Verdade distorcida
Merval Pereira
É patética a tentativa de petistas e seus assemelhados de
transformar o acordo que a Petrobras teve que fazer com acionistas estrangeiros
na Corte de Nova York, conseqüência da roubalheira desenfreada nos governos
Lula e Dilma, em uma ação prejudicial à estatal brasileira.
É a tática vulgar de o ladrão sair correndo a gritar
“pega ladrão”, a prática perversa de transformar a vítima em culpada. O crime
de lesa-pátria foi o esquema oficial de corrupção na Petrobras para financiar o
PT e partidos políticos de sua base, e não houve uma manifestação de
sindicalistas contra os escândalos revelados.
Inclusive no sistema de previdência de seus funcionários,
pois a Petros admite que o prejuízo com a falta de rentabilidade dos
investimentos feitos nos últimos anos foi de R$ 7,8 bilhões. Os aposentados
estão tendo que pagar mais 20% ao fundo de pensão, durante os próximos muitos
anos, para cobrir o buraco deixado por investimentos mal feitos, muitos
encomendados pelos dirigentes petistas para empresas do esquema de corrupção
instalado na estatal, como está sendo revelado pela Lava Jato.
Simplesmente o acionista no exterior está cobrando o
dinheiro que roubaram dele, e como o sistema judiciário americano funciona, o
melhor foi buscar o acordo, como, aliás, acontece na grande maioria dos casos
de ações coletivas com essa. Estava previsto o julgamento de um recurso da
Petrobras na Suprema Corte dos Estados Unidos, com risco grande de perder, e o
caso iria a júri popular.
A indenização poderia ser bem maior, havendo escritórios
que previam entre US$10 bilhões e US$ 15 bilhões. O calvário da Petrobras não
terminou ainda, pois as ações de indenização aqui no Brasil devem ser
beneficiadas com a decisão dos Estados Unidos, embora nada tenham de ligação
jurídica, somente moralmente estão conectadas. A Comissão de Valores
Mobiliários e os julgadores das causas estarão expostos diante do acordo feito
em Nova York, e os investidores brasileiros ganharam novo ânimo.
Para o consultor Adriano Pires,diante do que o PT fez na
Petrobras, é absurdo considerar que não foi um bom negócio. Ele ressalta que só
de subsídio de gasolina e diesel a Petrobras perdeu U$ 40 bilhões no governo
Dilma. Além disso, a Petrobras investiu em ativos sem nenhuma taxa de retorno:
Comperj, a refinaria Abreu e Lima para agradar Chavez, as obras políticas no
Maranhão e Ceará, a empresa Sete Brasil.
Diante de tudo o que aconteceu, o acordo foi vantajoso
para a Petrobras, salienta Adriano Pires. Outro especialista no setor, David
Zilberstein,ex-presidente da Agência Nacional de Petróleo, concorda que o
acordo foi benéfico para a empresa.
Embora seja um montante entre os mais elevados, a indenização a ser paga
pela Petrobras na "class action" não é diferente dos acordos feitos
como empresas como American Online (AOL) ou a Tyco.
David |Zilberstein lembra que para uma empresa do porte da
Petrobras, o montante pode ser compensado com a valorização das ações, pois o
principal é que os investidores internacionais vão se acalmar.“Simbolicamente é
muito ruim, uma ação coletiva é imprevisível, machuca muito a empresa”,ressalta
Zilberstein.
A empresa já estava se preparando para esse tipo de
problema e reforçou seu caixa nos últimos anos, e poderá tirar de seu balanço
essa provisão, o que será benéfico, lembra David Zilberstein. Ao aceitar fazer
o acordo, a Petrobras continua fazendo uma limpeza em seus números,
reorganizando-se depois da calamidade que viveu nos anos Lula e Dilma.
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