Artigo, Marcelo Aiquel - A grande noite da "vendetta"

Título original: A GRANDE NOITE DA “VENDETTA” ou A ÓPERA BUFA

         O Brasil assistiu ontem à noite, diretamente do plenário da Câmara dos Deputados, uma das mais tristes e lamentáveis páginas da história política do país: o “teatro” da cassação de Eduardo Cunha.
         De um lado, estava o denunciado – definido por Roberto Jeferson como o “meu malvado favorito” (fazendo chacota sobre o filme com o mesmo título) – que, acuado, não poupou seus colegas do legislativo federal da sua tradicional arrogância e do destempero verbal com que trata a todos aqueles que não o seguem.
         De outro, o grupo de “viúvas” do PT que, como hienas ao encontrarem uma carcaça para saciar sua fome, festejavam a derrocada do inimigo, entoando um cântico próprio de vingança e do revanchismo.
         Junto com estes, os demais deputados que preferiram agradar à mídia politicamente correta, e igualmente votaram para derrubar Eduardo Cunha, mesmo sem ter a convicção necessária para tal.
         É evidente que Cunha, o deputado cassado, cavou sua própria sepultura. Seja pelos seus atos; pela sua prepotência; pelo seu modo despótico de ser; ou mesmo pelos crimes que praticou.
         Mas, a justiça ficou embaçada quando – em atitude visivelmente insegura – o presidente da Casa desacolheu os requerimentos que suplicavam por uma conduta similar àquela que foi recentemente brindada à bolivariana Dilma Rousseff, no Senado Federal.
         Gostando ou não do deputado Eduardo Cunha, o que se viu foi um comportamento troglodita e autoritário em favor de uma morte mais do que anunciada.
         Perdeu o Brasil, perdeu a justiça, perdeu o povo!
         Pois, quando o Congresso Nacional permite que se trace um rumo destoante para o caminho legal, esfacela-se um pedaço relevante da democracia.
         Que aquela instituição está falida é inegável.
         Após as cenas grotescas de cusparadas que foram protagonizadas na votação do processo de impeachment da ex-presidente, vimos agora um comportamento vergonhoso de vários(as) deputados(as) que, esquecendo-se da importância daquele poder na hierarquia da República, portaram-se como torcedores fanáticos numa arquibancada de qualquer estádio.
         Era deputado(a) fazendo o papel ridículo e patético de “porta- cartazes”; era deputado(a) lendo discursos do qual não entendia sequer as vírgulas; era deputado(a) gritando como se estivesse na plateia de um páreo no Jockey Club.
         Estes parlamentares, que foram eleitos através de promessas onde construiriam um bem estar e a justiça social, mais pareciam um bando de selvagens num picadeiro, sem domador ou jaula.
         Não vou nem falar do fato de que muitos e muitas que se posicionaram a favor da cassação do E. Cunha tem seus fundilhos tão, ou mais, sujos quanto o do colega cassado.
         Com certeza não foi para esta ÓPERA BUFA que os eleitores saíram de casa para apertar o botão da urna eletrônica e lhes dar o mandato.
         Espero, sinceramente, que estas pessoas reflitam sobre isto – me refiro àquelas que possuem mais de dois neurônios – na próxima oportunidade de escolher um representante. Seja para o legislativo municipal, estadual, ou federal.

         Ah, pobre Brasil. A cada dia vemos que não tens mais jeito!

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