Análise, Glauco Fonseca - Das luvas de pelíca às luvas de boxe

Foi na segunda-feira, 14h30, direto do auditório do Sescon-RS.
No centro, o tarimbado árbitro Felipe Vieira.
No corner esquerdo, calção azul, pesando cerca de 80 quilos e espumando pelos poros, Nelson Marchezan Junior.
No canto oposto, de Goiás para o mundo, de calções avermelhados, Sebastião Melo. Mesmo peso, mais velho e tranquilo e com aqueles irritantes perdigotos prisioneiros nos cantos da boca.

Vai começar o show.

Primeiros movimentos mais prudentes de ambas as partes. Ambos dizem coisas com pouco sentido, preparando-se para a rinha que se aproximaria já no round seguinte, de perguntas diretas e respostas cada vez mais indiretas. Marchezan não esperava reações agressivas de Melo e as teve. Melo foi mais contundente nos golpes a Marchezan, que os acusou, sim senhor. Depois de golpes violentos, cruzados de esquerda (Melo não é bom de jabs de direita...), o pemedebista acerta uma frase que deixou Marchezan furioso.

- Não tenho raiva do Fortunati, mas estou ficando com um pouquinho de raiva de ti...

Oooohhhhhh!

Marchezan com raiva? Injustiça...

- Então te acalma, Sebastião.

Na hora lembrei da música dos Titãs “O mundo é bão, Sebastião”. O golpe iracundo de Sebastião lá pelos 45 minutos do debate deixou Marchezan levemente tonto. Foi o famoso “Efeito Yeda”.

Lembrei de contar um pouquinho do debate em tom de luta de boxe por que, de fato, o pugilato verbal será mais presente daqui pra diante. Melo cansou de receber golpes diretos de Marchezan de todas as formas. Mudou o tom da resposta, a intensidade. Melo resolveu sair do corner e partir pra cima. Quem diria, hein Sebastião....

Nada se pode dizer sobre o que virá pela frente nos debates e, em seguida, no pleito.
Sebastião Melo decidiu que não ganhará senão abandonar a zona de conforto. Já Marchezan, nosso conhecido, está no limite de sua fidalguia e poderá errar a mão se for ainda mais agressivo.

Somente uma coisa pode ser dita: Vai vencer esta eleição aquele que menos medo tiver de perde-la.


O guichê de apostas teve a fila aumentada hoje.

Artigo, Fernanda Barth - Foi um debate de ofensas gratuitas

Os debates da campanha para a prefeitura de Porto Alegre, neste segundo turno, tem sido pontuados mais por agressões e ataques do que por propostas claras e objetivas. O debate na Rádio Guaíba, nesta segunda de tarde, foi uma continuação do ringue que já tínhamos visto no debate da Band, na noite de sexta, entre o candidato da situação, o atual vice-prefeito Sebastião Melo e o candidato de oposição, Nelson Marchezan Junior.
O primeiro bloco começou bem, com os dois candidatos respondendo a pergunta feita pelo Sescon-RS, mas logo no segundo bloco a artilharia veio forte. Cada candidato tentando colar no outro rótulos negativos. Marchezan mostrando que Melo é o continuísmo do que temos hoje na cidade - e que portanto, podia ter feito as mudanças que propõe mas não as fez - e Melo querendo dizer que Marchezan esteve onze anos na coligação e está com dois partidos que sempre foram a base da atual administração.
Em um momento Melo acusou gratuitamente Marchezan de não gostar de pobres, de vila e nem do Lami. O comparou a Collor e disse que ele não era o novo e nem a mudança, mas um representante da velha política. Disse ainda que Marchezan era virulento, faltava com a verdade, não conhecia a cidade e era contra os partidos. Mas logo a seguir Melo atacou o PP e o PTB que até pouco tempo queria na coligação com ele. Cada frase era um ataque. No meio disto tudo, infelizmente, as propostas assumiram lugar secundário no debate.

Este segundo turno é uma comparação de personalidades, projetos  e capacidades de executá-los. Mas também é de caracteres. Grande parte do eleitorado acaba escolhendo a pessoas com quem mais simpatiza e ataques constantes não constroem uma vitória. Os ataques pessoais, bastante adjetivados, são totalmente desnecessários e doem aos ouvidos do eleitor, que já desencantado com a política se esforça para conseguir acompanhar o debate e escolher em quem votar. Ninguém se constitui tentando desconstituir o outro. Ofensas gratuitas só tiram votos de quem as profere e as pesquisas estão aí para provar

OAB defende sigilo profissional dos jornalistas

O presidente nacional da OAB, Claudio Lamachia, enviou ao editor a nota a seguir, que faz defesa forte do sigilo profissional dos jornalistas. Confira:

"É inaceitável a violação do sigilo de um jornalista com a finalidade de descobrir quais são suas fontes. Isso representa um grave ataque à liberdade de imprensa e à Constituição, que é clara ao proteger o direito do jornalista de manter sigilo a respeito de suas fontes. Não se combate o crime cometendo outro crime.

Ao proteger o sigilo da fonte, a Constituição visa a assegurar a existência de uma imprensa livre para que a sociedade seja bem informada. Ou seja: violar a proteção constitucional dada ao trabalho da imprensa significa atacar o direito que a sociedade tem de ser bem informada.

O direito constitucional do sigilo da fonte está para o jornalista, como está o sigilo da comunicação entre o advogado e seu cliente.

Infelizmente, violações a prerrogativas profissionais são frequentes em nosso país e, em última instância, prejudicam as cidadãs e os cidadãos usuários dos serviços. A advocacia, por exemplo, é vítima frequente desse tipo de ilegalidade. O sigilo das comunicações entre advogados e clientes tem como objetivo assegurar aos cidadãos a ampla defesa e um julgamento justo. Não pode haver grampo nessas comunicações.

Vou repetir à exaustão: não se combate o crime cometendo outro crime. Isso só resulta em prejuízos para o país.

É preciso dar efetividade aos princípios constitucionais para a democracia avançar no Brasil.

A OAB coloca-se contra todos os retrocessos e afrontas ao Estado Democrático de Direito perpetradas por agentes púbicos que deveriam respeitar a lei, não infringi-la."


Claudio Lamachia, presidente nacional da OAB

Artigo, Marcelo Aiquel - Por que Lula ainda não foi preso ?

       Deixando de lado esta falácia ridícula (uma redundância óbvia, pois não há falácia sem uma boa dose de ridículo) de “gopi” e “perseguição orquestrada pelas elites”, discursos clichês de quem não encontra argumentos – no mínimo plausíveis – para combater a verdade e os fatos, ronda uma dúvida na cabeça das pessoas: POR QUE LULA, O FANFARRÃO EMBUSTEIRO, AINDA NÃO FOI PRESO?
         Na minha modesta avaliação, a resposta é mais do que evidente: o único motivo ainda reside na confecção da armadilha perfeita (uma bem feita teia de aranha) para pegar o vagabundo. Ou seja, ainda faltam alguns detalhes para que, depois de pego, a defesa do ser vivo mais honesto da nação não encontre uma brecha sequer para tentar livrá-lo de morar em Curitiba, como hóspede especialíssimo da PF e da Justiça Federal.
         O combativo Juiz Sérgio Moro tem procurado montar um cabedal de provas inquestionáveis e inatacáveis contra o iletrado bufão. E este trabalho tem sido tão cuidadosamente elaborado que o tempo passou a ser um aliado importante, devido aos depoimentos incriminatórios que surgem com a mesma rapidez com que o desespero tem minado a confiança dos antigos cúmplices do meliante, agora ávidos do benefício legal da delação.
         O nobre representante do judiciário federal sabe que só dispõe de uma única bala de prata, o raro artefato que – segundo reza a lenda – derrota os quase invencíveis vampiros. E não pode errar o alvo, pois criaria um levante dos adoradores e dependentes do vampiro contra si.
         Muito perspicaz, estudioso, inteligente e competente, o ilustre magistrado curitibano está montando um cerco inexpugnável para comprometer definitivamente a figura pública do dissimulado líder popular. E, ao jogar a rede n’água vai capturar um sujeito já divorciado das mentiras que o sustentaram, juntamente com outros caraminguás que sempre estão se alimentando em torno do chefe. Pequenos e insignificantes personagens totalmente incapazes de mover-se sem o cajado do seu pastor.
         Será a jogada de mestre; o “cheque mate” do campeão sobre um pseudo enxadrista, que apesar de não dominar as pedras do tabuleiro, posa com a arrogância de um exímio conhecedor das táticas vencedoras. Noções que aprendeu com os pífios professores bolivarianos.
          As jogadas que ensaiou durante a vida toda somente iludiram aos pobres militantes fanáticos, pois todos aqueles que detêm um nível razoável de inteligência jamais se deixariam enganar com as mentiras e atitudes populistas que o canalha nos brindou ao exagero, sem qualquer vergonha ou pudor.
         É claro que houve vários “intelectuais” que idolatraram o ignorante. Porém, sem qualquer interesse pessoal, duvido que um só o aplauda com sinceridade. E, se eventualmente o fizer, ouso dizer que é tão canalha quanto seu ídolo de barro.
         E agora que a ratoeira (ou seria uma “cachaceira”?) está quase terminada, falta somente um punhado de queijo (ou uma dose de cachaça) para o bote definitivo, rumo ao gran finale.
         Que, podem acreditar, será festejado com a mesma alegria com que os eleitores declararam aprovação ao tal de “GOPI” que levou o Temer à Presidência. Apesar de algumas escaramuças organizadas por movimentos de esquerda (os eternos anarquistas e baderneiros), cada vez mais escassos em razão da falta de “incentivo oficial” (= R$ de propinas).

         Para aqueles que estão ansiosos, só um conselho: tenham paciência, pois não se erradica nenhuma praga com apenas uma dose de veneno.