"Uma chance para consertar o estrago
O PT governou o país por quase 14 anos e deixou uma
“herança maldita” que persiste mesmo dois anos e meio após o impeachment de
Dilma Rousseff"
"O Brasil vai às urnas neste domingo para escolher o
próximo presidente da República e tem, mais uma vez, a oportunidade de dizer um
inequívoco “não” ao grupo político que governou o país por quase 14 anos,
deixando uma “herança maldita” que persiste mesmo dois anos e meio após o
impeachment de Dilma Rousseff, e que ainda deve levar alguns bons anos até ser
definitivamente expurgada da vida nacional.
A expressão “herança maldita” foi uma introdução do
ex-presidente e atual presidiário Lula, para se referir ao Brasil que lhe tinha
sido legado por Fernando Henrique Cardoso. Mas ela é perfeita para descrever o
que o PT nos deixou, porque o estrago atingiu dimensões superlativas. Não se
trata apenas dos maiores escândalos de corrupção da história do país, nem da
maior crise econômica de que se tem notícia. O lulopetismo promoveu uma
degradação moral completa, relativizando crimes, negando a dignidade humana,
estimulando rivalidades, promovendo mentiras, subvertendo a democracia.
A própria ideia lulista de “herança maldita” propagada
por Lula já era uma mentira, pois FHC, ao passar a faixa presidencial, entregou
ao petista um país economicamente estabilizado, apesar de alguns solavancos
durante os oito anos de governo tucano. Lula manteve o tripé macroeconômico de
FHC e teve, a seu favor, a boa conjuntura internacional e a forte demanda
estrangeira por commodities, o que não tinha ocorrido antes. O resultado foi a
melhora em vários indicadores sociais – uma evolução que acabou quase toda
anulada pela crise, fruto da “nova matriz econômica” iniciada no fim do segundo
mandato de Lula e mantida durante todo o governo Dilma. A expansão
irresponsável do crédito funcionou no curto prazo, camuflando por algum tempo
as consequências desastrosas de uma política expansionista. Mas, no médio
prazo, os juros reduzidos na marra, a tolerância com a inflação, as canetadas
intervencionistas no setor elétrico e a contenção artificial de preços
administrados, especialmente os dos combustíveis, levaram à recessão e ao desemprego
que ainda hoje lutamos para superar. O petismo quer que o Brasil tenha memória
seletiva: que recorde os “bons tempos” e esqueça que a crise e a recessão
também foram obra de Lula e Dilma.
A oportunidade de negar ao petismo a possibilidade de
voltar à Presidência não pode ser desperdiçada
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Como prova de que todos os aspectos do desastre petista
estão interligados, foi justamente a bonança do início do governo Lula que
permitiu ao PT trabalhar nas sombras para consolidar seu projeto de poder.
Enquanto todos só tinham olhos para os bons indicadores, o partido deu início
ao aparelhamento amplo, geral e irrestrito de todas as instituições de governo,
para que elas passassem a servir não ao povo, mas ao partido; e culminou com a
montagem do primeiro grande escândalo de corrupção da passagem do PT pelo
Planalto, o mensalão. E aqui temos um exemplo da decadência moral petista: pego
com a boca na botija, o partido bateu todos os recordes de indecência na forma
como tratou os protagonistas do escândalo. O PT respondeu não com repúdio ou
expulsão das fileiras partidárias, mas com atos de desagravo em que todos eram
aclamados como “guerreiros do povo brasileiro”. Enquanto isso, o líder máximo
dizia que não sabia de nada, depois alegou que tinha sido traído pelos seus
assessores mais próximos, e terminou simplesmente negando o esquema. Lula
escapou do mensalão, mas não teve a mesma sorte com a Lava Jato, e hoje cumpre
pena em Curitiba por corrupção e lavagem de dinheiro, enquanto o petismo em
massa proclama sua inocência.
O mensalão e o petrolão foram a demonstração do desprezo
que o PT nutria pela independência entre poderes, com sua pretensão de comprar
o Poder Legislativo. Quando os mensaleiros foram a julgamento, o Supremo
Tribunal Federal foi tratado como “tribunal de exceção”, como se estivéssemos
em uma ditadura; e, quando chegou a vez do chefão, o petismo armou um circo que
poderia ter terminado em derramamento de sangue (da militância, nunca dos
líderes) para resistir à ordem de prisão expedida pela Justiça. Tudo isso
porque, na moral petista, não é o partido que se submete às instituições e às
leis, mas estas que devem servir o partido – é assim que funciona na Venezuela
ditatorial bolivariana, que o petismo sempre apoiou incondicionalmente.
Com o partido nas cordas, Lula e os demais líderes
petistas reagiram com o discurso de que o PT era perseguido pela elite porque
havia ajudado o povo. Os ricos não suportavam ver os pobres viajando de avião,
os brancos não queriam que os negros tomassem seu lugar nas universidades,
dizia Lula. Tudo para jogar ricos contra pobres, negros contra brancos, homens
contra mulheres, homossexuais contra heterossexuais, esgarçando o tecido social
brasileiro, estimulando ressentimentos e colocando a máquina do governo em ação
para negar e combater praticamente todos os valores caros à maioria da
população brasileira: o petismo desprezou a dignidade humana ao promover o
aborto, inverteu valores ao desculpar bandidos como “vítimas da sociedade”,
usou as políticas identitárias para promover a ideologia de gênero apesar da
rejeição maciça da sociedade, quis tratar como criminosos aqueles que têm
opinião crítica ao comportamento homossexual, transformou salas de aula em
centros de doutrinação político-partidária.
Por tudo isso a oportunidade de negar ao petismo a
possibilidade de voltar à Presidência da República não pode ser desperdiçada. O
Brasil tem espaço para uma esquerda democrática, economicamente responsável,
eticamente correta e comprometida com o respeito à dignidade humana, mas o petismo
está muito longe dessa descrição, por tudo o que fez e continua fazendo, mesmo
estando longe do Planalto há dois anos e meio. O país ainda sente as
consequências da crise e do desemprego, as estruturas de governo continuam
repletas de militantes para quem o importante é trabalhar pela volta do PT, o
partido continua negando os crimes de seus corruptos, os valores do brasileiro
continuam a ser cotidianamente desrespeitados na educação e na cultura.
Consertar todo esse estrago será um trabalho longuíssimo, que exige uma
profunda mudança cultural e uma limpeza nas estruturas de poder. O 28 de
outubro não será o ponto culminante desse processo, mas o seu início – se assim
o eleitor o desejar, e esta é nossa esperança."