Darcy Francisco Carvalho dos Santos: a privatização
necessária
O que o governo estadual está buscando é uma maneira de
viabilizar as empresas
Para iniciar, esclareço que sou contra privatizações,
desde que elas visem somente arrecadar recursos para enfrentar déficits, pela
simples razão de que os déficits são permanentes e os recursos são passageiros.
Em pouco tempo esgotam-se os recursos e os déficits retornam com mais força.
No entanto, o que o governo estadual está buscando, por
um lado, é uma maneira de viabilizar as empresas, onde precisam ser injetados
recursos de que não dispõe. Pelo menos, é isso que ele afirma. Por outro lado,
busca atender a uma das exigências do Regime de Recuperação Fiscal, sem o que o
Estado do Rio Grande do Sul será inevitavelmente inviabilizado. Abordarei somente
o segundo aspecto, de que tenho conhecimento.
A grande crise por que passam muitos Estados,
especialmente o RS, tem cinco grandes causas, três estruturais e duas
conjunturais. Duas das primeiras tiveram origem no passado e foram se agravando
com o tempo. São elas: a Previdência e a dívida.
A outra causa estrutural é a queda relativa da
arrecadação do ICMS nos principais Estados, decorrente do crescimento menor do
PIB e da perda de participação das mercadorias, base do imposto, na composição
do produto, em favor dos serviços.
As duas causas conjunturais dizem respeito à recessão
econômica que reduziu a arrecadação e aos reajustes salariais excessivos do
período 2011-2014, que no RS foram na ordem de 61%, quando a receita cresceu
39%. Como agravante, muitos reajustes foram estendidos até 2018, em percentuais
que chegam ao triplo do crescimento da receita.
Se o governo não conseguir aderir ao citado Regime de
Recuperação Fiscal, as prestações da dívida serão recompostas com um acréscimo
superior a 5% ao mês, tornando o déficit do corrente exercício próximo a R$ 3
bilhões e, em 2018, em torno de R$ 4,5 bilhões, com o inevitável desgaste do
governo atual.
Para quem está apostando no quanto pior melhor, visando à
próxima eleição, é bom ir sabendo que, uma vez no governo, terão que praticar
as mesmas políticas que hoje obstaculizam e, ainda, enfrentar o desgaste da
renovação das alíquotas do ICMS. Sem ambas, o déficit do primeiro ano de
governo será superior a R$ 7 bilhões.