O STF está com a corda no pescoço

 O STF, a Corte Suprema do Brasil, está mesmo com a bunda de fora e caiu de vez na maledicência do povo, via redes sociais, e não apenas, agora, meio que tardiamente, também na pauta do Senado.

O STF está no olho do furacão, apanhando muito, defendendo-se histericamente e tentando manter a pose.

E, claro, vira piada nas redes sociais.

A mais recente tem a ver com a votação, esta semana, da PEC aprovada pelo Senado e que acaba com as chamadas decisões monocráticas, com o voto favorável do próprio líder do governo lulopetista, o senador Jacques Wagner.

O que diz a piada:

Diz o STF: "Se vocês continuarem assim, vamos sair do PT e mudar de Partido".

Ninguém é bobo.

Logo depois da aprovação da PEC no Senado, com o voto favorável do líder do governo lulopetista, surgiram pelo menos duas ações que demonstram o pavor que bateu nos ministros do STF:

1) A queixosa e pastosa reclamação dos ministros, feita para a jornalista Eliane Cantanhêde, da Globo, segundo a qual eles se sentiram traídos na votação e exigiam a cabeça do senador Jacques Wagner, mas depois os termos dos protestos feitos de viva voz pelo conhecido parlapatão que é o ministro Gilmar Mendes, na base do senhor do raio e do trovão, falando em nome dos colegas.

2) As apressadas e humilhantes idas dos ministros Barroso, Gilmar Mendes, Zanin e Moraes a jantares com Lula da Silva e até com Janja da Silva, que não é nenhuma mulher de Cesar.

Com estes dois movimentos, o STF confirmou de público que é membro da organização político-midiática que conspirou e agiu para prejudicar Bolsonaro, o que continua fazendo até hoje.

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Vamos ver se eu consigo fazer um resumo da ópera, analisando os dados postos na mesa durante estas últimas semanas, ou seja, este é o cenário político que enxergo antes da mega-manifestação programada para este domingo na Avenida Paulsita e da qual pela primeira vez participará, este ano, o próprio ex-presidente Jair Bolsonaro:

Quem está perdendo com os últimos acontecimentos, com ênfase para os casos da morte do preso político Clériston Pereira da Cunha e da PEC que limite decisões monocráticas do STF:

O STF, indiscutivelmente. A reação destemperada dos ministros do STF e a busca por encontros e telefonemas apressados para Lula da Silva, Janja da Silva, Jacques Wagner e Rodrigo Pacheco, mas não só, provam isto.

O governo de Lula da Silva, do PT, que perde menos do que o STF, mas perde indiscutivelmente, obrigado a jogar em cima do muro, acendendo uma vela para Deus e outra para o Diabo, acusado até de traidor por seu eterno aliado STF, que agora o considera traidor da causa e até de mal agradecido pela ajuda que o STF concedeu ao libertá-lo da cadeia, perseguir Bolsonaro e colocá-lo no Planalto. O voto do seu líder no Senado, a favor da PEC, é sinalização para a maioria formada na Casa de que o governo quer manter ponte com ela e tratar de salvar o que for essencial para ele, mesmo que tenha que entregar antigos aliados como o STF. Neste momento, o governo lulopetista precisa mais do Congresso do que do STF. Uma traição, nestas circunstâncias, tem gosto de mel doce na boca.

Quem está levando vantagem
Evidente que o Senado e particularmente o presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco e seus aliados parlamentares mais próximos, que viram suas popularidades elevadas, o que significa prestígio e votos.

E a oposição, claro que sim, com ênfase para o próprio Bolsonaro.

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No que vai dar tudo isto ?

Como vocês perceberam, estamos diante de um cenário multifacetado, mas o resumo da ópera é que o maior perdedor nesta história toda é sem dúvida alguma o STF, que recuará por conta própria ou será obrigado a recuar.

É só prestar atenção nos discursos e cartazes que amanhã inundarão a Avenida Paulista.

Lá será possível perceber com clareza quem é quem e quem de fato está com a corda no pescoço.

Artigo, MarceloTognozzi, Poder360 - O caminho de volta

Quando Bolsonaro começou a fazer campanha, sua equipe cabia num fusquinha: ele, os 3 filhos e o então deputado gaúcho Onyx Lorenzoni. Timinho aguerrido que logo teve a adesão de Jorginho Mello, hoje governador de Santa Catarina, e do deputado paraense Eder Mauro. No 1º café com o projeto de candidato a presidente, eram apenas 5 sentados à mesa do apartamento de Lorenzoni. Era maio de 2017. Poucos meses depois, os cafés viraram almoços disputadíssimos e com quorum alto. Mais um pouco, a campanha ganhou pernas e caminhou até a vitória.


Onyx conta com bom humor e muitos números a história da chegada de Bolsonaro ao poder e os bastidores do seu governo no livro “Do baixo clero ao Planalto” lançado mês passado. Poderia ser mais um livro de memórias sobre um governo e seus personagens dos tantos publicados nas últimas décadas, como o incrível “Meninos eu vi… E agora posso contar” do ex-senador paraibano Drault Ernanny, suplente de Assis Chateaubriand e dono da famosa Casa das Pedras no Alto da Boa Vista, no Rio, frequentada pela nata dos políticos e socialites nos anos 1950 e 1960. Mas o livro de Onyx é diferente.


Retoma o eixo de uma narrativa perdida pela direita brasileira depois da derrota de 2022. Exibe números traduzindo bons resultados, os quais, vítimas da péssima comunicação do governo, ficaram desconhecidos do respeitável público.


A começar pelos 26 milhões de invisíveis trazidos à luz das estatísticas, quando Lorenzoni forçou a mão garantindo que o auxílio emergencial da pandemia fosse digitalizado e plugado no celular. Ao mesmo tempo em que fizeram do Brasil o 7º país digitalizado do mundo, os técnicos do governo descobriram os mais de 10% dos brasileiros ignorados pela burocracia e planejamentos oficiais.


“Nossa meta era usar os auxílios em dinheiro para ajudar as pessoas a saírem da pobreza, dando a elas uma oportunidade real de prosperar. Muito diferente do atual governo, que atua no sentido de empoçar a pobreza. Os números e os fatos são todos reais. Somos a antítese do pobrismo”, provoca Onyx.


Com argumentos e sua versão sobre a história da trajetória de Bolsonaro, vai religando a narrativa da direita brasileira, desmantelada pelo desastre do 8 de Janeiro, a eficiência da pressão do governo Lula e seus aliados sobre os opositores e a falta de planejamento da oposição até hoje sem eixo, discurso e sem comunicação profissional. Uma oposição reativa em vez de proativa.


A eleição de Javier Milei não foi uma surpresa para Onyx, cuja performance do presidente eleito monitora desde 2021. No início daquele ano, Milei lançou sua candidatura e foi abrindo caminho com meia dúzia de gatos-pingados até engrossar o caldo e chegar à presidência num movimento semelhante ao de Bolsonaro no Brasil.


Depois de perder a eleição de governador para Eduardo Leite, Onyx foi viver em Portugal. Passado o luto natural da derrota, mergulhou no trabalho construindo conexões com os partidos de direita e centro-direita da Europa como Vox e PP espanhóis, o português Chega e o italiano Irmãos da Itália, da premiê Giorgia Meloni. Também se aproxima dos conservadores alemães, franceses, belgas e holandeses.


No fim do ano passado, liderou no Rio Grande do Sul o lançamento da Frente Conservadora, hoje tocada pelo seu filho, o deputado estadual Rodrigo Lorenzoni (PL). Trabalho duro ligar as pontas dos partidos conservadores da Europa, América Latina e mais os Republicanos dos Estados Unidos. Dedica 10, 12 horas do seu dia nisso. Afinado com o deputado Eduardo Bolsonaro, que ajudou Milei na sua campanha vitoriosa, Onyx articula uma pauta comum e ações de sinergia entre os partidos conservadores do mundo ocidental.


Sua meta é um encontro internacional marcado para fim de março, ou início de abril, do ano que vem (2024) em Florianópolis, cujo anfitrião será o governador Jorginho Mello. É provável que o próprio Milei compareça ou participe por videoconferência.


“O nosso diálogo precisa ser permanente, nossa comunicação mais eficiente e os objetivos comuns. A esquerda tem feito isso com muita competência e nós só vamos ganhar a guerra cultural se agirmos com o mesmo profissionalismo”, avisa Onyx, cujo livro será lançado em Portugal em 15 de dezembro.


A direita imagina ter um espaço para trabalhar na América do Sul, especialmente depois da vitória de Milei. Há uma conjunção de fatores geopolíticos a respaldar isso, começando pelo fato de o governo Lula ter perdido, ao menos temporariamente, os aliados tradicionais no Mercosul, com Uruguai, Paraguai e Argentina, sob governos conservadores.


Há um desgaste cada vez maior do governo Gabriel Boric no Chile, o que pode trazer a centro-direita de volta ao poder. Gustavo Petro, 1º presidente de esquerda da Colômbia, enfrenta uma crise cujo pivô é seu filho Nicolas, acusado de receber dinheiro do narcotráfico. É possível que esse dinheiro tenha financiado a campanha de Petro. As recentes eleições no Equador levaram ao poder Daniel Noboa e deixaram derrotada a esquerda liderada pelo ex-presidente Rafael Correa.


Nos Estados Unidos, veremos uma eleição duríssima no ano que vem, com chances de vitória dos Republicanos. E, para completar o quadro, um dos fortes candidatos à presidência do Peru deve ser o general José Williams, direitista, ex-presidente do Congresso e articulador do afastamento do ex-presidente Pedro Castillo.


A direita se assanha em retomar o espaço perdido com a eleição de Lula. Aposta na polarização, que agora é mundial e por muito tempo continuará assim. Quem não entender o jogo será carta fora do baralho.