Na chefia, se preso, Lula não teria a quem delatar para
fazer jus a prêmio
Os fatos e os atos decorrentes deles mostram que está
absolutamente caduco o uso do condicional em relação à alegada candidatura de
Lula da Silva à Presidência em 2018, uma vez que resta demonstrada a
impossibilidade real da volta dele à chefia da nação que seu partido saqueou e
deixou que aliados saqueassem.
Nenhuma das costumeiras condicionantes (caso não seja
ficha-suja, não esteja preso e ainda lidere as pesquisas de opinião quando
estas refletirem de fato intenção de voto e não mais a exposição midiática do
personagem) vale coisa alguma diante da seguinte realidade: o cavalo já não
passará mais selado diante de um Lula que perdeu densidade, credibilidade,
popularidade, capacidade de atrair aliados.
Perdeu principalmente a condição de mobilizar recursos
desde que a Lava-Jato começou a lhe retirar oxigênio político e cortar os dutos
financeiros do PT.
O processo tem sido lento, mas constante. No ano passado,
a condução coercitiva provocou comoção, e o organograma do Ministério Público
desenhando sua posição de chefe do esquema corrupto de sustentação de poder
virou motivo de chacota. Já o primeiro depoimento a Sergio Moro movimentou bem
menos emoções, e o segundo, no último dia 13, exibiu um homem ciente de seu
destino: nervoso, arrogante, insolente e desrespeitoso. Provocou, sem sucesso,
o juiz como quem dissesse:
perdido por um, perdido por mil, na tentativa de colher
de Sergio Moro reação que pudesse ser apontada como “prova” de que é alvo de
ódio e, portanto, de perseguição, insidiosa parcialidade.
Se nada mais fornecesse mostras da trajetória de
ilicitudes percorrida pelo PT, duas evidências produzidas pelo próprio partido
serviriam de perfeita ilustração. A primeira, a pindaíba em que anda o partido,
desprovido de recursos lícitos e impossibilitado de se utilizar de ilícitos
eventualmente ainda ocultos devido ao olho vivo da polícia e do Ministério
Público, aos processos, bloqueio de contas e prisões.
O segundo destaque é a decisão do PT de expulsar Antonio
Palocci em razão das acusações feitas a Lula, enquanto não viu nada de mais no
fato de o ex-ministro estar preso há um ano e desde junho condenado a doze anos
por corrupção e lavagem de dinheiro. Astucioso dissimulado (inteligente, não
necessariamente esperto, ao contrário de Lula), Palocci fez um relato em que
figura como homem correto, sempre atento aos ditames da lei.
No depoimento a Moro, ele estava no direito de não
produzir provas nem indícios contra si. Situação diferente dar-se-á quando, e
se, sua delação premiada vier a ser aceita pelo MP e homologada pelo Supremo
Tribunal Federal. Nessa ocasião, caso venha a ocorrer, o ato de assumir os
crimes para revelar como os cometeu em parceria ou sob as ordens do(s)
parceiro(s) é parte indispensável do processo de tentar a obtenção de
benefícios. Aí ficará mais difícil, para não dizer impossível, Lula da Silva
escapar do destino que construiu. Com a desvantagem de, na condição de ocupante
do topo da cadeia alimentar da corrupção, não contar com a possibilidade da
delação para fazer jus a benefícios.
Nenhum comentário:
Postar um comentário