As vendas do comércio varejista restrito cresceram 2,0%
na passagem de outubro para novembro, excetuada a sazonalidade, segundo a
Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) divulgada ontem pelo IBGE. O resultado
superou a nossa projeção e a mediana das expectativas do mercado, de altas de
0,4% e de 0,3%, respectivamente, de acordo com coleta da Bloomberg. Uma parcela
da forte elevação na margem pode ser atribuída às vendas da Black Friday, com a
antecipação de parte das compras de Natal. Na comparação interanual, houve
queda de 3,5%, acumulando contração de 6,5% nos últimos doze meses. A expansão
das vendas no período refletiu o avanço em cinco dos oito setores pesquisados,
com destaque a alta de 0,9% na margem de hiper, supermercados, produtos
alimentícios, bebidas e fumo, responsável por aproximadamente metade das vendas
do comércio restrito. Diversos segmentos foram beneficiados pela Black Friday,
como equipamentos de escritório, informática e comunicação e móveis e
eletrodomésticos, com variações positivas de 4,3% e 2,1%, nessa ordem. Além
disso, outros artigos de uso pessoal e doméstico apresentaram forte elevação de
7,2%. Em contrapartida, as vendas de tecidos, vestuário e calçados caíram 1,5%.
Já o volume de vendas do comércio varejista ampliado, que também contempla os
segmentos de veículos e materiais de construção, subiu 0,6% em relação a
outubro, na série dessazonalizada. A alta mais modesta que a do varejo restrito
foi explicada pelo declínio de 0,3% das vendas de veículos e motos, partes e
peças. Já materiais de construção registraram elevação de 7,2% no período.
Apesar do resultado positivo com as vendas do varejo em novembro, esperamos
devolução do movimento em dezembro, diante da dissipação do efeito da Black
Friday. Acreditamos que o enfraquecimento do mercado de trabalho, a
desalavancagem das famílias e a perda de fôlego da confiança dos consumidores
continuarão a impactar negativamente o consumo à frente. Assim, devemos ver
nova contração do consumo das famílias no quarto trimestre, de cerca de 0,5% em
relação aos três meses anteriores. Para o PIB total, atualizamos nossa projeção
de -0,9% para -0,8%. Diante do crescimento do varejo em novembro e da relativa
estabilidade da produção industrial, projetamos avanço de 0,2% do IBC-Br.
Ressaltamos que o resultado do desempenho do setor de serviços, a ser divulgado
nesta quinta-feira, ainda pode alterar nossa expectativa.
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