A Lenda
Astor Wartchow
Advogado-oabrs 25837
Gigantes por natureza e deitados eternamente em berço
esplêndido, havia uma terra e seu povo que acreditavam na lenda acerca da
ascensão ao poder de um homem pobre e humilde.
Sem cultura e educação formal, e advindo de região
miserável e árida da nação, estaria, porém, investido e atribuído de
sabedoria, humildade, liderança e despreendimento material.
A lenda em torno deste messias fazia crer também -
baseado em outra lenda que atribui virtudes naturais aos materialmente pobres -
que seria incorruptível, dotado de honestidade, senso ético e moral. Uma alma
nunca dantes vista naquelas terras e terras nenhumas entre todas as terras do
mundo.
E este predestinado conduziria todo o seu povo,
pobres e ricos, negros e brancos, sulistas e nordestinos, indistinta e
equitativamente, a plenitude de seus direitos, posses materiais e culturais e
demais prazeres.
Conquistas e realizações como que por encantamento.
Afinal e consequentemente, repetia-se que tal nação e seu povo seriam pródigos
por natureza e divindade.
E, assim, durantes anos e anos propagou-se a lenda.
E com seu crescimento e a popularidade do messias, a reprodução massiva de seus
pastores e fiéis.
E o que era uma lenda virou uma religião. E como as
demais religiões, também têm seu ícone, seu dogma e o exercício da idolatria.
Além dos ditos e cantados atributos que a origem
social e geográfica se lhe incorporariam como por osmose e misticamente, a
lenda, como toda a lenda, também dizia que haveria um sinal, um pequeno detalhe
físico-estético que permitiria identificar quem de fato seria o predestinado.
Típico de lendas!
Mas, ainda que tardias, a realidade e a verdade
acerca dos milagres, pessoas e fatos não mantiveram concordância com que se lhe
cantavam e encantavam a lenda e o próprio messias, a retórica dos pastores e os
desejos dos respectivos fiéis.
Então, não demorou e o que era promessa de “paz e
amor”, virou incitação às diferenças étnicas, sociais, culturais e
institucionais, grosseiramente batizadas e rotuladas.
E o que pregara a lenda, seus propagadores e fiéis
sobre a suposta sabedoria, humildade, liderança e despreendimento material do
messias, transformou-se em dilúvio de profanações, arrogância,
mentiras, apropriações indébitas e escândalos.
Mas, como todas as igrejas e seu dogmas, como
todas as lendas universais, também esta mantém sua narrativa, seu ícone, seus
propagadores e crentes. Apesar de todos os pesares e ainda que quase apagada e
cadente a estrela que a simboliza.
Qualquer semelhança com histórias e estórias brasileiras
é mera conincidência.
sintese muito própria e correta, parabéns colocou tudo o que a maioria silenciosa deste País, gostaria de dizer sobre este cidadão.
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