Presidente da ABPM teme que RS perca sua produção para a vizinha SC.
As cadeias produtivas gaúchas clamam por um estado que incentive a produção e não acabem de vez com o nosso Agro, com a retirada dos incentivos fiscais de 64 setores da economia do RS. Com este objetivo, o vice-presidente da Assembleia Legislativa do RS (ALRS), deputado Paparico Bacchi, foi até Vacaria, nesta quarta-feira (14), para ouvir Francisco Schio, presidente da Associação Brasileira de Produtores de Maçã (ABPM) e diretor-presidente da Agropecuária Schio, maior produtora e exportadora de maçã do país.
“O RS é responsável por 50% da produção nacional, rivalizando com os outros 50% produzido pela nossa vizinha SC. Mas, ao contrário de nós, os catarinenses continuarão isentos de tributos para a sua produção e o RS terá uma acréscimo de imposto que chegará a 17%. É uma concorrência totalmente desleal. Somos um setor, relativamente pequeno, que vai ser impactado drasticamente pelos decretos de corte dos incentivos do governador Eduardo Leite”. Advertiu o presidente da ABPM.
Segundo Francisco Schio, o setor da produção de maçã gaúcha ocupa apenas 16 mil hectares (1 hectare equivale a 10 mil m²) de área plantada e emprega 60 mil trabalhadores, direta e indiretamente, e, para ele, as medidas impostas pelo governador não surtirão o efeito desejado pelo gestor. “Com certeza, o Governo do RS não vai conseguir resolver o problema de arrecadação do Estado, colocando ICMS na maçã. A única coisa que o governador vai conseguir é criar problemas para o nosso setor”, esclareceu Schio.
Com a volta da oneração dos setores, dentre eles, o da maçã no RS, o segmento especulativo empresarial será um dos fatores responsáveis pelo empobrecimento da arrecadação local. Francisco explica que, com a insegurança fiscal, os investimentos vão diminuir. A maioria das empresas e produtores vão interromper todo e qualquer investimento no estado.
“Se, por exemplo, um produtor rural que tiver alguma possibilidade de renovar seu pomar, ele tem a possibilidade de fazê-lo no estado vizinho de SC, pois lá o clima para produzir é semelhante ao nosso. Com certeza, indiretamente, o governador Eduardo Leite vai incentivar com que o produtor migre para este estado, que possui condições fiscais, de incentivos, muito mais favo
favoráveis que a nossa”. Alertou o diretor-presidente da Agropecuária Schio.
O setor de industrialização é outro segmento diretamente afetado pelos cortes do Governo. O deputado Paparico Bacchi admite a possibilidade de que também haja a migração das plantas industriais para outros estados. “É uma questão de proteção comercial o que está em vias de ocorrer com o RS. As empresas não tem nada contra o estado, mas sem condições mínimas de concorrência, vamos perder essas empresas em breve”, explicou Bacchi.
“Agora, é a hora de agirmos. Sempre me posicionei e trabalhei muito contra o aumento de impostos e contra o corte de incentivos fiscais. Juntamente com a Bancada Liberal na ALRS e o PDL (Projeto de Decreto Legislativo), de autoria do deputado Rodrigo Lorenzoni, vamos lutar para sustar os efeitos dos decretos do governador. É necessário que cada um faça sua parte para que consigamos derrubar a retirada dos incentivos fiscais a todas estas classes da economia que sustentam o nosso Rio Grande do Sul. É uma batalha bastante difícil, mas é importantíssima para todos os gaúchos”. Conclamou o vice-presidente da ALRS, deputado Paparico Bacchi.
A PRODUÇÃO DE MAÇÃ NO BRASIL
Segundo dados da Associação Brasileira de Produtores de Maçã (ABPM), a produção de maçãs no Brasil disparou, sendo que as maiores concentrações encontram-se no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, com mais de 95% da produção brasileira:
Rio Grande do Sul
1980/1981 - 13,5 mil toneladas
1990/1991 - 85,2 mil toneladas
2000/2001 - 304,4 mil toneladas
2018/2019 - 485,3 mil toneladas
2019/2020 - 440,3 mil toneladas
2020/2021 - 630 mil toneladas
Santa Catarina
1980/1981 - 37,2 mil toneladas
1990/1991 - 217,2 mil toneladas
2000/2001 - 378,7 mil toneladas
2018/2019 - 585,1 mil toneladas
2019/2020 - 471,5 mil toneladas
2020/2021 - 617,4 mil toneladas
Brasil
1980/1981 - 67,2 mil toneladas
1990/1991 - 330,7 mil toneladas
2000/2001 - 709,8 mil toneladas
2018/2019 - 1.1 milhão de toneladas
2019/2020 - 938,6 mil toneladas
2020/2021 - 1.276 milhão de toneladas