Das muitas práticas viciosas do PT talvez a mais
abominável seja a mentira. Desde muito tempo o partido se especializou em
fraudar os fatos, vesti-los com novas roupagens, exagerar sobre os seus
próprios méritos, e nos adversários, inflar seus erros e defeitos.
Na semana passada, dois exemplos clássicos dessa
verdadeira compulsão. A Petrobras teve de celebrar um acordo bilionário, de
pagar uma multa de U$ 2,9 bilhões de dólares a investidores americanos que se
sentiram lesados pelo esquema de corrupção na estatal brasileira, revelado na
Operação Lava Jato. A ação foi encerrada pelo acordo. Se fosse até o fim o
prejuízo poderia chegar aos U$ 10 bilhões, até U$ 15 bilhões.
O PT, como é do seu estilo, saiu atirando, dizendo que o
acordo era prejudicial aos interesses da companhia, e que era parte da (eterna)
conspiração para privatizar a estatal brasileira.
O golpe é meio vulgar, mas sempre há otários que
acreditam. A indenização foi paga por causa das estripulias que os governos
petistas fizeram na Petrobras, nos seus 13 anos de governo. Mas a pronta reação
dos petistas foi dizer que a atual direção da Petrobras está gastando dinheiro
à toa e que os corvos da privatização estão à espreita e nunca desistem. O PT,
mesmo tendo governado o país de 2003 a 2016, nada tem a ver com isso. Como
lembrou Merval Pereira, de O Globo, o partido que quase botou abaixo a Petrobras,
por má gestão e roubalheira, correu à frente gritando: “Pega ladrão!”.
Ao longo dos anos do lulopetismo todos nós nos cansamos
de ouvir que, por engenho e arte dos governos populares e democráticos, a
pobreza teria sido extirpada do Brasil. Pois agora vem o IBGE e nos dá conta de
uma outra realidade: em 2016 nada menos do que 52 milhões de brasileiros
estavam na corda bamba, na linha da pobreza, com um rendimento médio de R$ 400
por mês. E dentro desses, existiam mais de 13 milhões de compatrícios em
situação de pobreza extrema, com um ganho mensal de R$ 135.
Esses milhões de brasileiros pobres e miseráveis são os
mesmos que com eles, e graças a eles, Lula, Dilma e o PT, haviam encontrado a
redenção. Segundo os petistas, é por causa desses milhões que Lula sofre uma
implacável marcação da Polícia Federal, do Ministério Público e da Justiça
Federal. Na narrativa, que é de todas a mais fantasiosa e mais calhorda, tudo
isso não passa da reação raivosa das “elites” (que eles nunca explicitam quem
são) contra a melhoria da vida desses contingentes desvalidos da população. As
tais elites são tão rancorosas que babam de raiva quando avistam pobres
viajando de avião.
Agora, Lula está para enfrentar o julgamento no dia 24 de
janeiro em Porto Alegre. Os lulopetistas estão de prontidão e de faca na bota.
Convocam os militantes, mobilizam as forças, mostram as garras e ameaçam com
uma convulsão. Têm a ilusão de que vão ganhar no grito.
Bem que gostariam de uma absolvição ou ao menos um voto a
favor de Lula. Mas o que eles querem mesmo é dar sequência à narrativa, à lenda
de que, se condenação houver, será por causa dos favores e benesses que Lula
distribuiu, pelo bem que ele fez ao povo e ao Brasil.
titoguarniere@terra.com.br
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