A O Financista, Roberto Romano, professor de Ética da Unicamp, faz quatro observações sobre a ideia de que a derrota do PT e o fortalecimento do PSDB e de aliados do governo vão ajudar automaticamente Temer a passar as reformas econômicas no Congresso.
Aí vão elas:
1) O PSDB é um partido tão dividido quanto o PMDB. Não é possível dizer que o partido, como um todo, saiu fortalecido. As vitórias serão usadas pelos caciques tucanos para se cacifarem para 2018. O apoio a Temer no Congresso, portanto, depende do projeto pessoal de cada grão-tucano: Aécio, Serra, Alckmin e FHC.
2) O próprio PMDB, como já está mais do que visto, é uma confederação de interesses regionais. A vitória de apadrinhados de caciques peemedebistas só fortalece os próprios caciques, que devem cobrar caro para apoiar uma agenda de reformas impopulares no Congresso.
3) A situação fica ainda mais complicada, porque não há lideranças nacionais expressivas. Assim, Temer não conta com alguém capaz de aglutinar o Congresso a seu favor. Por isso, precisa negociar apoio no varejo – e isso sai mais caro.
4) Negociar apoio, no Brasil, é o eufemismo para o “toma-lá-dá-cá” tão conhecido e que alimenta o fisiologismo político. O problema é que, com o país em crise e a necessidade de um forte ajuste fiscal, não há dinheiro para conquistar tanto apoio.
“Os presidentes brasileiros que mais se deram bem são os que mais distribuíram favores, infelizmente”, afirma Romano. “Mas, se não tem dinheiro, não tem apoio; por isso, acho apressado vincular a vitória da base aliada nesse domingo à aprovação das reformas.”
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