Por vezes posso parecer repetitivo ou óbvio quando
insisto que a amplitude e a velocidade de crescimento sustentável das economias
dependerão sempre do seu nível de investimentos. A denominada formação bruta de
capital fixo (FBCF) representa tudo o que é investido e sua relação face ao PIB
é um importante indicador chamado de taxa de investimento. Essa taxa deve ter
fechado 2019 em torno de 15,5%, podendo representar a menor verificada desde o
final dos anos 1960.
No período recente, apenas entre os anos de 2010 até o
início de 2014, a taxa de investimento esteve acima de 20%, que seria um valor
mínimo, porém ainda insuficiente e agravado durante o período recessivo. Os
desajustes do gasto público, com o avanço do Estado sobre o PIB e a crescente
carga tributária, sacrificaram a sociedade ao canalizar recursos para a expansão
das despesas de custeio e reduziram os investimentos públicos, hoje abaixo de
2% do PIB.
O atual governo federal parece vir surfando em um gradual
entendimento pela sociedade dos danos causados pelo agigantamento insustentável
do setor público, que não investiu e ainda atrapalhou.
O programa de reformas em andamento visa reestruturar a
economia nacional, estando alicerçado em quatro grandes eixos: da Previdência
(realizada), administrativa, tributária e da infraestrutura.
Iniciativa importante, criada ainda no governo Temer, o
Programa de Parcerias de Investimento (PPI) visa organizar um conjunto de
oportunidades de investimentos (todos privados) que somam R$ 1,4 trilhão.
Abrangendo investimentos em todas as áreas, em especial em infraestrutura, tem
potencial de reestruturar nossa matriz produtiva. Já estão concluídos 172
projetos, sendo que 74 contaram com empresas estrangeiras, o que é fundamental,
pois necessitaremos de vultosos recursos externos para a viabilização do PPI.
Complementarmente, o programa de privatizações vai retirar o Estado daqueles
setores que não são seu papel ou vocação.
A implementação das reformas estruturais em curso é que
tornará o país mais atraente e seguro para os investidores, viabilizando a
vinda de empresas estrangeiras com capacidade de aportar recursos e gestão.
Recentemente foi divulgado o relatório Doing Business
2020 realizado pelo World Bank Group que compara as condições para as empresas
operarem, analisando 190 países. O Brasil ficou na 124ª colocação, o que dá bem
o tamanho do desafio que temos pela frente.
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