Artigo, Mateus Bandeira - Esperança em tempos difíceis
Aimagem do copo meio cheio, meio vazio pode ser a melhor
representação do ano que passou. Dependendo de como o observamos, foi o período
do aprofundamento da crise. Ou do recomeço.
De um lado, dívida pública ascendente, desequilíbrio fiscal
e paralisia estatal desalentam. No entanto, a face mais cruel da crise são os
13 milhões de desempregados e a inédita quebradeira empresarial. Essa tragédia
brasileira resultou da soma de incompetência administrativa, menosprezo a
lições econômicas consagradas e acirramento político.
A opção entre a velha e a nova política, entre o velho e
o novo Brasil, é nossa.
Por outro lado, ficamos animados com a retomada da
criação de empregos e de investimentos, inflação baixa, juros em queda,
Petrobras e Eletrobras em processo de saneamento e volta do debate sobre
privatizações. Ainda que oscilante, há uma chama de esperança para 2018.
Mas se as reformas imprescindíveis _ previdenciária e
tributária _ não forem encaradas com desapego ideológico, teremos apenas um voo
de galinha. Para evitá-lo, é preciso entender que o equilíbrio fiscal não é um
bibelô enfeitando a mesa do ministro da Fazenda. Contas públicas em ordem são o
caminho seguro para investir em saúde, educação e segurança.
O retrocesso que vivemos nos últimos três anos tornou-se
mais agudo com a corrosão partidária revelada pela Lava-Jato. Desta vez, porém,
a lei chegou ao andar de cima, sendo aplicada a quem antes era intocável. Por
isso, o desânimo com a política, em vez de provocar sua rejeição, deve abrir
lugar para um novo modo de encarar a vida pública.
Se quisermos alcançar o desenvolvimento sustentável, a
igualdade de oportunidades e a fraternidade que uma nação precisa para avançar,
devemos ser perseverantes para ver, gota a gota, a água do copo chegar à borda.
Ao adentrar 2018, ano da maioridade do século 21, temos de deixar o século 20
nos livros de história.
As escolhas que faremos agora indicarão se vamos em
direção ao retrocesso ou ao crescimento. Definirão se seguiremos o receituário
de nações com desenvolvimento econômico e social consolidado ou daquelas que
fracassaram. Mostrarão, enfim, se aprendemos com os erros do passado. A opção
entre a velha e a nova política, entre o velho e o novo Brasil, é nossa.
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