O ano de 2017 do presidente Michel Temer foi bom e foi
ruim.
Foi ruim, muito ruim, porque teve de lutar com todas as
suas forças contra dois pedidos de impeachment. Foram meses de turbulência, que
exigiram muito jogo de cintura, muito esforço e concessões para se manter no
cargo. Nos dois momentos se consumiu muito capital político, de um governo que
de tanto não dispunha. Temer escapou de forma competente, porque é preciso
conhecer os atalhos da política para se livrar das armadilhas de um procurador
meio sem noção, ambicioso e atrevido como Janot, e da rede Globo, que botou
todo o seu poderio a serviço do seu afastamento.
Mas também foi um ano bom e produtivo. No ano que passou
o presidente conseguiu aprovar – contrariando os prognósticos de muita gente
boa – a reforma trabalhista, um passo firme e decisivo para a modernização das
relações de trabalho no país. Os sindicatos, juízes e procuradores do
Ministério Público do Trabalho, e os grandes escritórios de advocacia
trabalhista bombardearam a proposta, usando todos os argumentos e todas as
armas, mas prevaleceu a boa leitura, de que a reforma poderá destravar muitos
obstáculos que atravancam a geração de empregos e postos de trabalho no Brasil.
No controle da inflação, o governo se deu bem – e a
população trabalhadora melhor ainda. A verdade é que Temer herdou uma inflação
de dois dígitos e derrubou-a aos atuais índices, próximos de civilizados 3% ao
ano. Talvez tenha sido a sua mais relevante conquista. Desconfio de que aí, na
inflação domada, está a explicação de que mesmo com um governo com índices de
aprovação tão escassos, ninguém consegue mobilizar as massas para os protestos
de rua, como aconteceu com Dilma. Em 40 anos, foi no governo Temer que se
registrou a maior baixa dos preços dos alimentos.
Com Dilma, a taxa básica de juros era superior a 14% ao
ano. Hoje está na faixa dos 7%, a mais baixa da série histórica. Embora seja
uma taxa de juros ainda elevada, em momento algum dos governos de FHC, Lula e
Dilma, esteve tão baixa. Os efeitos dessa verdadeira façanha são notórios: a
diminuição da dívida pública, o aumento do consumo, a ampliação do crédito, a
expansão da economia como um todo.
Acumularam-se dados e mais dados de que a economia, que
estava na lona com Dilma, depois de uma queda (em dois anos) de 7% do PIB,
depois da mais funda recessão como nunca antes na história deste país, agora
está em lento porém seguro crescimento.
A produção brasileira de grãos, que foi de 186 milhões de
toneladas em 2016, deve fechar o ano de 2017 com 242 milhões. O saldo da
balança comercial acumulado de janeiro a maio de 2016, que era de US$ 20
bilhões de dólares, somou US$ 62 bilhões de dólares de janeiro a novembro de
2017. O risco Brasil, que em maio de 2016 era de 376 pontos, foi reduzido a 242
pontos em dezembro de 2017.
Não houve nenhum milagre. Parte dessas comparações se
deve ao estado de calamidade em que estava reduzida a economia, com Dilma.
Partindo do caos tudo é lucro. Mas é cegueira política e ideológica não
reconhecer que o governo Michel Temer, com todos os seus problemas, acumula
méritos indiscutíveis.
titoguarniere@terra.com.br
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