Era um domingo e Andy Terezo não conseguia dormir após ver vídeos do Rio Grande do Sul, o estado vem sendo atingido por fortes chuvas desde o dia 27 de abril. O empresário e músico de 35 anos estava em sua casa com esposa e filho, em Curitiba (PR), e sentiu que precisava fazer algo. Na manhã seguinte, Andy reuniu 30 amigos, com quem costuma andar de jet ski e saiu no mesmo dia para Porto Alegre, capital gaúcha, sem data para retorno.
"Nós passamos a noite viajando, não dormimos, chegamos na manhã desta terça e ficamos assustados com tudo que vimos. A gente tem uma dimensão através dos vídeos, mas nem chega perto do que é ver pessoalmente. Nós vamos passando e tem gente gritando pedindo ajuda, cachorro nadando, pessoas sozinhas nadando no meio da água. É muito triste, a água não para de subir", destacou o empresário ao Valor.
Terezo e seus amigos chegaram a Porto Alegre de carro, deixaram o veículo em uma garagem e seguiram de jet ski para outras cidades que precisavam de ajuda. O grupo composto por 30 pessoas está utilizando 15 jet skis e dois barcos e, neste momento, está em Canoas, um dos municípios mais afetados.
"Esse é o único jeito de chegar em alguns pontos, a gente vai passando por cima de casas, de lojas porque está tudo embaixo d'água. Tem muita coisa aqui, tem muitos animais na rua, cavalo desesperado com água até o pescoço, pessoas sofrendo, perdendo tudo. Para estar aqui tem que estar com a cabeça em dia porque é muito difícil, eu nunca imaginei na minha vida ver tanto sofrimento", diz.
Na casa de sua mãe em Curitiba, o empresário montou um local de campanha para receber doações de água, comida e produtos de higiene que serão transportadas para a capital gaúcha através de um outro amigo dono de uma transportadora.
Além disso, Terezo afirma que vem recebendo ajuda das pessoas que estão em Canoas, como um mecânico que consertou um jet ski que quebrou, outro que permitiu que o grupo colocasse um colchão na sala ou usasse o banheiro.
Entretanto, o empresário afirma que a falta de segurança vem dificultando o trabalho dos voluntários, não só pela sua própria proteção, como por moradores que não querem deixar suas casas por medo de serem roubados.
"Em alguns momentos a Polícia Federal nos escolta, mas quando eles vão embora é nós por nós. A gente escuta tiro, uns alertam para não ir em tal lugar que estão roubando, tem gente que pede ajuda em uma casa, o pessoal chega lá e é roubado. Segurança zero", afirmou.
"Só que existe mais gente ajudando que atrapalhando, e isso é o que importa. Estamos muito emocionados de estar aqui, você não sabe mais o que é impressionante ou emocionante, é tudo muito forte. Arrepia poder ajudar uma família que perdeu tudo", acrescentou.