COMO SE DARÁ A TRANSIÇÃO APÓS A SAÍDA DO RU DA UE!

(Globo-24) 1. A Cláusula de Saída, introduzida pelo Tratado de Lisboa (2009), define as modalidades de uma retirada voluntária e unilateral, um direito que não necessita de justificativa. Com a decisão tomada, Londres deve agora negociar um acordo com o Conselho da UE — que reúne os 28 Estados-membros — por maioria qualificada, depois de ser aprovado pelo Parlamento. Os tratados europeus deixam de ser aplicados no Reino Unido a partir da data do acordo, ou dois anos após a notificação de retirada se nenhum acerto for alcançado nesse prazo. A UE e o Reino Unido poderiam, contudo, decidir juntos uma extensão desse período.

2. Embora o processo de divórcio exista, ele nunca foi utilizado. Daí as muitas interrogações sobre as negociações indispensáveis para definir uma nova relação entre os dois lados depois de quatro décadas de união. O novo relacionamento deve ser resolvido já no acordo de saída? Ou serão necessárias outras negociações? A segunda opção parece a mais provável. Londres deve modificar sua legislação nacional para substituir a multiplicidade de textos decorrente da sua participação na UE e na área de serviços financeiros.

3. “É provável que leve um longo tempo. Primeiro para negociar a saída da UE, depois os futuros acordos com o bloco e finalmente os acordos comerciais com países fora da UE”, declarou o governo britânico em um estudo enviado ao Parlamento Europeu em fevereiro. Nesse estudo, o governo ainda cita “uma década de incertezas” que pesa sobre o mercado financeiro e o valor da libra.


4. — Tudo será concluído até o final de 2019 — afirmou Chris Grayling, líder da Câmara dos Comuns e eurocético. Donald Tusk, por sua vez, prevê um processo de divórcio com sete anos de duração

Artigo, Marco Aydos - A gramática do ódio

A gramática do ódio
Por marco aydos
Com Aristóteles nos aproximamos do ódio pela superfície. Aprendemos que a  gente sente raiva no varejo, seja de Sócrates ou de Cálias, mas ódio a gente tem por atacado. O verbo do ódio, miseîn, está no radical do ódio aos gêneros,misandria, misoginia. O ódio não tem afinidades eletivas: quem odeia um gênero de pessoas, um tipo, uma classe (genus, no original aristotélico) odeia indistintamente todos os indivíduos dessa classe.
Na temporalidade, o ódio também se distingue da indignação: a raiva passa, a gente vai se cansando de ter raiva, vai esquecendo, e eventualmente caminha para o esquecimento artificial: o difícil trabalho do perdão, nutrido pelo amor. O ódio não termina enquanto não mata o alvo inocente, aleatório. Em uma página de seu diário, Imre Kertész cunhou a expressão “ódio platônico aos judeus” para definir o antissemitismo, porque mesmo onde não existem judeus existe antissemitismo (Kertész, Imre. Diario de la galera. Tradução de Adam Kovasics. Barcelona: Acantillado, 2004. p. 182).
Todo antissemita cultua o ódio. Está, por assim dizer, acostumado ao ódio. Não tem dificuldade de acionar esse ódio para uma nova classe quando lhe convém.
O novo PT, renascido das cinzas do antigo partido dos trabalhadores, começou a cultivar o ódio ainda em sua fase de apogeu no poder. Desde março de 2010, quando Lula visitou Israel, a política externa brasileira foi explicitamente antissemita. Aproximando-se a crise, o PT só fez transformar seu espírito pela internalização, para a política doméstica, do antissemitismo que praticava na política externa.
Ferenc Fehér analisou de modo rico a teoria política de Arendt, chamando nossa atenção para a estrutura do livro As origens do totalitarismo. Arendt não começa pelas definições políticas gerais para chegar a casos concretos que seriam exemplos, mas discute longamente a exceção, o fenômeno do antissemitismo. Da análise do judeu transformado em pária, em oposição ao cidadão, a autora chega à essência da política, que é a cidadania, o direito a ter direitos. E então se permite exportar, por analogia, a condição de pária do judeu para todos os que são destituídos de cidadania. [Fehér, Ferenc. “The pariah and the citizen (On Arendt’s political theory)” in Heller, Agnes & Fehér, Ferenc. The postmodern political condition. New York: Columbia University Press, 1988. p. 89-105].
Segundo reza a lenda, o PT teria promovido uma revolução social em uma década de poder.
Essa revolução teria sido traída pelos reacionários, os “suspeitos de sempre”, os inimigos da revolução. Todo reacionário inimigo da revolução precisa ser eliminado, para que a revolução prossiga. Mas não é possível matá-los fisicamente. O partido do ódio e seus intelectuais nos mataram, em substituição, em nossa cidadania.
A maldição da classe média pronunciada por Marilena Chauí foi apenas o discurso inaugural do ódio político do novo PT, em 2012, quando a situação terminal do paciente já se avizinhava. 
Mas foi na crise que conduziu ao afastamento de Dilma Rousseff da Presidência da República que os intelectuais da nova ordem foram trabalhando, a uma só voz, apesar da espontaneidade do coro, o processo de desconstituição da categoria política povo. O ódio à classe média é o insulto que opera essa desconstituição. Não se encontra um único defensor da falácia do golpe que não insulte a classe média. 
Desde a história política aparentemente acadêmica de Bresser-Pereira, passando pela recente história do PT por André Singer, até  jornalistas como Eliane Brum e Luís Fernando Veríssimo, todos tocam no mesmo compasso, variando apenas algumas melodias incidentais.
A hipocrisia é o insulto clássico.
Mas o rol de perversidades da classe média brasileira é curiosamente povoado por reminiscências do ódio moderno aos judeus. Os coxinhas seriam adoradores do capital, egoístas, escravocratas, parasitas. 
Bresser-Pereira e André Singer convergem no reducionismo, moeda corrente entre os economistas e sociólogos do novo partido do ódio: a classe média teria uma única ocupação, a de rentista. 
Seríamos mentirosos, insensíveis, com inveja dos pobres, porque teriam, segundo o conto de fadas do PT, subido para a classe C e ficado mais parecidos conosco.
Outra analogia com o ódio platônico aos judeus está na recusa à humanidade do alvo inimigo. Joel Kotek (http://jcpa.org/article/major-anti-semitic-motifs-in-arab-cartoons) refere o zoomorfismo entre os motivos recorrentes em cartoons árabes. Um dos modos de insultar está na desumanização do adversário, retratado como animal. São frequentes os desenhos de judeus como aranhas, cobras, eventualmente porcos, mas sobretudo polvos com a poderosa imagem de poder, em cujos tentáculos são representadas as vítimas da hora. A bestialização reforça os insultos clássicos contra os ricos, contra os capitalistas, contra as grandes fortunas, todos, enfim, parasitas. No auge da crise, os coxinhas fomos retratados pelos intelectuais governistas como cães. Mas não cachorrinhos dóceis, domésticos. Éramos cães raivosos. Agosto de 2015 foi nosso “mês de cães danados”.
A gramática do ódio pela desumanização é explícita em dois textos contemporâneos. Um deles, a coluna “Vácuo”, do Luís Fernando Veríssimo, no Estadão de 20/8/2015, brindou-nos com esta interessante analogia:
“Houve um tempo em que os cachorros corriam atrás dos carros. Era uma cena comum: vira-latas perseguindo carros, latindo, como se quisessem expulsar um intruso no seu meio. Às vezes, viam-se bandos de cães indignados perseguindo carros que passavam e dava até para imaginar que um dia conseguiriam alcançar um, dos pequenos, pará-lo, cercá-lo e… E o quê? Comê-lo? Nunca ficou claro o que os cachorros fariam se alcançassem um carro. Era uma raiva sem planejamento. (Hoje, a cena de cachorros correndo atrás de carros é rara. Os cachorros modernizaram-se. Renderam-se ao domínio do automóvel. Ou convenceram-se do seu próprio ridículo).
“Os manifestantes contra o governo sabem o que não querem – a Dilma, o Lula, o PT no poder -, mas ainda não pensaram bem no que querem. Se conseguirem derrubar o governo, que cada vez mais se parece com um Fusca indefeso sitiado por cães obsoletos, o que, exatamente, pretendem fazer com o vácuo?”
Preparando o nosso mês de cães danados, Eliane Brum brindou-nos com sua coluna no El País, de 22/07/2015, com sugestivo título, no mesmo tom de Veríssimo: “Por quem rosna o Brasil”.
Vale a pena reler o texto, mais longo que o de Veríssimo, no contexto da gramática do ódio que estamos expondo. A entonação geral segue na melodia do anticapitalismo romântico, receita de sucesso comprovada pela extraordinária recepção contemporânea da pobreza de filosofia de um Zygmunt Bauman. 
Em discurso regado a fel, do início ao fim, e preconceito, Eliane não tem pudor na injustiça aos evangélicos, cujos pastores seriam “personagens paradigmáticos do Brasil atual … mediocridade barulhenta e perigosa”. Difícil encontrar o elo de ligação entre uma coisa e outra, mas esse preconceito gratuito serve de reforço para o perfil de Dilma Rousseff, retratada como vítima dos cães raivosos e obsoletos:
“acuada por ameaças de impeachment mesmo quando (ainda) não há elementos para isso, … um personagem trágico. Vendida por Lula … como ‘mãe dos pobres’, ela nunca foi capaz de vestir com desenvoltura esse figurino populista, até por sinceridade.”
A matilha de cães danados andou solta pelas ruas em agosto de 2015. Éramos “os protagonistas das manifestações de 2015 [que] gritam também para manter seus privilégios”, e rosnam porque não estariam dispostos “a perder para estar com o outro”.
Para coroar o insulto clássico do mês de cães danados, vale lembrar de novo o discurso fundador do novo PT, em que Marilena Chauí já anunciara a boa nova:os cães ladram mas a caravana passa, então a caravana está passando. [8min30seg do discurso de 2012, publicado no youtube em 2 de maio de 2014: <https://www.youtube.com/watch?v=fdDCBC4DwDg> consulta em 22/4/2015). Ela só esqueceu de dizer que o cocheiro da caravana vai passando carregado de ouro, roubado pelo caminho.
A gramática do ódio é expressiva de um ódio indestrutível, que possivelmente nasce do subterrâneo da humanidade. Talvez não seja coincidência que o treinamento no ódio, pela eliminação física de cães, já tenha de fato acontecido, durante a ocupação da antiga Tchecoslováquia pelos russos, pós-1968. Kundera conta o episódio. 
“Tereza lembra-se de uma notícia de duas linhas que lera no jornal há uns dez anos: dizia que numa cidade da Rússia todos os cachorros haviam sido mortos. Essa notícia discreta e aparentemente sem importância tinha-lhe feito sentir pela primeira vez o horror que emanava desse imenso vizinho.
“Era uma antecipação de tudo que viria depois: nos dois primeiros anos que se seguiram à invasão russa, não se podia ainda falar em terror. Já que toda a nação desaprovava o regime de ocupação, era preciso que os russos encontrassem entre os tchecos homens novos e os levassem ao poder. Mas onde encontrá-los, uma vez que a fé no comunismo e o amor pela Rússia eram coisa morta? Foram procurar entre aqueles que alimentavam intimamente o desejo de se vingar da vida. Era preciso soldar, alimentar, manter alerta a agressividade deles. Era preciso treiná-los contra um alvo provisório. Esse alvo foram os animais.
“Os jornais começaram então a publicar uma série de artigos e a organizar campanhas de cartas de leitores. Exigia-se, por exemplo, o extermínio dos pombos … As pessoas estavam ainda traumatizadas com a catástrofe da ocupação, mas os jornais, o rádio, a televisão, só falavam nos cachorros que sujavam as calçadas e os jardins públicos, ameaçando a saúde das crianças, cachorros que não serviam para nada e ainda tinham que ser alimentados. Fabricou-se uma verdadeira psicose … Um ano mais tarde, o ódio acumulado (ensaiado primeiro nos animais), foi para o seu verdadeiro alvo: o homem. As demissões, as prisões, os processos começaram. Os animais puderam enfim respirar.” (Kundera, Milan. A insustentável leveza do ser, Nova Fronteira, 1985, p. 290).
O povo nas ruas, em agosto de 2015, desaprovou o regime de ocupação do poder pela organização criminosa que o assaltou.
Era preciso encontrar homens e mulheres novos para apoiar a ordem. Mas onde encontrá-los? 
Foram procurar entre aqueles que alimentavam intimamente o desejo de se vingar da vida. Era preciso soldar, alimentar, manter alerta a agressividade deles. Era preciso treiná-los contra um alvo provisório. Esse alvo fomos nós, os coxinhas, a classe média. Pela nova terminologia do poder, não seríamos mais cidadãos, mas gente que rosna de medo de perder o osso, matilha de cães obsoletos.  


Vem aí o III Seminário "A Voz do Campo", desta vez em Gramado

Sob o tema “Informação, Parceria e Conhecimento que geram produtividade”, vai acontecer entre os dias 11, 12 e 13 de agosto, em Gramado no Hotel Wish Serrano, o III Seminário A Voz do Campo.  “Vivemos em uma era extremamente tecnológica e sabemos a importância das relações. Atualmente trocar informação, conhecimento e ter parcerias bem sucedidas é fundamental para que se a produtividade, seja ela qual for. Durante o seminário debateremos a importâncias destas relações, agregando sempre valor para o nosso setor”, explica o coordenador geral do evento, Marcelo Brum.  
O evento é organizado pelo programa de rádio A Voz do Campo e está em sua terceira edição. Serão três dias de palestras, informações técnicas, debates, feira, relacionamento e projeção de mercado. “Em sua segunda edição, no ano de 2015, reunimos cerca de 700 agricultores do Brasil todo. Temos a certeza que reuniremos os melhores especialistas em agronegócio do país”, comemora Marcelo.
Entre as presenças confirmadas estão o presidente da John Deere no Brasil, Paulo Herrmann, Gustavo Junqueira presidente da Sociedade Rural Brasileira e Francisco Vila diretor da Sociedade Rural, Miguel Daoud, jornalista e economista, o senador goiano Ronaldo Caiado (DEM/GO), Valdir Bündchen, João Batista Olivi, jornalista, Dirceu Gassen, Telmo Amado, Carlos Forcelini, Ciloter Iribarren, Fábio Mizumotto entre outros especialistas do agronegócio.
Apoios
O evento é uma realização do programa A Voz do Campo e conta com o patrocínio da Nidera, Monsanto, Bayer, BRDE, Du Pont, Grupo Fockink, Valley Group, Grupo Costa Beber, Analys, John Deere, Unifértil, Tovese Seguros e Grupo Felice.
A comissão de apoio é formada por Martiniano Costa Bebber, do Grupo Costa Bebber, Caio Nemitz, produtor rural, Valdecir Sovernigo, produtor rural, João Marcelo Dumoncel, empresário, Humberto Falcão, empresário e produtor rural, Luiz Minozzo produtor e empresário e Marília Terra Lopes, também produtora e empresária. A agência responsável pelas hospedagens é a Official Turismo, de Porto Alegre (RS). As inscrições poderão ser feitas através do site do evento,www.avozdocampo.com.br/seminario.
Serviço:
O que: III Seminário A Voz do Campo
Quando: 11 a 13 de agosto de 2015
Onde: Hotel Serrano Resort Convenções e Spa, Gramado (RS)
Infos: www.avozdocampo.com.br/seminario

Sobre A Voz do Campo  
O programa A Voz do Campo surgiu da necessidade de transmitir informação para o produtor de forma diferenciada. O radialista Marcelo Brum, com o apoio de Alcides Menghini, e produtores rurais de Capão do Cipó e região deram início a um projeto de comunicação inovador. Atualmente A Voz do Campo vai ao ar todos os sábados, das 8h às 10h da manhã, em   mais de 30 rádios no RS, Paraná, Roraima e Goiás.