Artigo, Alon Feuerwerker - Fazer o simples. O arroz com feijão do governo Bolsonaro no curto prazo. E o da oposição.


Se você fosse chamado a opinar sobre os passos mais óbvios do governo e da oposição no curto prazo diria o quê? Eu diria que o governo:

1) Não pode se dar ao luxo de aparecer como derrotado na disputa das presidências da Câmara e do Senado. O presidente tem potencial maioria em cada uma das casas. Se a coisa desandar, antes de ser trágico será ridículo. O custo político de passar reformas vai subir exponencialmente. E será só o começo.

2) No que estiver ao alcance dele, o presidente precisa cuidar de se recuperar da nova cirurgia. A montagem do governo reuniu gente muito sedenta de protagonismo. Se com o presidente na ativa já se nota propensão centrífuga, sem ele por muito tempo seria forte o estímulo para exacerbar a confusão.

3) O governo precisa apresentar uma reforma da previdência que atenda o mercado e tenha viabilidade política. É possível no começo do governo aprovar alguma reforma da previdência crível ao mercado, mesmo sem distribuir cargos pelos partidos ou liberar verbas orçamentárias para as bases dos parlamentares. Lula fez isso em 2003.

4) Precisa mostrar alguma coordenação na comunicação. A comunicação oficial tem sido boa para manter a base social coesa e mobilizada, mas é também uma usina de pautas negativas. Não chega a ser problema maior no curto prazo, mas sempre cobra uma conta depois de certo tempo. Assim como no boxe, apanhar o tempo todo costuma ter consequências.

5) Precisa minimizar o ruído internacional. O governo brasileiro fala duro e parece subestimar o trabalho de explicar ao mundo por que sua política seria boa para o mundo. Segue a linha Trump. Vladimir Putin adotou a política do “big stick”. Xi Jinping apresenta os interesses da China como se fossem os do universo.

Já a oposição:

1) Não pode se deixar esmagar na composição das mesas da Câmara e do Senado. A repetição de 2015, que deu Eduardo Cunha e a exclusão do PT da mesa da Câmara, será um desastre. Também desastroso será a esquerda dar a impressão de estar associada ao bolsonarismo. O melhor para a oposição seriam composições institucionais nas duas casas.

2) Não pode se dispersar e perder a identidade na disputa das mesas do Congresso. Uma sucessão institucional permitiria à esquerda participar das mesas sem aparentar linha auxiliar do governo. Isso talvez não interesse ao governo. Mas os principais candidatos na Câmara e no Senado podem ter interesse nessa saída. Aliás, se o governo raciocinar talvez conclua que é bom para ele também.

3) Precisa ter proposta ou propostas alternativas para a reforma da previdência, com foco em setores privilegiados do Estado. A esquerda tem governadores desesperados por uma reforma da previdência que ajude a evitar a falência de seus estados. O governo vai explorar isso, então é preciso entrar no debate com alternativas.

4) Precisa elaborar crítica consistente e propor ações que se oponham à política externa e à política educacional do governo. Até agora a crítica a essas duas políticas resume-se ao “nossa, que absurdo”. Na educação, é preciso mostrar os caminhos para o ensino, especialmente o fundamental, melhorar muito e rapidamente.

5) Precisa de ideias sobre como enfrentar a crise da segurança pública. A atual doutrina de enfrentamento do crime desmoralizou-se porque não está funcionando. O governo elegeu-se também por ter ideias para resolver o problema. Quais são as ideias da oposição, além de continuar aplicando o que não está funcionando?

É como no futebol. Na dúvida, uma saída é tentar fazer o simples.

E você, acha o quê?

A nobre arte da interpretação de textos.


Retornando à ministra Damaris que disse, metaforicamente que “meninas vestem rosa e meninos vestem azul”, fato que criou uma gigantesca polêmica em todas as mídias, fiz uma pesquisa no livro mais antigo que conheço, a bíblia, e em Genesis 1:27 encontrei a seguinte sentença:
“Deus, portanto, criou os seres humanos à sua imagem, à imagem de Deus os criou: macho e fêmea os criou.”
Será que o escritor do livro, supostamente Moisés, esqueceu de citar as inúmeras outras categorias de seres humanos da família dos LGBTs?
Uma antiga tradição quase universal foi, e continua sendo em alguns lugares, quando nasce um ser humano aparentemente feminino, presentear os amigos com bombons, e, quando aparentemente masculino, com charutos? Talvez este costume tenha sido apenas uma simplificação dos antigos, pois hoje não consigo imaginar quantos tipos diferentes de presentes teriam que ser criados em função da expectativa dos pais neste momento de tão grande alegria. Até que seria interessante ver os pais do nascituro presenteando os amigos com uma melancia porque esperam que no futuro aquela pequena criatura se consolide com transexual.
Se formos fazer uma busca das origens, não bíblicas, mas genéticas, veremos que até a 7ª semana de gestação os embriões são iguais sexualmente, ou seja, são femininos. Todos nós um dia fomos mulheres biologicamente o que me leva a uma terrível constatação: “as mulheres abortam, predominantemente, menininhas”.
A grande mídia tem demonstrado uma imensa dificuldade em interpretar sentenças não conseguindo distinguir realidade de metáfora, de ironia ou de brincadeira.
Ao ouvir da ministra que “agora meninas vestem rosa e meninos vestem azul” entenderam literalmente que o governo vai baixar um decreto obrigando as crianças a usarem estas cores conforme sua “aparência” sexual. Esta foi uma grande preocupação demonstrada por toda a equipe da Globo News durante a entrevista da ministra Damaris.
Um dos entrevistadores me chamou especialmente atenção pelo desconforto em seus questionamentos à ministra, o Merval Pereira, que parecia estar constrangido em ter que fazer perguntas tão ridículas ou estava simplesmente demonstrando que Bolsonaro tinha razão quando disse, também em entrevista à Globo News, que achava ele “meio jeitoso”.
Será que os entrevistadores se lembraram dos bilhões de chineses vestindo o mesmo uniforme nos tempos de Mao Tse Tung? Acho que não, pois esta lembrança os teria deixado felizes e descontraídos e não tão apreensivos.
A grande mídia já havia ido à loucura quando Bolsonaro disse, jocosamente, que iria ligar Minas Gerais ao oceano Atlântico. Entenderam que Bolsonaro estivesse fazendo uma promessa de abrir um canal através do Espírito Santo para que os mineiros pudessem ter sua própria praia de mar ou, quem sabe, fazer um imenso tobogã através do território capixaba. Até que seria maravilhoso.
Acho que as faculdades de jornalismo deveriam se preocupar em exercitar seus alunos na nobre arte da interpretação de textos, ou será que, na verdade, o que está ocorrendo é uma onda de espiritualização dos apresentadores principalmente da Rede Globo, que, a exemplo da mãe de santo Miriam Leitão, só dizem aquilo que os “caboclos” que os pagam os obrigam a dizer?

O autor é CEO da FJacques - Gestão através de Ideias Atratoras, Porto Alegre,
www.fjacques.com.br -  fabio@fjacques.com.br