Danos

Duas discussões importantes estão em curso no RS e merecem reflexão e posição.

Eleições adiadas

O governador, muitos prefeitos, vereadores, políticos e até gente do TRE do RS, defendem o adiamento das eleições de outubro. Não é aceitável. Vejam que até durante guerras, como são os casos da Rússia e de Israel, eleições acontecem. Casos pontuais como estes de Cruzeiro do Sul ou Eldorado do Sul, devem ser tratados como exceção e neles as eleições podem ser adiadas. São casos pontuais.

Muita gente argumenta: mas muitos prefeitos serão julgados no fragor da tragédia das águas.

Ora, que bom: o prefeito e o vereador que meteu o pé na lama, foi competente e até herói, será reconhecido e será reeleito ou elegerá seu sucessor. Quem ficou no gabinete, foi incompetente e até covarde, vai ser mandado para casa.

Simples assim.

O outro caso em debate aceso diz respeito ao acolhimento definitivo dos milhares de desabrigados que não podem votar para casa, isto porque não existem mais suas casas.

O governador e até prefeitos como o de Porto Alegre, acenam com a implantação do que chamam de cidades provisórias.

É um tremendo equívoco.

O Sinduscon deixou isto claro ao anunciar que a indústria da construção decidiu começar a construir, de imediato casas de 40m2 para os desabrigados, por sua conta, e fazer a entrega em apenas 90 dias.

São casas cujo custo é estimado entre R$ 100 mil a R$ 150 mil.

É isto.

E é isto que os governos municipais, estadual e federal precisam entender:

Soluções imediatas, baratas e definitivas, sem enfiar ninguém em guetos, mas ocupando terrenos públicos disponíveis, terrenos cedidos de graça por particulares ou comprados de quem estiver disposto a colaborar com preço bom.

....

A reconstrução do RS começa por aí:

Por entregar moradias simples, baratas e de ocupação imediata para todos.

E isto é mais do que possível.

Qual o custo de cada casa destas de 40m2 ? Pode sair por R$ 100 mil cada uma. Com 200 milhões, você entrega 2 mil dessas casas. 

Reconstrução do RS – verbas tentadoras

Marcus Vinicius Gravina 

Cidadão – Tit. Eleitoral 328036104/34


A nomeação do Interventor - pro tempore –   Paulo Pimenta, elevado a ministro  da Reconstrução do RS,   poderá se somar à da Secretaria de Comunicação Social, ocupada por ele.  Possui reconhecida competência para múltiplas funções, audaciosas e secretas, do PT.  Vai atuar em duas frentes com muito dinheiro a distribuir à mídia - TVs  por um lado  e, de outro arrecadar fundos para as campanhas do PT e aliados de velhas empreiteiras conhecidas da Lava Jato, que vierem a ser contratadas. 

Este novo órgão do governo da União está afinado com a Medida Provisória n.1221, de 17.5.24. Tem por escopo a aquisição de bens e a contratação de obras e serviços, inclusive de engenharia. 

As medidas excepcionais a serem adotadas precisarão de pessoa que possua expertise ilibada em contratação através de dinheiro público, com dispensa de licitação.

Os contratos estarão dispensados de apresentação relativa às regularidades fiscal e econômico-financeira e de requisitos de habilitação jurídica e técnica à execução do objeto contratual.

O histórico das contratações de obras de engenharia dos governos do PT foram desvendadas pela Lava Jato. Houve confissões de propinas, restituições de dinheiro público e prisões, fato de domínio público. 

Tais empresas, da Lava Jato poderão ser contratadas, desta vez, sem licitação.  Até  “firmar contrato verbal”,   de acordo com um dispositivo da lei 14.133, de 2021.  

Preciso dizer mais o que eu penso sobre os bilhões que serão empregados na reconstrução do nosso Estado?

Quem irá dar publicidade dos contratos e fiscalizará o emprego de tamanha verba pública?

Como na Covid 19, estaremos sujeitos a desvio de finalidade para pagar, sem atraso o funcionalismo, seus aumentos e novas contratações?

No passado recente houve muita gente que comeu melado e se lambuzou. Sorte de muitos deles, que recorreram ao "lavabo" do STF e,  hoje se apresentam de cara limpa, declarando-se absolvidos. 

O risco está em vermos a corrupção ser reabilitada, sob o silêncio do Congresso Nacional, com seus deputados e senadores, acumpliciados de  bocas  fechadas  por polpudas verbas parlamentares desviadas do orçamento da Nação.

Caxias do Sul, 20.05.24


Artigo Rafael Machado - Atenção para a leptospirose!

Enchentes que atingiram mais de 90% do Rio Grande do Sul podem trazer consequências para a saúde dos gaúchos, além das perdas materiais. Médico alerta para sintomas e formas de se prevenir da doença

As recentes enchentes que atingiram mais de 350 cidades no Rio Grande do Sul não apenas deixaram um rastro de destruição material, mas também aumentaram significativamente os riscos de doenças infecciosas, como a leptospirose. O médico gestor Rafael Machado, do aplicativo de telemedicina assíncrona Olá Doutor, alertou sobre os riscos da doença, sintomas e medidas preventivas para as pessoas que tiveram contato prolongado com a água.

A leptospirose é uma doença bacteriana transmitida principalmente pela urina de animais infectados, como os ratos, e que se não for devidamente acompanhada pode levar o infectado à morte. Com as inundações no Rio Grande do Sul, o risco de exposição à doença aumenta consideravelmente tanto para as pessoas que foram atingidas quanto para quem está atuando nos resgates. Segundo Rafael, “os sintomas comuns incluem febre alta, dor de cabeça, dores musculares, calafrios, coloração amarelada da pele e dos olhos, entre outros e podem se manifestar de 7 a 14 dias após o contato direto com o local infectado”, explicou.

Para evitar novas doenças, piora daquelas existentes e outros riscos à saúde relacionados às enchentes, o Dr. Rafael Machado enfatiza medidas preventivas:

Use equipamento de proteção: ao lidar com água contaminada use botas de borracha, luvas e máscara facial para proteger a pele e evitar a inalação de partículas nocivas.

Higiene pessoal rigorosa, conforme for possível: após qualquer exposição à água contaminada, lave as mãos minuciosamente com água e sabão e tome banho o mais rápido que der. Ainda que essas medidas não sejam tão simples de serem realizadas, pelas limitações que as enchentes trouxeram, a recomendação é que sejam feitas, conforme as possibilidades.

Procurar assistência médica: caso tenha sido atingido pelas enchentes, tenha tido contato com água ou ambientes possivelmente contaminados, busque atendimento médico mesmo que não tenha sintomas! O médico vai poder avaliar a necessidade de prevenção de doenças, tratamentos e acompanhamento adequado.

Em caso de quaisquer alterações de saúde, a recomendação é buscar atendimento médico imediatamente e não se automedicar. "É bem possível que casos de diversas doenças infecciosas, respiratórias, de pele, relacionadas a transtornos nervosos e piora de doenças crônicas tenham um aumento significativo nas semanas a seguir. Então a recomendação é que as pessoas com qualquer alteração, física ou psicológica, devem procurar ajuda de um profissional da saúde e não tomem medicamentos sem recomendação médica", concluiu Rafael. 

Diante da dificuldade de deslocamento, dos seus riscos, da lotação de unidades de saúde presenciais e do retorno de luz, telefonia e internet, a telemedicina emerge como uma solução rápida e segura para quem precisar de atendimento médico. Através da telemedicina, os pacientes podem acessar consultas médicas remotas, receber orientações sobre cuidados de emergência e até mesmo obter prescrições de medicamentos, sem a necessidade de saírem de suas casas. 

O Olá Doutor oferece consultas gratuitas para as vítimas das enchentes que assolam o Rio Grande do Sul. Para consultar, basta entrar em contato por meio das redes sociais (@oladoutor.app) ou no WhatsApp 54 3601 7454.

SOBRE O OLÁ DOUTOR

Diferente de outras soluções baseadas em Inteligência Artificial, o Olá Doutor é um aplicativo que garante que todos os atendimentos sejam realizados por médicos, desde o primeiro contato de acesso. O aplicativo de telemedicina assíncrona - com atendimentos por chat, garante a privacidade do paciente e a sua disponibilidade de tempo e já conta com mais de 202 mil downloads, mais de 90 mil pacientes cadastrados e a realização de mais de 4 mil consultas ao mês. Seguindo um crescimento de 20% ao mês.

O Olá Doutor permite às pessoas acessarem um médico em minutos, de qualquer lugar, sem precisar ligar a câmera, agendar consulta e enfrentar filas. O atendimento é realizado por médicos cadastrados no Conselho Federal de Medicina e é possível obter orientações, solicitações de exames, prescrição de medicamentos, receitas de remédios e atestados, quando o profissional da saúde achar necessário, 24 horas por dia e 7 dias por semana.


Empresas do setor de construção farão casas para atingidos pelas enchentes, afirma presidente do Sinduscon-RS

Atuando na recuperação das cidade e das moradias atingidas pelas enchentes que há três semanas impactam o Rio Grande do Sul, a exemplo do que fez no ano passado, o Sindicato das Indústrias da Construção Civil (Sinduscon-RS) fará casas permanentes para a população atingida que perdeu até mesmo a chance de voltar para algum lugar.

"Queremos em 90 dias estar com essas casas prontas, queremos entregar mais rápido que todo mundo, para resolver o problema", projeta Claudio Teitelbaum, presidente da entidade empresarial.Para o projeto, será usado o recurso arrecadado na campanha SOS Chuvas, lançada em 2023 em resposta às enchentes que atingiram principalmente o Vale do Taquari, e reativada no início deste mês. Os financiadores são principalmente empresários do ramo, fornecedores e outras entidades do ramo de todo o país.Nesta entrevista ao Jornal do Comércio, Teitelbaum explica como deverá ser viabilizada a iniciativa e com qual parceria o setor espera contar do poder público.Jornal do Comércio - Em quais ações emergenciais o Sinduscon está envolvido?Claudio Teitelbaum - Logo que se formou o fenômeno climático extremo, abrimos de novo o SOS Chuvas. Só que desta vez, extrapolamos um pouco mais, indo também para a Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias), Sinduscons do Brasil inteiro e Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). Fizemos isso tentando pegar um valor consideravelmente maior do que foi arrecadado da outra vez, até pelo estrago generalizado na infraestrutura e no modelo habitacional do Estado. Nos concentramos no esforço emergencial, que era a viabilização dos abrigos. Várias das nossas incorporadoras entraram com colchões, caminhões pipa, reservatórios e com a doação de materiais de toda ordem. Muitos colaboradores dessas incorporadoras ficaram dentro dos abrigos servindo como voluntários. No entanto, a gente fez isso tudo de boca fechada, internamente, porque cada um sabia o que podia fazer. Em algumas incorporadoras, 10% da força de trabalho perdeu tudo. Por isso, também vai ter um trabalho de reconstrução individual das casas desses funcionários.JC - E por Porto Alegre?Teitelbaum - Fizemos uma força-tarefa muito grande com o Dmae. Apoiamos com engenharia, conhecimento, mergulhadores, barcos e alimentação. Fizemos um trabalho de muita parceria com toda a área técnica do Dmae, como o (diretor-geral) Maurício Loss e todos os diretores, que trabalham dia e noite.JC - Quais as ações de médio e longo prazo?Teitelbaum - Estamos partindo agora para alguns modelos, seja de construções temporárias, seja definitivas. A gente está com dois grupos principais de trabalho formados nessa parte das construções. Em um deles, estamos fazendo uma inteligência de pesquisa, mapeando todos os modelos de construção modular e o melhor custo-benefício para implementar. Já selecionamos um deles e, dentro de uns 15 dias, a casa modelo já estará pronta em Porto Alegre. Vamos montar essa casa modelo para ver toda a engenharia, o melhor custo-benefício, que parcerias vamos conseguir e com qual fabricante. Esse é o modelo da casa definitiva. Cada casa terá de 40 a 45 metros quadrados, dois dormitórios, cozinha integrada com a sala e um banheiro.JC - Como serão custeadas e que público será beneficiado?Teitelbaum - A construção dessas casas será feita pelo Sinduscon com os valores arrecadados (na campanha SOS Enchentes). Algumas das pessoas querem doar o equivalente a 10, 50 e até 100 casas. Também estamos fazendo um trabalho de priorização de grupos, por exemplo mães com filhos pequenos e pessoas com necessidade de atenção especial. É um investimento privado, então a gente vai organizar isso da melhor forma.JC - Onde serão construídas essas casas?Teitelbaum - Sobre os terrenos, poderão ser de três modalidades. Uma diz respeito aos terrenos que eventualmente a prefeitura tenha. Em outra modalidade, vão ser terrenos que a iniciativa privada tenha e possa ceder de maneira gratuita. Na terceira estão os terrenos que a iniciativa privada tenha e que ofereça quase que por um valor simbólico. Nós obviamente vamos priorizar áreas não alagáveis, mais altas, assim como fizemos em Arroio do Meio e Roca Sales (após as enchentes de 2023). Esses terrenos ficaram em zonas não atingidas por essa enchente de 2024. Em paralelo, também tem um grupo de atuação estratégica. Passamos 20 demandas ao Ministério das Cidades, onde estivemos reunidos, e na Caixa também, e praticamente todos esses anúncios feitos pelo Governo Federal (programa de moradia) são fruto de uma atuação direta do Sinduscon-RS junto com a CBIC. Existe também um outro grupo de atuação estratégica. Como já estamos fazendo todo esse mapeamento e temos todos os números de pessoas desabrigadas e de habitações de interesse social disponíveis no Estado, estamos nos colocando à disposição tanto do governo do Estado, quanto da prefeitura da Capital, para ser uma interlocução entre as consultorias contratadas e o setor de habitação.JC - A prefeitura fala sobre uma cidade provisória no Porto Seco. O governo também falou que outros municípios terão essas cidades provisórias. Seria isso, ou vocês pensam em algo mais definitivo?Teitelbaum - Estamos nos propondo a entregar algo mais definitivo. A gente fez aquelas cidades provisórias no Vale Taquari, mas agora, mesmo que elas saiam um pouco mais caras, estamos nos propondo a construir menos casas, porém mais definitivas. Porque aí já consegue entregar uma solução para sempre para as pessoas. Vamos fazer agora esse trabalho de mapeamento, elegendo determinados públicos-alvo e cidades mais atingidas, como Porto Alegre, Eldorado e Canoas. E aí vamos realmente tentar atacar onde o braço do governo não está. O que sabemos é que vamos fazer moradias. Não sabemos ainda exatamente os pontos, até porque depende de terreno disponível, de disponibilidade. Por exemplo, a Prefeitura vai ter que ser flexível para ter uma aprovação expressa, para não trancar na burocracia. A gente quer em 90 dias estar com essas casas prontas, a gente quer entregar mais rápido que todo mundo, para resolver o problema. Só não podemos ficar esperando. E a Prefeitura de Porto Alegre já nos procurou e, na terça-feira, o prefeito Melo esteve na reunião do Comitê de Desenvolvimento Econômico no Sinduscon. Também já conversamos com o Germano Bremm, que montou dentro da Smamus (Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade) um comitê de crise para ajudá-lo a levantar todos esses dados. Já tem uma equipe de engenheiros, técnicos e pessoal de TI trabalhando com ele. O governo do Estado não nos procurou ainda.JC - Esse recurso está vindo das doações de empresários e de outros Sinduscons, auxiliando agora na elaboração do projeto e para saber quanto vai custar cada moradia. Mas, para a aquisição dos terrenos…Teitelbaum - A gente vai precisar da parceria tanto do governo quanto das prefeituras. Eu sei que muitas prefeituras acabam resolvendo preliminarmente a questão com o aluguel social, porém grande parte dessas cidades foram devastadas. Aquele vídeo do antes e depois de Arroio do Meio é impactante. É a segunda vez em 6 meses que acontece uma coisa dessas. A estrutura da cidade tem que ser repensada. Não dá para colocar aquelas pessoas morando ali de novo. É diferente de Porto Alegre. No Sarandi, na Zona Norte (de Porto Alegre) ou no Lami, é possível, com engenharia, resolver o problema da cota de cheia. Nas outras regiões, não tem o que fazer para resolver o problema.JC - Como resolver essa cota de cheia?Teitelbaum - Nas regiões que envolvem o dique de Porto Alegre, com engenharia consegue resolver. Isso envolve subir a cota das bombas das estações de bombeamento, geradores, graus de redundância de abastecimento, ou seja, não ter só uma fonte de abastecimento, subir a altura de diques, reforçar algumas estruturas e trabalhar com bases de amortecimento de chuvas maiores. Mas nem toda cidade se consegue resolver com engenharia. Tem lugares que realmente vão ter que ser repensados.JC - Pegando o exemplo ali de Arroio do Meio, essa cidade teria que ser reconstruída em outro lugar? A parte do planejamento urbano, vocês também estão envolvidos?Teitelbaum - Não, a gente não consegue abraçar tudo. Então, estamos realmente focados nessa parte de habitação. Entramos nessa fase mais estratégica de diálogo com o Ministério das Cidades, com o Governo Federal, que contempla todas as áreas atingidas do Estado, e essa outra (do Sinduscon) que vai contemplar a construção de casas para acolher mulheres solteiras, mães de crianças pequenas, pais e mães de crianças autistas… Não dá para deixar essas pessoas em abrigo por muito tempo. Essas crianças e essas mulheres não têm condições de estar ali. A gente sabe que a convivência no abrigo replica o que é a vida real. Tudo que acontece de ruim na vida real está sendo potencializado ali dentro. E daqui a pouco a Esef começa a dar aula, o Bom Conselho, o prédio do IPA... Daqui a pouco tem que colocar outras crianças lá estudando. Então, isso aí tem que ser resolvido muito rápido.JC - Há alguma outra frente de trabalho em andamento?Teitelbaum - Imaginamos fazer um grupo de longo prazo para pensar a Porto Alegre do futuro. Ainda estamos num processo de revisão do Plano Diretor, que eu imagino dará um passo para trás, exatamente para quem sabe trazer de novo alguns grandes pensadores, como o escritório Jaime Lerner, o Josep Piquet, de Barcelona, e o Felipe Cavalcante, que é uma das pessoas que mais entende de comunidades planejadas. Qual é a dotação da orla de Porto Alegre? Qual a dotação de Eldorado e de Guaíba? A região toda deve ser reconstruída em que cota, como fazer a reconstrução? Então é ver como Porto Alegre vai realmente pensar para que a cidade seja um modelo de ocupação urbana sustentável. Obviamente também estamos muito preocupados com a infraestrutura, a viabilização do corredor humanitário e o mapeamento da infraestrutura do estado. E temos que pensar numa infraestrutura de drenagem urbana do Estado e dos rios, canais e lagos. Como reduzir a vazão dos rios? Como criar as zonas de amortecimento? Como as cidades vão se preparar? Tem exemplos no mundo que temos que aproveitar aqui. O olhar está sobre o Rio Grande do Sul, então temos que deixar ele realmente ser o Estado da arte dentro dessa questão.JC - O setor da construção civil é muitas vezes apontado como vilão ou inimigo do meio ambiente. Ao mesmo tempo, é à construção civil que os governos recorrem para essa retomada da vida urbana e para a construção das moradias.Teitelbaum - A pessoa que diz que a condução civil é vilã, ou é irresponsável, ou não estuda, ou não sabe o que está falando, ou tem um viés político eleitoral. A construção civil constrói escolas, constrói parques, infraestrutura, hospitais, postos de saúde, constrói Minha Casa. Minha Vida faixa 1, faixa 2, faixa 3. A condição civil no Rio Grande do Sul emprega de carteira assinada 130 mil pessoas. Se contar empregos diretos e indiretos, vai a um milhão de pessoas, isso é 10% da população do Estado. Nos anos depois da pandemia, o setor teve 17% de crescimento do PIB frente a 8% da economia no Brasil, ou seja, ela puxou toda a geração de riqueza do país. A construção civil faz infraestrutura, gera empregos. Por causa do pedreiro que ganha R$ 1,5 mil, R$ 2 mil por mês, o mercadinho ali da zona dele funciona. A construção civil de Porto Alegre é quase que modelo para o resto do Brasil todo com sustentabilidade, com boa arquitetura. Tem que parar um pouco com essa história de querer achar vilões, a gente tem que achar soluções.JC - Não tem essa dualidade?Teitelbaum - Exatamente, é uma indústria. Se for falar "qual é a indústria de Porto Alegre?", é a da construção civil, todo mundo foi embora. Quem segue aqui investindo na cidade somos nós. E volto a dizer, a gente constrói hospitais, escolas, obras públicas, postos de saúde. A construção civil está em tudo, ela impacta outras 94 cadeias produtivas. Eu vejo que é a hora de construir soluções, de gerar valor, com responsabilidade social, e depois, lá no futuro, as páginas da história vão contar quem é que ajudou a construí-las.

/TÂNIA MEINERZ/JC Claudio Teitelbaum é mestre em Administração de Empresas pelo Programa de Pós-graduação em Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e Engenheiro Civil formado pela mesma universidade em 1997. É diretor do Escritório de Engenharia Joal Teitelbaum, atuando no ramo imobiliário, gerenciamento de obras e desenvolvimento de bairros planejados. É presidente do Sindicato das Indústrias da Construção Civil no Rio Grande do Sul (Sinduscon-RS) em seu segundo mandato. Antes havia sido vice-presidente da entidade. É Associado Honorário do Instituto de Estudos Empresariais (IEE).