O fim do rotativo do cartão de crédito: sobre lobos
protegendo cordeiros
Por Lélio Braga Calhau
Acordei esses dias com uma notícia bombástica na Folha de
São Paulo. Ela registrou que os bancos desejam acabar com o rotativo do cartão
de crédito. Já temos durante muito tempo defendido no portal Educação Financeira
para Todos a ideia de que o governo federal limite, de alguma forma, a lambança
que o crédito rotativo do cartão de crédito com seus juros legais e absurdos
(algo como 14% ao mês) faz na vida de milhões de consumidores Brasil afora.
Infelizmente, o governo federal não fez nada para
moralizar essa situação e a própria matéria narra que os bancos estão querendo
acabar com o crédito rotativo do cartão de crédito, pois estão preocupados com
a piora no relacionamento com os clientes por conta desse produto financeiro.
Não é possível que tal medida, em face do crédito
rotativo, seja proposta justamente pelos que estão se enriquecendo em cima da
população. É inacreditável que tal proposta não parta do Poder Executivo
Federal, que deve cobrar também para que os bancos respeitem o Código de Defesa
do Consumidor.
O crédito rotativo do cartão de crédito deveria ter sido
extinto ou limitado pelo governo federal por conta dos prejuízos que causou a
milhões de pessoas nos últimos anos, e pasmem, vai ser alterado para que a
solvabilidade (capacidade de pagar mais tarifas, pegar mais empréstimos etc)
seja preservada. Que país é este?
Por fim, não se iludam com essas “medidas”. Como elas
estão sendo estudadas apenas para prioritariamente beneficiar as instituições financeiras,
algo pior e mais monstruoso pode ser criado pelos bancos, mesmo que seja
oferecido para os consumidores como “lobo vestido em pele de cordeiro”.
Fique mais atento ainda. Defenda seu equilíbrio
financeiro e reduza o uso do cartão de crédito mais ainda para evitar ficar na
mão das instituições financeiras. Invista na sua preparação, busque aprender
melhor sobre como lidar com o dinheiro, consuma com responsabilidade e seja
independente. E não se esqueça: o dinheiro não aceita desaforo.
Lélio Braga Calhau é Promotor de Justiça de defesa
do consumidor do Ministério Público de Minas Gerais. Graduado em Psicologia
pela UNIVALE, é Mestre em Direito do Estado e Cidadania pela UFG-RJ e
Coordenador do site e do Podcast "Educação Financeira para Todos".
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