Paulo Polzonoff Jr. é jornalista, tradutor e escritor
Cármen Lúcia. A ministra e presidente do TSE, é, não se lembra dela, não?, aquela do “calaboca já morreu”, da “censura excepcionalíssima” e da “minha vingança sará malígrina”, sim, sim, essa mesma anunciou a abertura de concurso público para a contratação imediata de jagunços (ou capangas) capazes de prender os inimigos da democracia espalhados pelo mundo.
A necessidade de ter um profissional especialista nessa área foi percebida pela perspicaz ministra do STF depois que ela viu na imprensa a declaração do juiz de instrução Marco Antônio Vargas, assessor de Alexandre de Moraes, que afirmou estar com dificuldades para prender e torturar inimigos da democracia, como a pseudojuíza Ludmilla Lins Grillo e os pseudojornalistas Rodrigo Constantino, Paulo Figueiredo e ele que, além de perigoso, também toca guitarra: Allaaaaaan dos Santos!
Tudo por falta de jagunços.
Medida temporária
Questionada sobre as evidentes ilegalidades envolvendo o cúmplice colega de tribunal, Cármen Lúcia disse que não, que é isso, o Alexandre de Moraes só quer proteger a democracia, todo mundo sabe que ele é incapaz de fazer mal a uma formiga sequer. Desde que ela seja democrática, claro. Todos riram. Até que um repórter, um extremista infiltrado na imprensa, perguntou desrespeitosamente para a ministra se ela não considerava a contratação de jagunços para sequestrar brasileiros exilados no exterior assim um tantinho quanto... errada.
“É uma medida temporária para garantir o funcionamento pleno das instituições democráticas”, afirmou a ministra, com sua tradicional voz fanha que, sei não, hein? Acho que é desvio de septo isso aí. Se precisar, minha cunhada faz um desconto pra senhora. E acrescentando que “blábláblá blá blablá Estado Democrático de Direito blá blá Constituição não sei o que não sei o que lá liberdade de expressão mómómó”. Até cogitei perguntar “temporária até quando?”, mas não ganho o suficiente para fazer uma viagem só de ida para um dos campos de reeducação do regime.
Requisitos
Se você se interessou pelo cargo de jagunço supremo (cargo tecnicamente chamado de Agente de Transformação Jurídica por Meio da Violência Justificada em Nome da Manutenção da Democracia), com salários que chegam a R$30 mil, fora as mordomias e a chance de entrar para a história como um legítimo colaborador do regime alexandrino, da repressão do bem, preste atenção às exigências do cargo:
Graduação em Sociologia, História ou Jornalismo.
Não ter qualquer ligação com a extrema direita, pé de pato mangalô trêis vêis!
Certidão Positiva de antecedentes criminais.
Saber montar cavalo e usar aquele chapéu do Lampião, sabe qual? Aquele de couro com três estrelas na frente.
Conhecimentos avançados de xaxado e xiquexique são um diferencial.
Saber que xiquexique é um cacto, não uma dança. E que xaxado é uma dança, não um cacto.
Saber trabalhar em equipe e ter paciência com as cismas do ministro Alexandre de Moraes.
Muita, mas muita criatividade mesmo.
Inglês fluente o bastante para poder perguntar “Where the fuck is the Big Gums?!” sem sotaque.
Desejável estágio na Associação Ultrademocrática 1533 ou no Movimento CPX pela Liberdade.
Conhecimentos básicos de Word e Excel.
Vagas limitadas
Se você se interessou, envie já o seu currículo para o e-mail grandeirmao_1984@ciedde.stf.br, ou o entregue pessoalmente no Ministério dos Direitos Humanos, aos cuidados de Silvio Almeida. Não esqueça de anexar sua carteirinha do PT. E se apresse! Porque o que não falta no Brasil hoje é gente disposta a se sujeitar. A se submeter. A servir de jagunço para satisfazer os desejos totalitários de Alexandre de Moraes e sua esquerda amestrada.