(José Roberto de Toledo-Estado de S.Paulo, 22) 1. Baseado
em cinco perguntas feitas à população, o Índice de Conservadorismo criado pelo
Ibope acompanha as opiniões dos brasileiros sobre temas polêmicos e que
costumam separar liberais de conservadores: 1) legalização do aborto, 2)
casamento entre pessoas do mesmo sexo, 3) pena de morte, 4) prisão perpétua, 5)
redução da maioridade penal. O questionário foi aplicado pela primeira vez em
2010, e repetido agora.
2. O conservador dos conservadores respondeu ser contra
os itens 1 e 2, e a favor dos demais – na escala do Ibope, ele marcará 1 de
conservadorismo. Já o liberal dos liberais é a favor dos dois primeiros itens,
e contra o resto: seu índice é zero. Entre um e outro, o Ibope dividiu os
brasileiros em três faixas, conforme a quantidade de respostas conservadoras. A
distribuição dos resultados ajuda a entender a projeção de um Bolsonaro. Nada
menos do que 54% da população brasileira alcançou um índice igual ou superior a
0,7, que o Ibope definiu como alto grau de conservadorismo. Outros 41% – com
índice entre 0,4 e 0,6 – estão na faixa do conservadorismo médio. Só 5% ficaram
no baixo.
3. Na média, o brasileiro marcou 0,686 – bem mais para
conservador do que para liberal. Ainda mais relevante, esse índice médio
cresceu nos últimos seis anos: em 2010, era de 0,657. Colocando de outra
maneira, o grupo dos que atingiram alto grau de conservadorismo cresceu de 49%
para 54% nesse período. As questões que puxaram o conservadorismo nesta
década foram as três ligadas à insegurança pública e supostas maneiras de
diminuí-la. O apoio à pena de morte pulou de 31% para 49% nos últimos seis
anos. A favorabilidade à redução da maioridade penal – para permitir que
adolescentes sejam julgados como adultos – cresceu de 63% para 78%. E a defesa
da prisão perpétua para crimes hediondos aumentou de 66% para 78% desde 2010.
4. “Observa-se um aumento do conservadorismo em função do
maior apoio às medidas punitivas, seja em decorrência do aumento das taxas de
violência no País, ou de um desejo de se acabar com a impunidade percebida”,
analisa Marcia Cavallari, CEO do Ibope Inteligência. Mas ela acrescenta outras
nuances: “As questões políticas, econômicas e sociais pelas quais o País passa
também contribuem para o endurecimento em relação à punição”. Nas questões
comportamentais, o conservadorismo não cresceu. Os mesmos 78% de 2010 continuam
se declarando contrários à legalização do aborto, mas a taxa dos favoráveis
cresceu de 10% para 17% (os “nem contra nem a favor” caíram de 10% para 4%). E
aumentou significativamente a aceitação do casamento entre pessoas do mesmo
sexo: de 25% para 42%. Agora há um empate técnico com os contrários (estes
caíram de 54% para 44%).
Nenhum comentário:
Postar um comentário