Cambada de desqualificados, Vinicius Mello Freire

Cambada de desqualificados, Vinicius Mello Freire

O que será feito do país quando Michel Temer for defenestrado do Planalto? Essa é a dúvida desesperadora. Como evitar que o governo caia na mão de aventureiros talvez ainda piores? Como conter a desorganização econômica?

Qualquer solução deveria ser rápida, a fim de evitar riscos institucionais ainda maiores e, se possível evitar a recaída no pior da recessão. Eleição direta, a melhor solução política, reivindicada pela maioria do eleitorado desde o impeachment, não é prevista na Constituição e tende a ser lenta, em tese. Qualquer arranjo limitado ao Congresso ou a sua cúpula repulsiva não será tido como legítimo, para dizer o menos.

Antecipar excepcionalmente o fim deste mandato não parece mais descabido, embora complexo: um governo novo, para quatro anos.

A não ser em hipótese implausível de fraude da denúncia, Temer deve ser deposto. O modo de defenestrá-lo talvez deva fazer parte da negociação do que fazer do país logo após a deposição. Mas as alternativas são renúncia, impeachment e cassação por meio de carona no julgamento da chapa Dilma-Temer.

O julgamento da cassação da chapa foi marcado para 6 de junho. Trata de outro assunto, crime eleitoral em 2014. A absolvição da chapa ou, gambiarra ainda maior, a salvação apenas de Temer seria pilhéria, jeitão e acordão político. Agora, não é mais preciso ou possível manter as aparências descaradas.

Um processo de impeachment lançaria o país em tumulto caótico prolongado, óbvio. A defenestração de Temer deve ser quase imediata. Os problemas não terminam aí, apenas recomeçam.

O artigo 81 da Constituição determina que, vagando os cargos de presidente e vice nos últimos dois anos do mandato presidencial, haverá eleição para os dois cargos, pelo Congresso Nacional, em 30 dias, na "forma da lei".

Não há lei específica para regulamentar a eleição, apenas um projeto em tramitação. Enquanto não se elege o novo presidente, assume o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, outra figura notável, por assim dizer.

Isto posto, ainda que se chegasse a um acerto sobre os procedimentos da eleição, a população vai aceitar acordos e candidatos negociados por essa gente que está na cúpula do Congresso? A cúpula do PMDB inteira foge da polícia. O presidente do PSDB, aliado maior deste governo, Aécio Neves, faz parte do bando em fuga, tendo caído também na série de grampos que deu cabo de Temer.

O tumulto político que sobrevirá deve no mínimo suspender essa recuperação econômica que se limitava a uma passagem da recessão profunda para o que seria apenas estagnação, neste ano. Agora, haverá algum tumulto financeiro e incerteza profunda, com choque na confiança de consumidores e empresas. É improvável que o país não pare de novo, ao menos no interregno.

O problema maior será como elaborar um plano consensual de saída de mais esta desgraça. Será necessária uma concertação política rápida. No entanto, um governo que aparente continuidade, mesmo que apenas econômica, parecerá ilegítimo. Um governo inteiramente novo terá quase tempo algum para implementar políticas novas.


O problema essencial é como encurtar a crise com uma solução legal e legítima.

Artigo, Marcelo Aiquel - O macaco só queria entender

Artigo, Marcelo Aiquel - O macaco só queria entender
              Ontem à noite, após explodirem as “bombas jornalísticas” da delação dos donos da JBS, fui dormir pensando no macaco Sócrates, famoso personagem do programa PLANETA DOS HOMENS, que teve sua fase de sucesso na TV brasileira, lá nos anos 80.
                O macaco Sócrates era aquele que, depois de fazer perguntas óbvias para as pessoas – que, constrangidas, precisavam “se virar do avesso” para conseguir esclarecer uma notória contradição – apenas respondia: NÃO PRECISA EXPLICAR, O MACACO SÓ QUERIA ENTENDER.
                O quadro humorístico era uma sátira direta à hipocrisia das pessoas, cujo comportamento não condizia com a prática. Ou seja, estas pessoas agiam como aquele caboclo matreiro que dizia: “Façam o que eu digo, mas não façam o que eu faço.”
                Pois, ontem, ao assistir a surpreendente euforia de uma PETRALHADA ENSANDECIDA com as notícias da delação dos irmãos Batista (Grupo JBS), foi impossível não lembrar do macaco Sócrates.
                Ele (o macaco Sócrates!) – com absoluta certeza – perguntaria aos sorridentes petistas, que festejavam as denúncias dos irmãos Batista com a alegria que se comemora uma goleada do Brasil, na final de uma Copa do Mundo:
                MAS, ESTE “GOLPISTA” (MICHEL TEMER) QUE FOI DESMASCARADO, NÃO ERA O VICE DA DILMA, NAS ÚLTIMAS DUAS CHAPAS DO PT Á PRESIDÊNCIA?
                Não precisa explicar, o macaco só queria entender!
                ELE NÃO FOI ELEITO DUAS VEZES, COM O APOIO DO PT?
                Não precisa explicar, o macaco só queria entender!
                SE TODOS OS DELATORES MENTIRAM, COMO GARANTIR QUE ESTES FALAM A VERDADE?
                Não precisa explicar, o macaco só queria entender!
                QUER DIZER QUE AS DENÚNCIAS AGORA VALEM?
                Não precisa explicar, o macaco só queria entender!
                A REDE GLOBO NÃO ERA CONTRA O PT?
                Não precisa explicar, o macaco só queria entender!
                OS PETISTAS NÃO CONSIDERAVAM A “DELAÇÃO PREMIADA” E A “CONDUÇÃO COERCITIVA” UM ABUSO? AGORA NÃO CONSIDERAM MAIS?
                Não precisa explicar, o macaco só queria entender!
                AS REITERADAS NEGATIVAS DO PT; DO LULA; DA DILMA; E DO INSTITUTO LULA; SÓ SERVEM PARA ELES, OU TAMBÉM SERVIRÃO PARA O TEMER E O AÉCIO?
                Não precisa explicar, o macaco só queria entender!
                MAS, O FIEL “COMPANHEIRO” MANTEGA NÃO FOI DENUNCIADO TAMBÉM PELA JBS? ENTÃO, POR QUE TANTA EUFORIA?
                Não precisa explicar, o macaco só queria entender!
                QUER DIZER QUE NÃO NOS IMPORTAMOS DE PERDER UM DOS “NOSSOS” SE “ELES” CAÍREM?
                Não precisa explicar, o macaco só queria entender!
                O BNDES QUE AJUDOU A JBS NÃO ERA COMANDADO PELO PT? ENTÃO, POR QUE DE TANTA EUFORIA?
                Não precisa explicar, o macaco só queria entender!
                EM ALGUMA DAS MUITAS DELAÇÕES ANTERIORES SE SOUBE QUE BANDEIRAS VERMELHAS FORAM PARA AS RUAS FESTEJAR?
                Não precisa explicar, o macaco só queria entender!

                Dito isso, o macaco Sócrates certamente arrependeu-se de ter saído da selva para viver na ”civilização”. Uma civilização tão hipócrita e dissimulada como as “madalenas arrependidas”, que ontem se (des)arrependeram e saíram para às ruas festejando a vergonha da política nacional.
                Fazendo um carnaval fora de época, cujo desfile trará o deputado Jean Wyllys, feliz e radiante, comandando a ala das baianas.
                E, antes que algum petralha capacho venha dizer algo contra, eu completo dizendo: Quero uma faxina (geral) nos três poderes.
                Em por favor, devolvam a decência ao Brasil!
                Duela a quien duela...

                Marcelo Aiquel – advogado 

Post de Frederico Zavascki

O PMDB está no poder desde sempre e, como todos sabemos, estava com o PT aproveitando tudo de bom que o Governo pode dar... até que veio a Lava jato.
A ordem sempre foi a de parar a Operação (isto está gravado nas palavras dos seus líderes). Todavia, ao que parece, até para isso o PT era incompetente e, ao que tenho notícia, de fato, o PT nunca tentou nada para barrar a Lava Jato (ao menos o pai sempre me disse que nunca tinham tentando nada), o que sempre gerou fortes críticas de membros do PMDB.
O problema é que as investigações começaram a ficar mais e mais perto e os líderes do PMDB viram como única saída, realmente, brecar a Operação a qualquer custo. Para isso, precisava do poder. Derrubaram a Dilma e assumiu o Temer. Do que eles são capazes? Será que só pagar pelo silêncio alheio? Ou será que derrubar avião também está valendo?
O pai sabia de tudo isso. Sabia quanto cada um estava afundando nesse mar de corrupção. Não é por acaso que o pai estava tão afilho [sic] com o ano de 2017.
Aflito ao ponto de me confidenciar que havia consultado informalmente as Forças Armadas e que tinha obtido a resposta de que iriam sustentar o Supremo até o fim!
Que gente sínica [sic]. Não tem coisa que me embrulha mais o estômago do que lembrar que, no dia do velório do meu pai, diante de tanta dor, ainda tive que cumprimentar os membros daquele que foi apelidado naquele mesmo dia de o “cortejo dos delatados”.
Impeachment já!

Desculpem o desabafo, mas não tenho como não pensar que não mandaram matar o meu pai!