O fato é que não houve mobilização popular em favor de
Lula
No dia mais importante da história recente do Brasil, os
aloprados perderam e o bom senso, o respeito às leis e às instituições
prevaleceu. Por alguns momentos desde a emissão da ordem de prisão contra Lula,
temeu-se o pior. Os conhecidos revoltados do PT e dos partidos e dos movimentos
que circulam o PT como satélites cerraram os punhos e sustentaram que Lula não
sairia da sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC para a cadeia.
O líder do MTST Guilherme Boulos conclamou sua turma a
resistir “em trincheira" contra a prisão de Lula. A amigos escreveu, na
noite de quinta-feira, que havia um pacto para que Lula não se entregasse, e
pediu que a militância ocupasse pelo menos 30 quarteirões em torno do
sindicato. Gilberto Carvalho pediu que a militância fizesse uma barreira humana
para impedir a entrada da polícia. Desenhava-se uma tragédia.
O aloprado pai, João Pedro Stédile, do MST, chamou seus
liderados para ocuparem as praças e as ruas de São Bernardo do Campo. “Vamos
nos insurgir", bradou o líder. Não colou. As praças ficaram vazias e só
mesmo as ruas ao redor do sindicato se encheram. Não aconteceu o “mar de
gente" sonhado por outro ativista do caos, o senador petista Lindbergh
Farias. Aparentemente, não houve tempo para Stédile arrumar ônibus e quentinhas
e juntar o seu “exército”.
O fato é que não houve mobilização popular em favor de
Lula. Talvez por isso tenha prevalecido o bom senso. Os discursos da inflamada
presidente do PT, senadora Gleisi Hoffman, também não funcionaram. Desde a
sentença de Moro, antes mesmo da sua confirmação no TRF-4, Gleisi falava de uma
insurreição nacional. Imaginava que as ruas das cidades seriam tomadas por
multidões em favor de Lula. Chegou a dizer que, para prender Lula, “vai ter que
matar gente".
Ninguém matou, ninguém morreu.
Os advogados recomendaram fortemente a rendição de Lula.
Argumentaram que uma desobediência à Justiça atrapalharia muito as próximas
etapas do processo. Eles acreditam que, antes do final do ano, e, se derem
sorte, bem antes mesmo da eleição de outubro, conseguirão colocar o
ex-presidente em prisão domiciliar.
O próprio Lula, pragmático como é, preferiu seguir o bom
senso. Apesar de ser incendiário no discurso, porque fala para uma plateia que
espera isso dele, Lula sabia que o que estava em jogo ontem era, antes de tudo,
a sua pele. Qualquer movimento errado poderia ter impacto negativo em sua vida
pessoal. Na sua vida no cárcere, na duração da sua prisão, no seu futuro. Até a
perda da cela especial guardada para ele na sede da PF em Curitiba entrou no
seu raciocínio.
Também era difícil medir os resultados políticos que
resultariam de uma resistência. Seus efeitos poderiam inclusive ser ruins para
o PT. Por isso também os aloprados perderam. Enquanto a militância ouvia
discursos enfáticos na frente do sindicato, lá dentro Lula e seus advogados
negociavam com a Polícia Federal a forma em que se daria sua rendição. Lula
será preso a qualquer momento, talvez depois da missa em homenagem a dona
Marisa Letícia, que será realizada neste sábado no próprio sindicato. O acordo
não ofendeu a Justiça, que foi sábia e deu a Lula a tranquilidade e o tempo que
ele precisava para se entregar.
Foi isso mesmo.
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