- Psicólogo e Headhunter
rubem@rsatalentos.com.br
Nestes quase 30 anos como headhunter, identifiquei
milhares de profissionais para centenas de empresas. Foram de presidentes a
gestores de alto nível, todos avaliados via uma metodologia própria, visando
casar o interesse de clientes com os mais preparados perfis profissionais. Sei,
portanto, o que as empresas exigem de candidatos, como sólida formação
acadêmica, idiomas, experiências anteriores relevantes e mais.
Por dedução, sei que pessoas que compõem governanças numa
Odebrecht ou JBS, não chegaram lá sem as credenciais técnicas exigidas. Se
algum dos candidatos a diretor administrativo, por exemplo, fosse reconhecido
por estar relacionado a algum caso ilícito, durante a seleção seria descartado
naturalmente.
Marcelo Odebrecht é herdeiro, mas também é engenheiro com
pós na Inglaterra, onde se especializou na construção de plataformas de
petróleo. Somente na Odebrecht, o total de pessoas que fizeram acordo de
delação premiada chega a 77, a maioria diretores e altas gerências. Apesar das
duras avaliações técnicas pelo que passaram, o que fez com que fossem parar ou
nas páginas policiais, ou mesmo na cadeia?
A mais comum alegação é a de que, no dia-a-dia, as regras
brutais do mundo dos negócios corroeram valores morais e éticos das pessoas.
Outra desculpa por ter sido pego em tramas ilícitas é a de que “era isto, ou
perdia o emprego”. Enfaticamente, não compro nenhuma das teses. Valores éticos
são fundamentais, tanto para exercer posições na área pública quanto na
iniciativa privada.
A despeito de sofisticadas exigências por formação
técnica de excelência, de onde saíram tantos corruptores e corrompidos? Por que
hoje temos a impressão de que estão por todos os lados, tanto na área pública
quanto no setor privado?
É preciso que tratemos do futuro, que começa em cada um
de nós, todos os dias, dizendo não à corrupção. Mesmo correndo risco de perder
o emprego, é fundamental que olhemos nos olhos de nossos filhos e possamos
ensiná-los que, no jogo bruto da vida, a ética é o item mais importante de
nossa formação.
Pena é que poucos leem uma preciosidade que é este texto.
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