Incoerência e Contradição Intelectual

Incoerência e Contradição Intelectual

Astor Wartchow
Advogado

            O grave acirramento de relacionamento e comportamento entre brasileiros - como tudo que é semeado também é necessariamente colhido! - à conta da situação político-econômica da nação, têm revelado um acentuado e continuado grau de incoerência e contradição intelectual.
            O caso mais evidente diz respeito a situação estadual e nacional, afundados em deficits gigantescos das contas públicas, economia em recessão e, consequentemente, desemprego crescente.
            A opção partidária ou ideológica de cada um - parlamentares, principalmente -  não é razão  suficiente, racional e lúcida para deixar de reconhecer o estado calamitoso atual.
            Quem duvida da atualidade e realidade  dos números do desastre social-econômico-financeiro estadual e nacional não entende de matemática, nem de economia, o que pode ser compreensível para a maioria, mas intolerável em se tratando de parlamentares e "doutores".
            Ou, então, se entende, se está a par dos números,  está usando de incoerência e contradição intelectual.  E nem insinuarei que é caso de desonestidade intelectual!
            Não se trata de gostar ou não do governador Sartori e do presidente Temer, dos respectivos partidos e seus aliados. Aliás, as sucessivas e intermináveis denúncias e processos judiciais que atingem empresários e políticos de todos os partidos têm revelado que não há "virgens" na política nacional, nem ideologias e discursos capazes de promover uma possível união nacional.
            Logo, o momento é de reconhecer a necessidade de soluções mínimas, básicas e inadiáveis. Depois da gastança irresponsável e insustentável - alias, gastos e excessos que os respectivos  autores não fariam com seu próprio dinheiro na administração do orçamento familiar! - alguém imaginou que não haveria sofrimento e repartição dos custos sociais?
            Por exemplo, no caso nacional, não é incoerência e contradição e intelectual discutir a inevitável e pornográfica taxa de juros(consequência) da dívida pública depois de nada fazer para impedir os gastos  irresponsáveis e o óbvio crescimento da dívida?

            E no caso estadual, não é incoerência e contradição intelectual votar contra o projeto do governo (da divisão dos duodécimos sobre a receita arrecadada e não sobre a orçada) e favorecer grotescamente os abonados Poder  Judiciário, Tribunal de Contas, Ministério Público,  Defensoria Pública e Assembleia Legislativa, prejudicando o conjunto dos servidores (do Poder Executivo) que dizem tanto defender?       

CRESCE O ÍNDICE DE CONSERVADORISMO NO BRASIL: INSEGURANÇA PÚBLICA PUXA O ÍNDICE!

(José Roberto de Toledo-Estado de S.Paulo, 22) 1. Baseado em cinco perguntas feitas à população, o Índice de Conservadorismo criado pelo Ibope acompanha as opiniões dos brasileiros sobre temas polêmicos e que costumam separar liberais de conservadores: 1) legalização do aborto, 2) casamento entre pessoas do mesmo sexo, 3) pena de morte, 4) prisão perpétua, 5) redução da maioridade penal. O questionário foi aplicado pela primeira vez em 2010, e repetido agora.
        
2. O conservador dos conservadores respondeu ser contra os itens 1 e 2, e a favor dos demais – na escala do Ibope, ele marcará 1 de conservadorismo. Já o liberal dos liberais é a favor dos dois primeiros itens, e contra o resto: seu índice é zero. Entre um e outro, o Ibope dividiu os brasileiros em três faixas, conforme a quantidade de respostas conservadoras. A distribuição dos resultados ajuda a entender a projeção de um Bolsonaro. Nada menos do que 54% da população brasileira alcançou um índice igual ou superior a 0,7, que o Ibope definiu como alto grau de conservadorismo. Outros 41% – com índice entre 0,4 e 0,6 – estão na faixa do conservadorismo médio. Só 5% ficaram no baixo.
            
3. Na média, o brasileiro marcou 0,686 – bem mais para conservador do que para liberal. Ainda mais relevante, esse índice médio cresceu nos últimos seis anos: em 2010, era de 0,657. Colocando de outra maneira, o grupo dos que atingiram alto grau de conservadorismo cresceu de 49% para 54% nesse período.  As questões que puxaram o conservadorismo nesta década foram as três ligadas à insegurança pública e supostas maneiras de diminuí-la. O apoio à pena de morte pulou de 31% para 49% nos últimos seis anos. A favorabilidade à redução da maioridade penal – para permitir que adolescentes sejam julgados como adultos – cresceu de 63% para 78%. E a defesa da prisão perpétua para crimes hediondos aumentou de 66% para 78% desde 2010.
            
4. “Observa-se um aumento do conservadorismo em função do maior apoio às medidas punitivas, seja em decorrência do aumento das taxas de violência no País, ou de um desejo de se acabar com a impunidade percebida”, analisa Marcia Cavallari, CEO do Ibope Inteligência. Mas ela acrescenta outras nuances: “As questões políticas, econômicas e sociais pelas quais o País passa também contribuem para o endurecimento em relação à punição”. Nas questões comportamentais, o conservadorismo não cresceu. Os mesmos 78% de 2010 continuam se declarando contrários à legalização do aborto, mas a taxa dos favoráveis cresceu de 10% para 17% (os “nem contra nem a favor” caíram de 10% para 4%). E aumentou significativamente a aceitação do casamento entre pessoas do mesmo sexo: de 25% para 42%. Agora há um empate técnico com os contrários (estes caíram de 54% para 44%).
            
5. O medo da violência, portanto, é o principal drive do conservadorismo no Brasil do século 21. Mas não é o único. Pela ordem, os segmentos sociais e demográficos mais conservadores são: os evangélicos (índice 0,717 e crescendo), os homens (0,706 e em alta) e os menos escolarizados (0,701). Na outra ponta estão os que não são católicos nem evangélicos (0,649) e quem fez faculdade: 0,650. Este é um dos raros estratos onde o conservadorismo diminuiu. Não é coincidência.

Artigo, Carlos Brickmann - A eleição de uma prostituta no Solimões. Chega de intermediários

A grande novidade dessas eleições - noves fora quem foi eleito e preso em seguida - é conhecida apenas em Manacapuru, a "Princesinha do Solimões", a uns 80 km de Manaus, capital do Amazonas. Francisca Ferreira da Silva, 32 anos, tomou posse neste domingo como vereadora - a quarta parlamentar mais votada da cidade, a vereadora líder de votos, com 1.722. Contribuições para a campanha, só de pessoa física: taxistas, mototaxistas, pequenos comerciantes. Marqueteiro, nem pensar. Pensa no futuro da população mais pobre de Manacaparu: "Estou grata pelo apoio que recebi dos amigos e parentes", diz. "Vou cobrar o prefeito e vou lutar para que Manacaparu tenha uma clínica de hemodiálise".

 Francisca Ferreira da Silva não concluiu o Fundamental, tem três filhos e é a primogênita de Manoel Nonato Oliveira da Silva e Alcina Lomas da Silva, ambos aposentados. Muito popular no porto, onde trabalha, foi escolhida pelos prestadores de serviços da área para representá-los, diante das sucessivas frustrações com seus eleitos. Têm certeza de que ela é imune à corrupção. Ela corresponde: até que receba os R$ 7.800,00 de salário, trabalha como feirante, feliz com a perspectiva de ajudar seus eleitores.

 Ah, ninguém a conhece pelo nome, mas pelo apelido, Coroca, que usou como prostituta. Defende-a seu pai: "Jesus diz que quem não tiver pecado que atire a primeira pedra".

No país da Lava Jato, quem se atreverá?