Como será, então, a campanha
eleitoral de prefeitos e vereadores? Dissimulada, negativa e móvel.
Pesquisa inédita do Ibope revela que, pela primeira vez,
a maioria absoluta dos eleitores brasileiros (51%) recebeu informações sobre
política pelo Facebook, Twitter ou pelo WhatsApp. O recorde foi batido nos
últimos 12 meses.
Mais jovem e escolarizado o eleitor, maior a
probabilidade de ele ter recebido mensagens políticas pelas redes sociais nesse
período: 184% mais chance de ter lido do que de não ter entre eleitores até 24
anos, e 258% mais chance entre quem cursou faculdade. A tendência também é mais
forte entre os mais ricos, nos moradores do Sudeste e entre quem mora em
capitais.
Para confirmar a tendência de que as redes terão papel
decisivo na eleição, em apenas um ano triplicou a proporção daqueles que
pretendem usar mensagens de redes sociais para decidir seu voto - mostra o
Ibope.
Isso significa que os candidatos a prefeito mais atentos
deverão dedicar um esforço inédito para a campanha via telefone celular. É na
tela desses aparelhos que o eleitorado mais conectado se informa via Facebook e
Twitter, além, obviamente, do WhatsApp. Na disputa pelo tempo do público, os
iPhone e Galaxy da vida são a única tecnologia que absorve uma fatia crescente
da atenção das pessoas. É natural que os candidatos se aproveitem disso.
Se não bastasse, eles têm outro motivo para investir em
uma plataforma de campanha móvel: é muito mais difícil de monitorar. Ao
contrário do horário eleitoral na TV, as mensagens via redes sociais são
individuais e customizadas, muito mais frequentes do que os spots televisivos e
tendem a se misturar ao ruído da comunicação digital. O que os olhos não veem a
Justiça Eleitoral não fiscaliza. Os candidatos podem gastar fortunas nesse tipo
de comunicação com muito menos risco de exagerar na ostentação.
Por que eles teriam tal preocupação? Com a proibição das
doações empresariais, a arrecadação oficial deverá ser bem menor do que no
passado. Sem dinheiro no caixa 1, os candidatos não poderão justificar despesas
ostensivas com propaganda. Daí o estímulo à propaganda disfarçada na forma e
com sujeito oculto.
Isso nos leva ao segundo motivo para os partidos
camuflarem suas campanhas no Facebook, no Twitter e no WhatsApp. O tipo de
propaganda que funciona nessas redes é a negativa: contra alguém ou contra uma
ideia, muito mais do que a favor de um candidato.
Na campanha ao governo de Minas Gerais em 2014, mensagens
anônimas via WhatsApp colaram no candidato do PSDB o apelido “Turista da
Veiga”, reforçando o fato de Pimenta morar em outro Estado. Esse tipo de
guerrilha virtual ajudou a derrotá-lo.
A pesquisa Ibope confirma o que a experiência dos
marqueteiros lhes ensinara. Ao longo dos últimos 12 meses, apenas 27% do
eleitorado diz ter mudado para melhor a imagem que tinha de um político ou
partido graças a mensagens que recebeu via redes sociais. Ao mesmo tempo, o
dobro de pessoas - 56% dos eleitores - afirma que mudou para pior a imagem que
faz de políticos e partidos por causa do que leu no Facebook, Twitter e
WhatsApp.
Isso mesmo: mais da metade dos brasileiros tem hoje uma
opinião mais negativa do que tinha um ano atrás dos atores da política por
causa do que leu sobre eles nas redes sociais. É demolidor.
Esse poder destrutivo provoca oscilações cada vez mais
abruptas das intenções de voto, retardando para a última hora a definição das
eleições. Mas não só. O efeito acumulado dessa propaganda negativa é uma
ressaca e uma desilusão com a política que ainda vai dar muita dor de cabeça, e
não só para os políticos.
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