Mais do que nunca, como em tempo algum de
nossa história, o estado brasileiro encontra-se tão "capturado" e,
consequentemente, o povo tão "algemado". Retomo um tema aqui várias
vezes tratado. Desde os primeiros artigos da coluna.
Assim entre aspas, “captura” significa - na
administração pública e teoria política - a subordinação, a submissão, o
“sequestro” da coisa pública, do órgão e função de Estado, aos interesses
corporativos e privados.
Através de atos de omissão, de prevaricação e de
corrupção ativa e passiva. É a tomada do poder nas diversas esferas públicas e
sua transformação em vantagem e valor econômico particular.
A "captura" e as consequências danosas se
apresentam de modo proporcional a dimensão da intervenção do Estado nas
relações sociais e econômicas. .
São inúmeras as áreas e ações públicas que poderiam estar
privatizadas e atuando em ambiente competitivo e concorrencial.
Municípios, Estados e União não têm que ser dono de coisa
alguma. Têm, isso sim, que ser fortes e coercitivos. Regulamentadores e
fiscalizadores, principalmente.
A sempre lembrada (e eleitoreira!) preservação de
interesses estratégicos não depende de exploração estatal. São interesses que
podem e devem ser operados em termos de mercado competitivo.
Este assunto “estatização versus privatização” é uma
pauta superada pela decadência dos modelos, pela aceleração do sistema mundial
de trocas, pela globalização econômica e financeira, e pela competitividade e
abertura comercial.
Pagamos um preço imenso para manter estes feudos de
privilégios e irregularidades. Aliás, de competitividade, produtos e serviços
precários e discutíveis. E de notória e desavergonhada utilização e exploração
político-partidária.
Conjunto de atos e natureza de fatos que, de algum
modo, explica nosso atraso no concerto mundial das principais nações do mundo,
e a imensidão de problemas a resolver.
Se continuarmos neste impasse, níveis de idéias e debates
superados, nossas dificuldades não diminuirão. Basta lembrar o que tem sido
dito demagogicamente nas campanhas eleitorais.
Porém, honesta e inocentemente, muitos cidadãos realmente
acreditam que o “petróleo é nosso”. E que determinados bancos são do Brasil.
E, pasmem, "algemados" pelas idéias, ainda se
surpreendem com a corrupção e as negociatas. Como se uma coisa fosse
independente da outra!
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