Artigo, Gilberto Jasper - Recaída e saudosismo eleitoral

          Na minha adolescência - fase da vida que nós, sexagenários, chamamos de “juventude” - o saudosismo dentro de casa causava bocejos. Ouvir os mais velhos recordando causos “dos bons tempos” contrastava com a nossa ansiedade e pressa “de ficar grande”, ou seja, de nos tornarmos adultos.

          Hoje com frequência me pego recordando episódios, amigos e façanhas forjadas pela parceria com companheiros de vida. Meu pai, o velho Giba, foi vereador em 1968. Foi o início de uma carreira política promissora. Quis o destino que aos 52 anos, fulminado por um infarto em Tramandaí, ele nos deixasse órfãos do seu saber.

          Em pleno período eleitoral de 2024, reminiscências das campanhas eleitorais vividas na colônia afloram. Vivi intensamente os comícios em armazéns, salões de baile e bares, com liquinhos pendurados no teto. Hoje, o poder econômico é onipresente.

      Não curto a ilusão de que naqueles tempos não havia desonestos, antiéticos, “falcatruas” e até eleitores que vendiam o voto por uma dentadura, um terno de camisetas. Mas a força financeira era detalhe. Gastava-se muito dinheiro, mas depois da disputa, na compra de toneladas de carne e milhões de litros de cerveja. Para comemorar ou para afogar as lágrimas.


 Os tempos são outros. Não há lugar para romantismo e
fidelidade no amor e no casamento. Porque soa piegas


           A vida política cobra um preço alto de seus protagonistas. Com o tempo muitos perdem a família porque os momentos para comemorar aniversários ou apenas fazer um prosaico churrasco nos finais de semana é impossível. Não raro, casamentos se desfazem, filhos se afastam, o caos se instala.

         Muito políticos acabam falidos. Falta tempos para cuidar dos negócios. Por vezes são roubados pelos sócios ou veem as finanças dilapidadas. Acabam a vida na miséria ou mendigando cargos de confiança com salários irrisórios.

        Outra perda previsível são os amigos. Manter confrarias, jogar futsal, pescar ou caçar ou apenas reencontrar os parceiros com frequência é impossível. Se o político privilegiar família, negócios ou amigos, é taxado de político “copa do mundo”, o cara que só aparece “nas bases” a cada quatro anos para pedir votos.

      O profissionalismo das campanhas políticas, onde as redes sociais prevalecem sobre o corpo-a-corpo, tirou muito do tempero humano. O que se vê, hoje, é “leilão por apoio”. Um deputado, que se tornou amigo, dizia:

- A gente passa três anos e meio ajudando, dando apoio, conseguindo verbas e auxílios, mas basta outro candidato aparecer e oferecer 100 reais a mais que o cara “se vende”.

       Os tempos são outros. Não há lugar para romantismo e fidelidade – no amor e na política – soa piegas.       Candidatos e eleitores têm culpa. Um tenta iludir, o outro é venal. Desculpem a crise de saudosismo. São lembranças dos “bons tempos”.

A pedido do Cremers, MP-RS investigará denúncias de irregularidades nos cursos de Medicina da Ulbra

Cumprindo seu papel na defesa da boa Medicina e da formação médica de qualidade, o Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio Grande do Sul (Cremers) deu mais um passo para barrar que a Ulbra ofereça vagas em cursos de Medicina sem condições adequada para o ensino.


Nesta quinta-feira (19), o presidente do Cremers, Eduardo Neubarth Trindade, o subcorregedor Vinicius von Diemen, a procuradora Michele Milanesi, a médica fiscal Luiza Volpato e representantes do Centro Acadêmico de Medicina da Ulbra Canoas reuniram-se com o procurador-geral de Justiça, Alexandre Saltz, na sede do Ministério Público Estadual (MP-RS). 


Com diversas ações judiciais tramitando no Distrito Federal ainda sem solução, os acadêmicos entregaram ao procurador-geral dossiê pedindo providências. As denúncias, com imagens, mostram a infraestrutura precária do prédio de Medicina da Ulbra Canoas, com banheiros danificados, mofo e goteiras; falta de insumos e equipamentos no Hospital Universitário (HU) e de material necessário para os alunos ingressarem no bloco cirúrgico, como luvas e avental, o que causou a suspensão das aulas práticas. 


Os alunos ainda relataram a realização de aulas on-line, quando essa modalidade não é autorizada pelo MEC para cursos de Medicina. Também falaram sobre a discrepância entre as propagandas divulgadas pela Ulbra e o serviço oferecido aos alunos. 


O Cremers, que foi procurado pelos acadêmicos da Ulbra Canoas, entregou ofício ao procurador-geral requerendo providências nos âmbitos do direito do consumidor, da saúde pública e dos direitos humanos, considerando, principalmente, propaganda enganosa, descumprimento de contrato de prestação de serviços educacionais, e exposição de pacientes do SUS a condições que violam o princípio da dignidade da pessoa humana.


O Conselho também pediu providências do MP-RS junto à Aelbra, mantenedora da Ulbra, reitor, diretor administrativo e coordenador do curso de Medicina, bem como à gestora do HU, que está sob intervenção do município.

Na terça-feira (17), alunos do curso de Medicina da Ulbra formalizaram denúncia no Cremers e pediram apoio do Conselho, o que motivou a reunião no Ministério Público. 


“O Cremers não é contra a abertura de novas vagas em escolas de excelência, mas repudia totalmente a abertura de vagas ou de cursos sem condições técnicas e estrutura mínima para a formação de médicos, como é o caso da Ulbra. Mesmo sem atender aos critérios mínimos para oferecer serviço aos atuais acadêmicos, expande o número de vagas para angariar novos alunos”, disse Trindade.


Queimadas

 

Caiado criticou a ausência de Lula, que fugiu da reunião com os governadores para não ouvir críticas.

Foto de Henrique Raynal, BNews.

O governo federal nomeado lulopetista demorou demais para agir, porque o período das secas no Norte e no Centro Oeste já está chegando ao fim e a partir do mês que vem, outubro, começará o período das chuvas.

Acossado pelas queimadas que não consegue controlar, o governo faz reunião em cima de reunião.

Ontem, foram chamados os governadores do Centro-Oeste e Norte.

Rui Costa, ministro-chefe da Casa Civil, prometeu ajuda de R$ 1 bilhão. "Espero que não fiquem apenas nas promessas", advertiu o governador de Goiás, Ronaldo Caiado. Caiado informou que só recebeu R$ 13 milhões até agora e que as queimadas já provocaram prejuízos de R$ 1,5 bi ao Estado.