O UOL entrevistou o ex-promotor italiano Antonio Di Pietro, que virou herói na Itália dos anos 90 por ter colocado atrás das grades políticos e empresários ao conduzir a operação Mani Pulite ("Mãos Limpas"), inspiradora da Lava Jato.
O blog O Antagonista, comenta neste sábado que le deu uma aula ao portal, ao responder uma pergunta que toma a narrativa petista como se fosse a palavra dos "críticos" à sentença de Moro.
Leiam, por favor:
- A opção pela condenação foi polêmica, pois críticos dizem que não há evidências de crimes cometidos por Lula. O sr. acredita que isso poderia diminuir o papel da Justiça no Brasil? Ou poderia ter o efeito oposto?
Se Lula foi condenado, isso significa que o Judiciário concluiu que havia provas suficientes de que ele é culpado. Como sabemos, existe sempre a possibilidade de que ele apele da decisão.
O que é inaceitável, contudo, é a tentativa – que está acontecendo agora no Brasil e que aconteceu durante a operação Mãos Limpas na Itália – de inverter posições.
Existe uma tentativa deliberada de fazer a opinião pública acreditar que a culpa pelo que aconteceu não é de quem usou sua função pública para conseguir benefícios pessoais ilegalmente, mas de quem descobriu as ilegalidades cometidas.
Seria como dizer que, se o médico descobre que o paciente tem câncer, ele é culpado, enquanto a culpa deveria recair sobre o tumor que afeta a saúde do paciente – neste caso, o paciente é o país e seus cidadãos.
A atuação dos magistrados contra figuras políticas não tem fins políticos, como muitas vezes os políticos envolvidos em investigações querem acreditar. Existe sempre um critério técnico por trás de qualquer condenação. Cabe ao juiz julgar com imparcialidade, independentemente de quem seja o autor do crime. Não é sua culpa se o crime for cometido por um sem teto ou o presidente da República.
Nenhum comentário:
Postar um comentário