue a um amadorismo fanfarrão?


Quatro estratégias para cobrar clientes inadimplentes ainda em 2023, por Luiz Correia

Cobrar clientes inadimplentes é uma das tarefas mais delicadas que toda empresa passa em algum momento. Afinal, ninguém gosta de ser cobrado, ainda mais quanto a dívidas pendentes com algum empreendimento. E, com a chegada do final do ano e a expectativa de muitos consumidores em adquirir diversos produtos por preços mais em conta, adotar uma boa estratégia de cobrança será fundamental para auxiliá-los a limpar seu nome e, com isso, elevar as vendas em uma época extremamente importante para o comércio.

O poder econômico de muitos clientes foi severamente prejudicado com a pandemia. Em dados divulgados na Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), feita pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), como exemplo, foi identificado que a parcela de famílias com dívidas ficou em 78,9% em novembro de 2022, quantia 75,6% superior à registrada em novembro do ano anterior.

Reduzir a inadimplência, neste cenário, pode ser um tremendo desafio para muitos negócios. Por isso, confira abaixo quatro dicas que podem auxiliar a sua empresa nessa tarefa em prol de resultados eficazes:

#1 – Entenda o perfil do inadimplente: toda empresa quer que o inadimplente volte a ser um consumidor ativo com a marca. Mas, para isso, precisam, primeiramente, entender a situação na qual cada um se encontra – de forma que consigam entrar em contato oferecendo soluções de pagamento personalizadas e cabíveis à sua realidade. Este cliente precisa ser ouvido quanto a suas dores, recebendo soluções que possam arcar e que, ao mesmo tempo, permita à marca reconquistá-lo para novas compras.

#2 Não seja excessivo: ser invasivo e excessivo nas mensagens de cobrança não trará nada positivo para a empresa, apenas elevará as chances de prejudicar sua imagem no mercado e fazer com que o cliente vá para o concorrente. A comunicação com o inadimplente precisa ser a mais empática possível, ressaltando a importância de limpar o seu nome em prol de retomar seu poder de compras de forma saudável. Afinal, estar adimplente significa ter mais crédito no mercado para futuras aquisições, sem empecilhos que possam barrar este processo.

#3: Crie uma abordagem personalizada: o final do ano é uma época muito aguardada pelo comércio, pois marca a chegada das compras de Black Friday e Natal. Quem também espera esse momento sãos os consumidores, que buscam aquirir itens com preços mais baratos. Esse é o momento ideal para a sua empresa ajudá-los a não se tornarem mais inadimplentes, por meio de soluções personalizadas que os tornem economicamente ativos novamente. A abordagem precisa ser individualizada e amistosa, para que se sintam acolhidos e consigam encontrar a melhor estratégia para cada necessidade.

#4 Escolha o melhor canal de comunicação: cada cliente tem sua própria preferência no que diz respeito ao canal que preferem ser abordados, e identificar isso é um dos pontos mais importantes para o sucesso da cobrança. Dentre as opções do mercado, os canais digitais oferecem grandes vantagens para esse processo, possibilitando que as empresas entrem em contato de forma mais rápida e eficiente trazendo as soluções personalizadas. Assim, os consumidores podem responder no momento mais apropriado, garantindo que se sintam mais confortáveis nesse momento.

As empresas precisam ter claro em mente que uma boa estratégia de cobrança não deve focar em mensagens invasivas quanto a essa dívida, mas sim em soluções apropriadas e cabíveis às suas condições. Até porque, a única forma de conseguirem fazer com que esse cliente volte a comprar da marca, é por meio de uma abordagem amistosa e próxima, encontrando sinergia entre as demandas do negócio e as dos consumidores.

Com isso, é dever das marcas clusterizar seus inadimplentes, criando grupos conforme os canais mais aderentes para cada um para que, dessa forma, assegurem segurança e comodidade nos devidos pagamentos. No final, todo cliente escolherá com qual empresa irá se relacionar e arcar com suas dívidas, e apenas aquelas que os tratarem com proximidade e de forma humanizada, conseguirão retê-los e satisfazê-los em um momento financeiro tão delicado para todos.

Luiz Correia é Head comercial da Pontaltech, empresa especializada em soluções integradas de voz, SMS, e-mail, chatbots e RCS.

 

Sobre a Pontaltech:

Fundada em 2011, a Pontaltech é uma empresa de tecnologia especializada em comunicação omnichannel que ajuda empresas a automatizar e escalar seus atendimentos com um portfólio composto por diversos canais digitais e de voz. Com soluções integradas de SMS, e-mail, chatbot, RCS, agente virtuais, entre outros, simplifica a comunicação das empresas com seus clientes de forma inteligente e eficiente, sem nunca perder a proximidade humana.


Inadimplência tem nova alta em setembro, RS

Dados são da PEIC, pesquisa realizada pela Fecomércio-RS


A Fecomércio-RS divulgou a edição de setembro de 2023 da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência das Famílias (PEIC-RS). O percentual de famílias endividadas corresponde a 96,3% do total de famílias da amostra. No mês anterior, esse percentual atingiu o máximo da série histórica (96,6%) e, na comparação com setembro de 2022, houve alta (94,1%). Entre as famílias com renda de até 10 salários mínimos (s.m.), o percentual de endividados atingiu 97,9%, o pico da série para essa faixa de renda. Entre as famílias com renda com mais de 10 s.m., houve queda do percentual de endividados que passaram de 92,5% para 89,7% de agosto de 2023 para setembro de 2023.

Ainda que o percentual de endividados seja bastante elevado, o percentual daqueles que se consideram “muito endividados” caiu em comparação ao mês anterior, indo de 29,2% para 27,5%. Contudo, comparado a setembro de 2022 (17,7%) é ainda bastante elevado. Por outro lado, a parcela da renda comprometida com o pagamento de dívidas passou de 26,4% em agosto de 2023 para 27% setembro de 2023. Em setembro de 2022 era de 21,9%. O tempo de comprometimento com dívidas, porém, se reduziu na comparação mensal e interanual, atingindo 6,6 meses. O menor prolongamento das dívidas pode se refletir num comprometimento maior da renda com o pagamento dessas dívidas.

O percentual de famílias com contas em atraso atingiu 41,2%. Em agosto de 2023, era de 39,7% e, em setembro de 2022, de 37,8%. Esse indicador segue bastante elevado e é um sinal de alerta para riscos de inadimplência. Ainda que o contexto econômico atual tenha apresentado melhora em algumas variáveis importantes, as famílias continuam com muitas dificuldades para pagar suas contas em dia. “Nos últimos meses, o mercado de trabalho melhorou, a inflação se comportou de forma mais benigna e os juros começaram a cair. Mas ainda não vemos isso se refletir nos números. Estamos ainda vivendo o rebote de um tempo em que o crédito se expandiu muito na economia brasileira, financiando as famílias que viam seus orçamentos estrangulados pela inflação. Até a situação se normalizar, o varejo e os serviços voltados às famílias não vão conseguir capturar plenamente os efeitos da melhora da conjuntura”, comentou Luiz Carlos Bohn, presidente da Fecomércio-RS. O tempo de pagamento com atraso foi de 36,4 dias, ficando estável na comparação com o mês anterior e apresentando redução interanual (39,8 dias).

Por fim, o percentual de famílias que não terão condições de quitar nenhuma parte de suas dívidas em atraso em 30 dias foi de 2,6%. Esse percentual, apesar de baixo, aumentou pelo segundo mês consecutivo, ficando praticamente estável na comparação com o ano anterior.


Confira as propostas do relator

Fundos exclusivos


•    Instrumento: originalmente era medida provisória, mas texto foi incorporado a projeto de lei;


•    Como é: tributação apenas no momento do resgate do investimento;


•    Tributação: alíquota de 15% (fundos de curto prazo) ou de 22,5% (fundos de longo prazo) de Imposto de Renda sobre os rendimentos uma vez a cada semestre por meio do mecanismo chamado come-cotas a partir do ano que vem. Fundos com maiores prazos de aplicação têm alíquotas mais baixas por causa da tabela regressiva de Imposto de Renda;


•    Atualização antecipada: quem optar por começar a quitar o come-cotas em 2023 pagará 6% sobre o estoque dos rendimentos (tudo o que rendeu até 2023). O governo propôs dois modelos de pagamento


       –    6% para quem parcelar em quatro vezes, com a primeira prestação a partir de dezembro. Na medida provisória, o governo tinha proposto alíquota de 10% nessa situação;


       –    15% para quem parcelar em 24 vezes (dois anos), com primeira prestação a partir de maio de 2024.


Offshore e trusts


•    Instrumento: projeto de lei;


•    Como é: recursos investidos em offshores, empresas no exterior que abrigam fundos de investimentos, só pagam 15% de Imposto de Renda sobre ganho de capital se voltarem ao Brasil;


•    Tributação: cobrança anual de rendimentos a partir de 2024, com alíquotas progressivas de 0% a 22,5%, mesmo se dinheiro ficar no exterior. Cobrança ocorrerá da seguinte forma


       –    isenção sobre parcela anual dos rendimentos até R$ 6 mil;


       –    15% sobre parcela anual dos rendimentos entre R$ 6.000,01 e R$ 50 mil;


       –    22,5% sobre parcela anual dos rendimentos acima de R$ 50 mil.


•    Apuração: lucros das offshores serão apurados até 31 de dezembro de cada ano


•    Forma de cobrança: tributação dos trusts, relação jurídica em que dono do patrimônio transfere bens para terceiros administrarem.


•    Como funcionam os trusts: atualmente, legislação brasileira não trata dessa modalidade de investimento, usada para reduzir o pagamento de tributos por meio de elisão fiscal (brechas na legislação) e facilitar distribuição de heranças em vida;


•    Variação cambial: lucro com alta do dólar não será tributado em duas situações


       –    variação cambial de depósitos em conta corrente ou em cartão de crédito ou débito no exterior, desde que os depósitos não sejam remunerados;


       –    variação cambial de moeda estrangeira para vendas de moeda de até US$ 5 mil por ano.