De todas as bizarrices dessa votação no Senado, nada se
igualou à malandragem de Kátia Abreu. Ex-ministra da Agricultura, sua atitude
envergonhou a nação. E chocou, em particular, os agricultores.
A senadora por Tocantins, num acesso de fúria,
simplesmente “roubou” uma pasta com documentos da Mesa do Senado,
protagonizando aquela cena patética que viralizou na internet. Um chilique
imortalizado na política nacional
Farisaicamente, no dia seguinte entregou um buquê de
flores para seu desafeto, o senador Davi Alcolumbre. Pensava ela, talvez, que
sua esperteza pudesse render apoios a Renan Calheiros, seu protegido. Deu tudo
errado. Felizmente.
Eu conheci Kátia Abreu na Câmara dos Deputados, em 2000,
quando ela assumiu pela primeira vez seu mandato. Presidente, então, da
Federação da Agricultura de Tocantins, chegou no Congresso com fama de
guerreira do agro.
Logo assumiu posição de liderança na bancada ruralista.
Anti-petista roxa, estridente, destacava-se na briga contra os invasores de
terras, em defesa da produção rural. Cresceu, e se elegeu senadora em 2006.
Ficamos orgulhosos.
Quase virou candidata a vice-presidente, pelo DEM, na
chapa de José Serra em 2010. Daí em diante, começou sua metamorfose política.
Passou a namorar o PT e se engraçou com Dilma Rousseff. Em 2015, filiada ao
PMDB, assumiu o Ministério da Agricultura.
Ninguém do agro entendeu, ao certo, sua mudança de
posição. De defensora, passou a ser considerada traidora da agricultura. Uma
decepção.
Quando começou a fazer água o governo de Dilma,
seguindo-se o impeachment, aí sim, ela, reeleita senadora apoiada pelo PT, se
revelou por inteiro. Acobertou a sujeira da corrupção.
Assim como se projetou, Kátia Abreu se esborrachou.
Perdeu o apoio das lideranças rurais, perdeu a sustentação da quadrilha
vermelha, perdeu sua moral. Restou sua vigarice, demonstrada nesse episódio da
eleição no Senado.
Líderes assim, velhacos, toscos, servem somente para
atrapalhar a imagem do agro nacional. Como se não bastassem os problemas reais,
as dificuldades de interlocução com a sociedade, o preconceito trazido desde
Jeca Tatu, ainda aparecem esses falsos líderes que, no fundo, cultivam apenas
seu narcisismo. Mancham o mundo rural.
A senadora Kátia Abreu envergonha a moderna produção
rural brasileira. Menos por seus chiliques, que são horríveis, e mais por sua
falta de coerência, que beira a desonestidade.
Eleito o senador Davi Alcolumbre para presidir o Senado,
resta a Kátia Abreu recolher-se humildemente à sua insignificância. Sei não.
Como qualquer trânsfuga do poder, logo ela detectará uma
oportunidade e preparará sua nova jogada de esperteza. Provavelmente ao lado de
Renan Calheiros.
Cuidado, Jair Bolsonaro. Os loucos da política nunca se
abatem.
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