Alex Pipkin, PhD
Hoje, prestes a completar sessenta anos, ouço o slogan oficial: “união e reconstrução”. Nada mais farsesco. O identitarismo virou motor político, nutrindo jovens com a ideia fixa de que são vítimas eternas. A mídia putrefata, que finge se preocupar com a extrema-direita, atua como caixa de ressonância de ressentimentos. O resultado de tudo isso é uma sociedade fragmentada, em que negros e brancos, homens e mulheres, héteros e gays, católicos e judeus se veem como inimigos irreconciliáveis.
Ao invés de estimular responsabilidade individual, esforço e mérito — emprego, saúde, educação de qualidade, segurança —, optou-se pelo assistencialismo que paralisa a ambição de criar. A maioria vive de migalhas estatais, refém de um Estado que aprisiona, não emancipa. As universidades, em vez de formar cidadãos, converteram-se em trincheiras doutrinárias. O ódio ao outro substituiu a busca pela felicidade. A discordância virou afronta pessoal. Quando essa lógica é chancelada por instituições, quando a toga fala como político e moraliza o desacordo, a desumanização se torna regra. A violência simbólica se transforma em violência real, banalizada e aceita.
Tenho certeza — convicção, pois certeza só lá de cima — de que muitos calçariam meus sapatos, e as mulheres meus chinelos, sentindo o que estou sentindo, vivendo o mesmo desespero diante do estado da sociedade. Ao invés de investir energia na própria vida, no crescimento individual, muitos de fato gastam força destruindo o outro.
No Brasil, este desgoverno da revanche e da vingança criou, em apenas três anos, um clima sufocante de desencanto.
Independentemente do que se espere sobre Bolsonaro, a sensação permanece, a de que a vida parece não valer a pena ser vivida. Aparenta que o mundo já não suporta mais este clima de guerra social. Cidadãos saem às ruas pedindo menos ideologia, mais pragmatismo e compromisso com o bem comum. Pessoas de bem, fartos da destruição, reivindicam liberdade, debate e responsabilidade individual. Necessita-se de um basta. O Brasil ainda não ouve.
Sociedades que prosperam cultivam tolerância, debate e humildade intelectual. Precisam de liberdade para criticar, conversar e divergir — não de propaganda, censura ou ditadura da toga. Sem isso, o tecido social se esgarça, o humor desaparece, e a vida perde sentido.
União? Nunca estivemos tão fragmentados. Reconstrução? O edifício desaba quando os alicerces são ódio e ressentimento. A desunião é fruto de uma esquerda que vive do conflito, que nunca teve princípios e só existe para se perpetuar na divisão social. Eis a maior obra em curso: a consagração da desunião e da destruição.
Para melhorar teremos que piorar muito....enquanto houver pessoas recebendo estado nada aí mudar...
ResponderExcluirDisse tudo em poucas palavras!
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