Escrevo no calor dos acontecimentos.
A decisão do Ministro Marco Aurelio, afastando da
presidência do Senado o senador Renan Calheiros, mostrou-se um perigoso
equívoco.
Não há previsão constitucional para esse afastamento,
como já não havia para o afastamento de Cunha.
Estamos indo longe demais. O Supremo Tribunal Federal não
é o superego da nação.
Vou invocar uma frase famosa que eu mesmo fico repetindo
e que é da autoria do Min. Marco Aurelio: os poderes da República são
Legislativo, Executivo e Judiciário e não o contrário.
Pois bem, Ministro. Pois bem.
De fato, hoje mais uma vez ficou demonstrado o extremo
ativismo do STF, contra o qual eu achava que o Ministro Marco Aurélio estava
imunizado. Mas, não. Na decisão, o Ministro fala das manifestações de rua.
Ora, a Suprema Corte não é porta-voz do povo.
Ao contrário: nela temos que ver a garantia contra
maiorias exaltadas.
A Constituição é o remédio contra maiorias. E o STF deve
ser o guardião da Constituição.
Quem disse que a voz das ruas tem legitimidade? Somos duzentos
milhões de habitantes e menos de 400 mil foram às ruas.
Isso é fundamentação? Cadê a Constituição?
Sou insuspeito em falar sobre isso. E não tenho simpatia
pelo Renan. Sou um conservador em relação ao constitucionalismo. Já muita gente
me chamou de “originalista”. Não. Não sou originalista. Sou um jurista que
defende a Constituição naquilo que o constitucionalismo foi cunhado pela
tradição democrática. Proteção contra injunções morais e politicas.
O Supremo Tribunal Federal, desse modo, comporta-se
moralmente. E direito não é moral. A moral não corrige o direito. Quem deve
tirar o Presidente do Senado é o Senado.
Seria inconcebível que o Senado ou legislativo lato sensu
quisesse tirar o Presidente da Suprema Corte. Onde estão as relações institucionais?
Isso pode não acabar bem. Somos duzentos milhões querendo
trabalhar e progredir. Se há corrupção, devemos combatê-la a partir da lei.
Fazer atalhos sempre são perigosos. Saludo.
Lenio Luiz Streck é professor dos cursos de pós-graduação
em Direito da Unisinos.
Caro Dr streck, o argumento ´e de um constitucionalista, ótimo, mas podemos avaliar diferente, todos nós saemos que esse senhor, já era para ser processado e condenado a dez anos, agora ficar na linha sucessória é para o Brasil uma temerária. O julgamento pelo STF, aconteceu ha alguns dias, e agora passou a ser reu, e com uma carga enorme de procedimentos para barrar a Lava Jato. Acha que o Senado iria rpopor seu afastamento? Tenha dó
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